SJDH anuncia investimento de R$ 200 mil em “projeto-piloto” para análise de homicídios em Camaçari
Por Maurício Leiro / Eduarda Pinto
O governo da Bahia vai iniciar um projeto de pesquisa voltado para a análise de casos de homicídio na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Intitulado “Redes criminais e homicídios em Camaçari: Mapeamento e análise à repressão qualificada”, o projeto é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e a organização da sociedade civil (OCS) Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas, que atua em prol da justiça social e reforma da política de combate às drogas no estado.
Tendo a cidade de Camaçari como palco do estudo, o objetivo da “iniciativa-piloto” é “compreender a dinâmica dos homicídios no Município, cartografar as redes sociais dos grupos criminais armados atuantes, analisar a efetividade das práticas repressivas adotadas e desenvolver metodologias qualificadas para o esclarecimento de homicídios e o desmantelamento das organizações criminosas”, diz o termo de fomento, firmado entre as partes na última sexta-feira (24), conforme o Diário Oficial do Estado.
Para o projeto serão investidos R$ 200 mil, provenientes de recursos de emenda parlamentar. Ao Bahia Notícias, o secretário estadual Felipe Freitas, titular da SJDH destacou que “a ideia é colaborarmos com a análise sobre a situação dos homicídios”.
“A gente quer entender como é que têm acontecido os casos de violência no município com dois objetivos: por um lado, a gente quer colaborar com a maior elucidação dos homicídios, dos fatos criminais acontecidos no município; e, por outro, a gente quer também colaborar com as polícias, com as forças de segurança, com o sistema de Justiça, para medidas de enfrentamento a esse problema, planejando melhor o policiamento, distribuindo melhor os efetivos em função das ocorrências criminais. É um investimento na inteligência”, detalha o gestor.
A escolha do município para o projeto-piloto é reforçada pelos números. “E está sendo realizado em Camaçari por conta da implementação do [Programa] Bahia pela Paz (BPP), que é o nosso projeto de prevenção a violência que está sendo implantado no município, que terá lá a implantação de dois coletivos que vão funcionar na cidade e que vão, assim, contribuir com a prevenção à violência, fazendo busca ativa de jovens e atuando no apoio às estruturas de segurança pública para promover a prevenção [a crimes violentos]”, explica Freitas.
Conforme o levantamento do Anuário de Segurança Pública de 2025, Camaçari é a 4ª cidade mais violenta do país, com 239 mortes habitantes violentas intencionais (MVI) em 2024. O município da RMS também é o quarto mais populoso do estado, com população estimada em 334.195 habitantes, conforme o Censo de 2023. Quando comparados com o número de habitantes, os homicídios registrados provocam uma a taxa de 74,8 mortes violentas a cada 100 mil habitantes na “Cidade Industrial” da Bahia.
O projeto conta ainda com a parceria do Ministério Público estadual (MP-BA), do Instituto Fogo Cruzado e da Universidade Federal Fluminense (UFF), através do Grupo de Estudo dos Novos Ilegalismos (GENI-UFF), para a produção de resultados e diagnósticos com base nos dados da pesquisa. Com o firmamento da parceria, o secretário de Justiça da Bahia, afirma ainda que a previsão é de início imediato dos trabalhos.
“A previsão é de início imediato dos trabalhos para a gente, já no período de seis meses, ter os resultados preliminares da atuação desse projeto e poder apresentar à sociedade o que a gente conseguiu analisar da realidade e também quais são as sugestões e recomendações para os órgãos do sistema de justiça, para a segurança pública, no campo do enfrentamento aos homicídios, que é um problema de todo o Brasil, que também nos aflige a todos aqui na Bahia”, destaca o jurista.
Para Felipe Freitas, o mapeamento “é parte de um esforço do governo de investimento em modernização e segurança pública, tanto na área de inteligência quanto na área de investigação, e dessa vez contando com essa importante parceria de organizações da sociedade civil que não só têm denunciado os problemas, mas também têm colaborado para encontrar soluções e achar caminhos para que a gente enfrente os problemas”.
