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Projeto com cooperação da França pode trazer anestesia peridural às maternidades baianas a partir de março de 2026
Por Victor Hernandes
Uma cooperação entre a Bahia e a França pode ampliar e trazer já no próximo ano um novo procedimento de concepção para unidades de saúde estaduais. Trata-se da anestesia peridural em procedimentos de parto “normal”. Após o Bahia Notícias antecipar com exclusividade a seleta lista de hospitais públicos baianos elegíveis para contemplação, foi divulgado também a data que a ferramenta pode ser implantada no estado.
Em entrevista à reportagem, nesta sexta-feira (19), o subsecretário de Saúde, Paulo Barbosa, revelou que o projeto de cooperação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a França, voltado à redução das cesarianas, pode ser consolidado no estado, em março do próximo ano.
“O que a gente pretende é que com a oferta da analgesia, a ampliação da analgesia no parto, a gente consiga reduzir a taxa de cesarianas e com isso também reduzir mortalidade, tanto materna como neonatal. É claro que a gente tem alguns desafios, nós temos ainda algumas dificuldades em relação ao número de anestesistas disponíveis nos serviços, mas a gente tem conseguido avançar e eu acho que é um passo muito significativo.O que a gente está buscando agora é esse diálogo entre a Bahia e a França Então, nós estamos trabalhando em cima de uma cooperação técnica, isso sob o formato de um instrumento legal. E a nossa expectativa é que, já a partir de março, a gente já possa estar em um nível de cooperação mais consolidado de troca de experiência entre os serviços da França e os nossos serviços”, contou Barbosa ao BN durante visita à Maternidade Maria da Conceição de Jesus.
Paulo comentou sobre a possibilidade de contratação de mais profissionais da área com a ampliação e extensão do projeto. “Muitas vezes nós temos postos e esses postos não são preenchidos, principalmente os anestesiologistas. Mas a gente tem avançado bastante, isso melhorou em relação a cenários anteriores e estamos investindo fortemente na ampliação da formação também de especialistas. Estamos ampliando as residências, as vagas e também os programas de residência anestesiologia em outras áreas estratégicas”, observou.
“É um caminho que a gente precisa fazer e temos certeza da nossa capacidade de avançar muito em relação a essa pauta da analgesia no parto natural como uma oferta. É claro que a mulher tem um livre arbítrio de escolher", pontuou.
FUNCIONALIDADE DO PROJETO
Já utilizado no Rio de Janeiro e em Fortaleza, como exemplos de atuação, onde os procedimentos foram incorporados na rede de saúde pública, o uso da anestesia peridural em maternidades baianas, deve ocorrer seguindo alguns padrões. Ao BN, a pesquisadora da Fiocruz, Maria do Carmo Leal detalhou como a cooperação deve funcionar nos equipamentos da Bahia.
Segundo ela, o projeto visa disponibilizar mais materiais para analgesia de parto nas maternidades, com apoio das secretarias de saúde. A iniciativa deve contar com mobilização das equipes hospitalares (anestesistas, obstetras e enfermeiras) e terá coleta de dados detalhados sobre partos com e sem analgesia para monitorar resultados e análise dos dois grupos.
“Os hospitais iniciam o processo de ampliar a presença de materiais para fazer a analgesia de parto. No momento, não tem sido feito com bombas ainda. Tem sido feito com agulhas como normalmente se faz a analgesia peridural. Então tem que haver uma disponibilização maior de material, pois as maternidades não faziam isso de rotina e as secretarias fazem essa disponibilização. Há uma mobilização da equipe hospitalar para que os anestesistas, os obstetras e as enfermeiras obstétricas entrem no programa, aderindo, colaborando, fazendo ele acontecer, porque se a gente não mobilizar a equipe, não vai acontecer nada”, explicou.
“Outro momento é a gente coletar informações dessa maternidade para todas as mulheres, as que tem analgesia e as que não tem. Coletamos uma ficha de informações onde temos ali anotadas as características da mulher, como foi que ela chegou, se ela era de risco, se ela não era de risco. Anotamos também ali naquela ficha se ela entrou em trabalho de parto, quanto tempo demorou, se ela recebeu analgesia ou não. Essas informações e detalhes. Essas informações servirão para acompanharmos o que aconteceu e comparar o grupo de analgesia com o grupo sem analgesia e ver os resultados que alcançamos.”
A coordenadora do projeto indicou ainda que cidades e hospitais do interior baiano serão contemplados. “Nós já começamos e estamos em trânsito com isso. Mas o sucesso da cooperação tem sido muito grande e ela está agora se ampliando. Vamos ampliar os hospitais do Rio de Janeiro, de Fortaleza e iniciar essa cooperação aqui com a Bahia. Vão entrar hospitais do interior, o que dá outra dimensão para o projeto e outra abrangência”, apontou.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou a realização de um Dia D de Proteção contra a Gripe em Salvador, neste sábado (20), com ações de vacinação em shoppings centers da capital. Segundo a SMS, com a chegada do verão e o aumento expressivo da circulação de pessoas na cidade, impulsionado pelas festas de fim de ano e pelo intenso fluxo de turistas de diferentes regiões do Brasil e do mundo, é necessário ampliar o acesso à vacinação, proteger a população e reduzir a circulação de vírus respiratórios.
Além da vacina contra a Influenza, a SMS também disponibilizará a vacina contra a Covid-19 para os grupos prioritários, ampliando a proteção da população neste período de maior circulação de pessoas. A estratégia busca reforçar a imunização daqueles que apresentam maior risco para o desenvolvimento de formas graves da doença, oferecendo uma proteção adicional em um momento estratégico do ano.
De acordo com o secretário municipal da Saúde, Rodrigo Alves, as ações fazem parte de um trabalho contínuo de vigilância e cuidado com a população. “Esse é um período em que Salvador vive uma dinâmica diferente, com grande circulação de pessoas, eventos, turismo e atividades ao ar livre. Nosso papel é nos anteciparmos, garantindo proteção à população e fortalecendo as medidas preventivas. A vacinação é uma estratégia segura, eficaz e fundamental nesse contexto”, destaca o secretário.
A escolha dos shoppings centers como locais da ação segue uma estratégia de saúde pública baseada em janela de oportunidade: durante o período de compras natalinas, esses espaços concentram um grande fluxo de pessoas de diferentes faixas etárias e regiões da cidade, o que permite facilitar o acesso à vacinação para quem, muitas vezes, tem dificuldade de comparecer às unidades de saúde em dias úteis. A proposta é levar o cuidado até onde as pessoas já estão, aproveitando a circulação intensa para ampliar a cobertura vacinal de forma prática e segura.
MONITORAMENTO
Até o momento, não há registros de casos suspeitos ou confirmados do subclado K da Influenza A (H3N2), variante identificada em outros estados do país, nas unidades de saúde de Salvador, conforme dados monitorados pela Coordenadoria de Imunizações da SMS. Também não há registros de atendimentos ambulatoriais ou internações relacionadas.
Embora se trate de uma nova variante do vírus Influenza A (H3N2), ainda não existe vacina específica para esse subclado. No entanto, a SMS reforça a recomendação para que pessoas que ainda não se vacinaram contra a Influenza em 2025 procurem uma das 162 salas de vacinação da rede municipal para atualizar o esquema vacinal.
Os protocolos de vigilância e assistência estão continuamente sendo avaliados e adequados, garantindo que Salvador esteja preparada para qualquer eventualidade, sempre com foco na prevenção e na segurança da população. Os locais serão divulgados no Instagram da SMS: @smssalvador.
Hemoba realiza campanha de Natal para reforçar estoque de sangue na Bahia; saiba como doar
Por Redação
Para reforçar o estoque de sangue durante o período de final de ano, a Hemoba lança a campanha “Neste Natal, faça o bem circular. Doe sangue!”, com o objetivo de conscientizar e mobilizar os doadores a participarem do ciclo da solidariedade que ajuda a salvar vidas.
Em dezembro, por causa dos feriados, festas natalinas, férias escolares e viagens, há uma queda no número de doadores e, consequentemente, uma diminuição na capacidade de atender à demanda das unidades hospitalares na capital e no interior do estado.
Além disso, o fluxo nas estradas e o risco de acidentes de trânsito aumentam neste período, elevando a necessidade de transfusões sanguíneas. No momento, a Hemoba está com quase todos os tipos sanguíneos em estoque crítico (níveis inferiores a três dias de atendimento), com exceção dos tipos B positivo e AB positivo e negativo.
“Historicamente, o período de final de ano é um dos mais desafiadores para a manutenção dos estoques de sangue, em razão da redução no número de doadores, mas também somos convidados a refletir sobre solidariedade, cuidado e amor ao próximo. Cada bolsa doada representa esperança para pacientes que lutam pela vida. É um presente que não se compra”, ressalta Rivânia Andrade, diretora de Hemoterapia da Hemoba.
ONDE DOAR
Em Salvador, a unidade móvel de coleta (Hemóvel) estará no Salvador Shopping, de 18 a 30 de dezembro, das 8h às 17h (com uma hora de intervalo para o almoço), exceto aos domingos e nos dias 24, 25 e 31 de dezembro e 1º de janeiro de 2026. O posto temporário no Shopping Bela Vista funciona durante o mês de dezembro, exceto nos dias 25 de dezembro e 1º de janeiro de 2026, das 9h às 18h (com uma hora de intervalo para o almoço). Nos dias 24 e 31 de dezembro, na capital baiana funcionarão apenas a sede da Hemoba, das 7h30 às 12h30, e o posto temporário, das 9h às 14h. No interior do estado, as unidades estarão fechadas apenas em 25 de dezembro e 1o janeiro de 2026, nos demais dias funcionarão no horário habitual.
O Hemocentro Coordenador funciona de segunda-feira a sexta-feira, das 7h30 às 18h30, e aos sábados, das 7h30 às 16h30; Hospital do Subúrbio, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h30; Hospital Ana Nery, de terça a sexta-feira, das 7h30 às 12h30; Hospital Roberto Santos, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h; Hospital Santo Antônio (OSID), de segunda a sexta-feira, das 7h10 às 11h30 e das 13h às 16h. Para informações sobre os horários de atendimento das 21 unidades de coleta no interior, consultar o site da Hemoba: https://www.ba.gov.br/hemoba/onde-doar.
CRITÉRIOS PARA DOAÇÃO
Para doar sangue, o candidato tem que estar em boas condições de saúde, pesar acima de 50 kg e ter idade entre 16 e 69 anos. Lembrando que menores de 18 anos devem ir acompanhados dos pais ou responsável legal, e idosos acima de 60 anos só podem doar se já tiverem doado anteriormente.
No dia da doação, o voluntário não pode estar em jejum, não ter ingerido bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação e não ter fumado por pelo menos duas horas antes do procedimento, além de ter dormido por no mínimo seis horas na noite anterior. Também é recomendável que evite alimentos gordurosos nas últimas 4 horas anteriores ao procedimento.
Justiça condena enfermeira que realizava procedimentos exclusivos da Medicina em Salvador
Por Redação
Uma ação Civil Pública identificou que uma enfermeira estava realizando procedimentos privativos do Ato Médico em Salvador. Após a apresentação da ação pelo Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), a profissional foi condenada pela Justiça. O anúncio foi feito pela entidade nesta quinta-feira (18).
Segundo o conselho, a enfermeira de inicias A.M.C, realizava consulta e exame preventivo, inserção e retirada de DIU, consulta de pré-natal, planejamento familiar e ultrassonografias. Ela ainda divulgava as ações em diferentes meios de comunicação.
De acordo com o Cremeb, a mulher ainda promovia ampla divulgação da suspensão desses atos e de informar expressamente tratar-se de profissional de enfermagem, retirando o título de “Doutora” de sua identificação profissional.
Em seu perfil em uma rede social, a enfermeira se apresenta como Dra. A.M. – Medicina e Saúde – Referência em Ginecologia e Obstetrícia. Para a juíza, tal publicidade levam a crer se tratar de uma médica ginecologista e obstetra.
“Outrossim, é de se notar que os procedimentos que oferece não estão elencados na Lei Nº 7.498/86, que estabelece no seu art. 11 as atividades privativas do enfermeiro: (…)”, destacou a magistrada na primeira liminar.
A juíza ainda reforçou na decisão que eventual assistência à gestante, parturiente e puérpera é autorizada somente ao profissional de enfermagem quando integrante da equipe de saúde, não sendo o casode uma “execução autônoma dos referidos serviços em uma clínica particular e própria, como se figura no caso em questão”.
Se a decisão não for cumprida, a enfermeira está sujeita a pagar R$ 1 mil por dia de descumprimento.
Consumo de Cannabis entre meninas triplica em 10 anos e chega a 7,9%, diz Unifesp
Por Luísa Monte | Folhapress
Uma pesquisa divulgada pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostra que o consumo de Cannabis aumentou na última década no país. O crescimento é especialmente expressivo entre meninas de 14 a 17 anos: o consumo entre elas triplicou.
O Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad 3) investigou o uso de substâncias psicoativas, com foco na Cannabis, que domina o mercado. A coleta foi realizada em 2023 com 16.608 participantes de 300 municípios, em seus domicílios, por meio de autopreenchimento sigiloso. Os dados foram comparados ao levantamento de 2012.
Neste ano, 6,3% da população acima de 14 anos havia consumido Cannabis ao menos uma vez. Em 2023, o índice subiu para 15,8%, o equivalente a 28 milhões de pessoas. Entre adolescentes, pela primeira vez, houve uma inversão entre gêneros: o consumo caiu entre meninos (de 7,3% em 2012 para 4,6% em 2023) e aumentou entre meninas (de 2,1% em 2012 para 7,9% em 2023).
A inversão é inédita na série histórica e não se repete com outras drogas, afirma Clarice Madruga, professora de psiquiatria da Unifesp e coordenadora do levantamento. Segundo ela, não há uma explicação definitiva, mas é possível que o fenômeno esteja ligado a mudanças nos hábitos de lazer dos meninos.
"O consumo de vape e a participação em jogos de aposta aumentaram significativamente entre eles. É possível que estejam migrando para práticas mais associadas ao perfil dessa geração", diz a psicóloga.
Marta Machado, secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, levanta a hipótese de haver uma redução da percepção de risco e uma mudança na atitude social em relação à Cannabis. "O fenômeno é observado globalmente e apontado em estudos e nos relatórios recentes do World Drug Report [Levantamento Global sobre Drogas]", diz.
Outro fator relevante são as mudanças no perfil de saúde mental de adolescentes, especialmente entre meninas, com aumento de sintomas de ansiedade e depressão, intensificados no período da pandemia de Covid-19, acrescenta Machado. Somamos a isso a maior exposição digital e à influência da internet, diz a secretária.
O THC, principal composto psicoativo da Cannabis, tem impacto maior no cérebro em desenvolvimento e aumenta o risco de problemas de saúde mental. Em adolescentes, a Cannabis pode ter efeito estimulante, desencadeando ansiedade, ataques de pânico, quadros psicóticos induzidos por drogas e esquizofrenia.
"O cérebro ainda está em crescimento, e a substância pode alterar sua formação, criando predisposições que antes não existiam", afirma a pesquisadora.
Cerca de 90% dos usuários de Cannabis no Brasil ainda consomem a substância em formatos fumados tradicionais, com o prensado permanecendo como a forma mais comum. Produtos alternativos começam a ganhar espaço, mas seguem minoritários: aproximadamente 10% dos usuários recorrem a comestíveis e cerca de 4% utilizam vaporizadores.
Cerca de 2 milhões de brasileiros preencheram os critérios para dependência de Cannabis, o equivalente a 1,2% da população de 2023 —proporção que se manteve estável em relação a 2012. Com o aumento do número absoluto de usuários, o estudo aponta uma diluição do risco: embora a taxa de dependência não tenha crescido, há mais pessoas vulneráveis ao transtorno.
A pesquisa destaca a emergência de canabinoides sintéticos ("drogas K"), referido por 5,4% dos usuários (11,6% entre usuários adolescentes). "A diversificação ilustra a crescente complexidade do mercado de drogas, com riscos adicionais relacionados à potência", diz a pesquisa.
O consumo de outras drogas ilícitas também subiu. A experimentação de substâncias sintéticas e psicodélicas aumentou na última década: o uso de ecstasy passou de 0,76% para 2,20%; o de alucinógenos, de 1,0% para 2,1%; e o de estimulantes sintéticos (ATS), de 2,7% para 4,6%.
O intervalo de dez anos entre uma edição e outra impõe limitações ao estudo e à análise das políticas de combate e redução de danos, diz Madruga. Ela defende maior regularidade em levantamentos epidemiológicos, acompanhados de estudos toxicológicos.
Apesar disso, os achados reforçam a necessidade de políticas de prevenção voltadas aos jovens, especialmente às meninas. A psiquiatra afirma que essas ações devem considerar a cultura local e ser implementadas principalmente no ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano), fase crucial para retardar ou evitar a experimentação.
Um ponto central é adiar o início do consumo de álcool: começar a beber cedo aumenta a vulnerabilidade a outras drogas, não como porta de entrada, mas por elevar riscos ligados à impulsividade e à dificuldade de recusar ofertas.
Madruga ressalta que políticas sem comprovação científica podem ser ineficazes e até ampliar o consumo. Ela cita o programa #Tamojunto, da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas), voltado a estudantes do 8º ano, com aulas, oficinas para pais e atividades focadas no desenvolvimento de habilidades sociais para resistir à pressão do uso.
Programa de atenção obstétrica destaca hospitais elegíveis para implantação de anestesia peridural na Bahia; veja lista
Por Victor Hernandes / Eduarda Pinto
Uma seleta lista de hospitais públicos da Bahia podem ser escolhidos para implantar um novo procedimento de concepção, utilizando anestesia peridural em procedimentos de parto “normal”. A lista, obtida com exclusividade pelo Bahia Notícias, integra os estudos de viabilização de um projeto de cooperação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a França, voltado à redução das cesarianas.
Os estudos ocorrem em meio a realização do II Seminário Franco-Brasileiro sobre Analgesia Peridural no Parto, em Salvador. O evento, que teve início nesta quinta-feira (18) e segue até esta sexta (19), reúne gestores, profissionais de saúde e pesquisadores nacionais e internacionais para incluir a capital baiana no avanço do tema.
O modelo de atuação, que cria procedimentos para a incorporação da iniciativa pela rede hospitalar pública, já foi testado na cidade do Rio de Janeiro (RJ). No seminário, que ocorre no Auditório Lúcia Alencar, na sede da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), foi divulgada a lista de unidades de saúde elegíveis para o início do projeto no estado.
Confira as unidades destacadas, considerando dados do Relatório de Informação Hospitalar do DATASUS:
Maternidade do Hospital Geral Roberto Santos (Salvador)
Leitos obstétricos: 60
Partos: 2.210, sendo 753 vaginais (34,07%) e 1.457 cesáreas (65,93%)
Equipe: 47 médicos obstetras, 35 enfermeiras obstetras e 3 anestesistas.
Maternidade Regional de Camaçari
Leitos obstétricos: 64
Partos: 3.340, sendo 1.553 vaginais (46,5%) e 1.787 cesáreas (53,5%)
Equipe: 43 médicos obstetras, 20 enfermeiras obstetras e 45 anestesistas.
Maternidade do Hospital Regional de Juazeiro
Leitos obstétricos: 30
Partos: 1.139 sendo 369 vaginais (32,4%) e 770 cesáreas (67,6%)
Equipe: 15 médicos obstetras, 22 enfermeiras obstetras e 11 anestesistas.
Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio (Ilhéus)
Leitos obstétricos: 32
Partos: 2.922 sendo 1.872 vaginais (64,07%) e 1.050 cesáreas (35,93%)
Equipe: 22 médicos obstetras, 12 enfermeiras obstetras e 09 anestesistas.
Maternidade Maria da Conceição de Jesus
Leitos obstétricos: 60
Partos: 2.788 sendo que 1.764 vaginais (63,27%) e 1.024 cesáreas (36,72%)
Equipe: 84 médicos obstetras, 91 enfermeiras obstetras e 43 anestesistas.
Maternidade José Maria de Magalhães Neto
Leitos obstétricos: 136
Partos: 5.566 sendo 2.326 vaginais (41,79%) e 3.240 cesáreas (58,21%)
Equipe: 92 médicos obstetras, 40 enfermeiras obstetras e 15 anestesistas.
Maternidade Tsylla Balbino
Leitos obstétricos: 67
Partos: 2.680, sendo 1.375 vaginais (51,31%) e 1.305 cesáreas (48,69%)
Equipe: 66 médicos obstetras, 22 enfermeiras obstetras e 23 anestesistas.
INCENTIVO AO PARTO NORMAL
A proposta do Seminário Franco-Brasileiro é incentivar a busca por iniciativas que garantam a segurança das mulheres e homens trans em atendimento pelo SUS, reduzindo a necessidade de cesarianas sem indicação clínica e garantindo um parto mais seguro e humanizado.
Dados divulgados pela Fiocruz indicam que as taxas de cesáreas no Brasil estão entre as mais altas do mundo, considerando que mais da metade dos nascimentos são realizados por via cirúrgica, com estimativas recentes situando essa proporção em torno de 56% a quase 60% dos partos registrados. O número é quase três vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), idealmente entre 10% e 15% dos partos no plano populacional.
A iniciativa pela redução da cesária está diretamente relacionada à tentativa de redução das complicações maternas e neonatais, além da violência obstétrica e mortalidade materna. Apesar de ter sua segurança e eficácia comprovadas, a cesariana, quando realizada sem indicação clínica, está associada a maior probabilidade de hemorragias, infecções, complicações anestésicas e repercussões em futuras gestações.
Estudos epidemiológicos realizados no Brasil também apontam que a cesariana pode ser um fator de risco para morte materna quando comparada com o parto vaginal em determinadas condições, com risco quase três vezes maior de óbito pós-parto associado a cesarianas em comparação com partos vaginais, especialmente por causas como hemorragia e complicações anestésicas.
Paciente mais fraco do CAPS: memes reforçam estigmas e criam barreiras ao cuidado em saúde mental, afirma sociólogo
Por Paulo Dourado
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) foi instituído em 2002 pelo Ministério da Saúde com o objetivo de substituir o antigo modelo hospitalar de cuidado em saúde mental. O serviço é voltado para pessoas em sofrimento psíquico ou em crise e pode ser acessado de forma espontânea, sem necessidade de encaminhamento prévio.
Atualmente, os CAPS são divididos em diferentes modalidades, de acordo com o público atendido e o nível de cuidado oferecido:
- CAPS I atende pessoas de todas as idades em sofrimento psíquico intenso, inclusive em situações relacionadas ao uso problemático de álcool e outras drogas;
- CAPS II também atende todas as faixas etárias com sofrimento psíquico intenso;
- CAPS i é voltado para crianças e adolescentes;
- CAPS AD atende pessoas em situações relacionadas ao uso prejudicial de álcool e outras drogas;
- CAPS III funciona 24 horas por dia, inclusive fins de semana e feriados, com acolhimento noturno para adultos que necessitam de atenção contínua;
- CAPS AD III, com funcionamento semelhante, direcionado a usuários de álcool e outras drogas.
Segundo o sociólogo e educador social do CAPS, Júlio César Lourenço, o serviço não se resume à ideia de “cura”, mas atua também na redução de danos e do sofrimento psicológico dos pacientes. Ele explica que o trabalho do CAPS é baseado em princípios como atendimento humanizado, cuidado compartilhado e acolhimento digno, sempre considerando os direitos humanos, sociais e a dignidade de cada pessoa.
“O CAPS não trabalha só com a ideia de cura. A gente também trabalha com a redução de danos e com a diminuição do sofrimento daquela pessoa”, afirmou.
Ainda de acordo com Júlio, o CAPS tem um papel fundamental no rompimento de paradigmas da saúde mental, historicamente marcados por uma lógica manicomial e por forte estigmatização.
“O CAPS surge exatamente ao contrário dessa lógica. Ele rompe com a ideia de internação, aposta na escuta do paciente, na construção do tratamento junto com a pessoa, no acolhimento humano e no enfrentamento desses estigmas de que alguém em sofrimento psíquico não pode conviver em sociedade ou com a própria família”, explicou.
Ao longo de 2025, memes envolvendo o CAPS ganharam grande repercussão nas redes sociais, com frases como “do jeito que o CAPS gosta”, “o paciente mais fraco do CAPS” ou “esse fugiu do CAPS”. As postagens geralmente associavam imagens ou vídeos a comportamentos considerados fora do padrão, reforçando, de forma pejorativa, a ideia de transtorno psicológico.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o sociólogo avaliou os impactos desse tipo de conteúdo na imagem do serviço. Segundo ele, houve inicialmente a percepção de que os memes poderiam ampliar a visibilidade do CAPS, mas essa avaliação foi rapidamente revista.
“Quando surgiu o meme, eu até pensei que poderia ser algo positivo, mas ele acabou se direcionando para um lado de estigmatização e desvalorização, o que não é ideal. A comunidade da saúde olhou isso com muito receio. A divulgação é importante, mas quando não segue a proposta do CAPS, as interpretações acabam sendo muito diversas”, ponderou.
Júlio explicou que, embora os memes nem sempre sejam negativos por natureza, a associação com uma lógica manicomial, que trata pessoas em sofrimento psíquico como “loucas” ou incapazes de viver em sociedade, acaba criando barreiras para quem precisa buscar atendimento.
“Quem é leigo pode ver esse tipo de divulgação de forma negativa. Em alguns casos, isso trava o serviço, porque a pessoa deixa de procurar ajuda. Ao invés de buscar atendimento psicológico ou iniciar um tratamento, ela permanece em sofrimento, que pode se agravar”, destacou.
Apesar disso, o educador social afirma que não houve queda significativa no número de pacientes atendidos pelo CAPS após a viralização dos memes. Segundo ele, o público se manteve estável, em parte devido a ações de esclarecimento promovidas pelo Ministério da Saúde após a repercussão do tema.
“Eu não vejo uma relação direta nem de ganho nem de perda. O público ficou estável. Houve uma preocupação maior do Ministério da Saúde com a forma como a saúde mental estava sendo retratada, mas isso não se refletiu necessariamente em aumento ou diminuição do número de pacientes”, avaliou.
Por fim, Júlio ressaltou que, mesmo sem impacto direto nos números, a imagem do CAPS foi prejudicada. Para ele, ainda falta uma política de comunicação mais ampla, tanto do Ministério da Saúde quanto das prefeituras, capaz de explicar o papel do serviço e romper com estigmas junto à população em geral.
O Podcast Bengalas encerra a sua quarta temporada com chave de ouro ao receber a escritora e terapeuta Júlia Jalbut, autora de "Uma casa que não pode cair – Encontrando calma e coragem diante do sofrimento de quem amamos", livro que marcou profundamente a trajetória da psicóloga Marta Luzbel e se tornou um símbolo de acolhimento para milhares de cuidadores de pais idosos.
A obra, que combina histórias reais, perguntas provocativas, trechos de músicas, explicações sensíveis sobre luto simbólico e real, além de orientações práticas sobre paliativos e autocuidado, tornou-se referência para quem vive a exaustão, a culpa, a ambivalência e a solidão de cuidar de quem se ama.
Nesta entrevista especial, Júlia compartilha sua vivência de 12 anos acompanhando o adoecimento simultâneo dos pais, tema que está no centro do livro e que toca profundamente cuidadores que lidam diariamente com as exigências emocionais e logísticas do cuidado. Júlia é terapeuta, escritora e integrante da equipe de Cuidados Integrativos do Hospital Sírio-Libanês. Formada em Comunicação e Artes do Corpo pela PUC-SP e pós-graduada em Bases da Medicina Integrativa e Gestão Emocional, ela traz uma visão humana, delicada e lúcida sobre o que significa sustentar a própria casa interna enquanto a casa emocional dos pais parece desabar.
A conversa conduzida pela psicóloga e idealizadora da Comunidade Bengalas, Marta Luzbel, aprofunda temas que fazem parte do cotidiano de milhões de brasileiros: o cansaço invisível do cuidador, a coragem de pedir ajuda, a força do vínculo familiar, o tabu da ambivalência, o impacto da pausa, e o desafio existencial de seguir vivendo mesmo quando aqueles que amamos estão na fila inevitável da finitude.
Com essa entrevista, o Bengalas celebra uma temporada inteira dedicada a dar voz ao cuidador, ampliando o diálogo sobre envelhecimento, luto, saúde mental e amor maduro. Um episódio emocionante, necessário e profundamente humano, daqueles que ficam na memória e no coração.
O Podcast Bengalas está disponível no canal do Bahia Notícias no YouTube e no canal da Comunidade Bengalas no Spotify.
A Bahia registrou 2.859 falhas na assistência à saúde em crianças de 0 a 11 anos, entre 1º de janeiro e 14 de dezembro de 2025. Os dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), foram compilados e divulgados pela Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP).
A nível nacional no mesmo período foram notificados no Brasil 459.746 eventos adversos e falhas na assistência à saúde em serviços públicos e privados. Desse total, 47.853 ocorrências envolveram o público de 0 a 11 anos. Já no ano passado, foram obtidos 43.944 eventos adversos nessa mesma faixa etária.
Ainda na Bahia, as faixas de 29 dias a 1 ano, 2 a 4 anos e 5 a 11 anos, notificaram os respectivos números: 837, 987, 424 e 611. Segundo a SOBRASP, os números revelam um cenário preocupante para os pacientes mais vulneráveis: as crianças.
Nos hospitais, as principais causas relacionadas aos eventos adversos, envolvendo esse público, são decorrentes de falhas na comunicação entre os profissionais de saúde e os familiares e a falta de envolvimento da própria criança em seu cuidado.
Isso tem levado a danos desnecessários como lesões por pressão (dano causado na pele e nos tecidos moles), quedas e a administração incorreta de medicamentos. Promover a participação do paciente, na melhoria da segurança dos cuidados em saúde, implica a integração deste na tomada de decisão, de forma consciente e informada.
“Desta forma, o paciente e seus familiares, em especial quando se trata de crianças e adolescentes, devem conhecer todo o plano de diagnóstico e tratamento delineado pela equipe de saúde, participando de ações como: prover todas as informações sobre histórico de doenças prévias, alergias e outras circunstâncias, identificar mudanças não planejadas ocorridas no cuidado, questionar ativamente as propostas de tratamento e acompanhar sua execução”, alerta a pediatra Priscila Amaral, membro da SOBRASP.
Vereadores aprovam PL que autoriza entrada de animais de estimação em hospitais de Salvador
Por Redação
A Câmara Municipal de Salvador aprovou, na sessão desta quarta-feira (17), o Projeto de Lei nº 432/25, que permite a entrada de animais de estimação em hospitais públicos e particulares da capital baiana. A entrada deve respeitar e seguir critérios e normas sanitárias.
A medida visa possibilitar um tratamento mais direcionado a humanização do atendimento hospitalar, em decorrência do papel do vínculo entre tutores e seus pets em momentos de internação e recuperação.
Os protocolos de segurança, higiene e bem-estar, devem ser seguidos durante a entrada dos animais nesses estabelecimentos, para que a integridade e segurança dos pacientes, profissionais de saúde e dos próprios animais, sejam garantidos. A proposição foi de autoria da vereadora Marcelle Moraes (União).
Para a edil, a iniciativa reforça a importância de políticas públicas mais humanas.
“Quem já passou por um momento delicado em um hospital sabe o quanto o afeto faz diferença. Os animais são parte da família e, em situações específicas, podem oferecer conforto emocional e força para quem está em tratamento”, afirmou.