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Câncer de pulmão: rastreamento não deve se limitar apenas a fumantes
Por Larissa Abrahão
O câncer de pulmão está entre as principais causas de morte por câncer no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 1,8 milhão de óbitos são registrados anualmente em decorrência da doença. Embora o tabagismo seja reconhecido como o principal fator de risco — responsável por aproximadamente 80% a 90% dos casos —, evidências mostram que a doença também atinge pessoas que nunca fumaram, o que reforça a necessidade de ampliar o debate sobre rastreamento e diagnóstico precoce.
Dados do Registro de Câncer Hospitalar (RHC), referentes a pacientes com mais de 18 anos atendidos pelo SUS, indicam que, em determinadas faixas etárias, especialmente acima dos 65 anos, até 26% dos casos de câncer de pulmão ocorrem em não fumantes. Esses números evidenciam que o perfil de risco é mais amplo do que tradicionalmente se considera.
Além do tabagismo, diversos outros fatores estão associados ao desenvolvimento da doença. Entre eles estão a exposição ao gás radônio, o histórico familiar de câncer de pulmão, o tabagismo passivo — que pode elevar o risco em até 25% —, a poluição do ar, exposições ocupacionais a substâncias como asbesto e sílica, além de doenças pulmonares prévias, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a fibrose pulmonar. Diante desse cenário, limitar o rastreamento apenas a fumantes pode significar a perda de oportunidades importantes de diagnóstico precoce.
O rastreamento do câncer de pulmão é feito por meio da tomografia computadorizada de tórax de baixa dose (TCBD), um exame indolor e com baixa exposição à radiação. As recomendações atuais indicam a realização anual do exame em fumantes ou ex-fumantes com idade entre 50 e 80 anos. Para pessoas que nunca fumaram, ainda não existem diretrizes que indiquem o rastreamento populacional de rotina.
No entanto, especialistas ressaltam que o rastreamento individualizado deve ser considerado em situações específicas, como em pessoas com 50 anos ou mais, forte histórico familiar de câncer de pulmão, exposição ocupacional intensa a agentes carcinogênicos, histórico de radioterapia torácica em doses significativas ou presença de doenças pulmonares estruturais importantes.
No Brasil, o diagnóstico precoce do câncer de pulmão ainda enfrenta desafios relevantes, como o acesso desigual aos exames e a alta prevalência de doenças pulmonares que podem gerar achados inespecíficos. Para avançar, é fundamental integrar estratégias de rastreamento às políticas de controle do tabagismo e investir na capacitação das equipes de saúde, ampliando o olhar sobre os diferentes perfis de risco da população.
*Dra. Larissa Abrahão é pneumologista do Centro Integrado do Tórax.
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Mais de 15 milhões de brasileiros convivem com doenças reumáticas
Por Ana Teresa Amoedo
Dores persistentes, inchaços e limitações de movimento são os principais sintomas das doenças reumáticas - um grupo de mais de 120 enfermidades que afetam mais de 15 milhões de brasileiros, conforme dados da Sociedade Brasileira de Reumatologia. Elas atingem pessoas de todas as idades, principalmente os idosos, e o diagnóstico precoce juntamente com o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações mais graves, como a perda da mobilidade e até incapacidades físicas.
No mês em que se comemora o Dia Nacional de Luta Contra as Doenças Reumáticas (30 de outubro), é necessário falarmos sobre conscientização. Isso porque essas doenças são, em sua maioria, autoimunes e afetam estruturas fundamentais do corpo como articulações, músculos, tendões, ligamentos e ossos. Entre as mais comuns estão artrose, osteoporose, fibromialgia, tendinite, lúpus, gota e bursite, sendo a artrose a que mais acomete a população.
O avanço da Medicina tem sido decisivo na transformação da vida de pacientes reumáticos. Os imunobiológicos representam uma das principais inovações no tratamento dessas doenças. Esses medicamentos são desenvolvidos com tecnologia de ponta, de forma personalizada, atuando diretamente nos mecanismos inflamatórios do sistema imunológico. Com isso, conseguimos reduzir sintomas, controlar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Em Salvador, a Novaimuno é referência no assunto, se destacando no atendimento a pacientes com doenças autoimunes e raras por meio do seu Centro de Terapia Assistida Infusional em Imunobiológicos. A clínica também oferece uma abordagem integrada, com equipe multidisciplinar composta por especialistas em reumatologia, neurologia, dermatologia, gastroenterologia, nutrição e psicologia. O tratamento adequado, somado ao acompanhamento profissional constante, permite que muitos pacientes retomem sua rotina com independência e bem-estar.
*Ana Teresa Amoedo é médica reumatologista e sócia da Novaimuno - unidade que integra o Grupo CITA em Salvador | CRM-BA 11237 | RQE 5054
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Psoríase: doença de pele não é contagiosa e tem tratamento eficaz
Por Alice Magalhães
Lesões avermelhadas e com descamação esbranquiçada, geralmente no couro cabeludo, unhas, cotovelos e joelhos, são sinais clássicos da psoríase, uma doença inflamatória, autoimune, crônica e não contagiosa, que afeta cerca de cinco milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Apesar de não ter cura, a psoríase é tratável e pode ser controlada com acompanhamento médico e mudanças no estilo de vida.
Em alusão ao Dia Nacional de Conscientização da Psoríase, comemorado em 29 de outubro, é importante reforçar a importância de combater o estigma que ainda cerca a doença. Muitas pessoas acreditam, de forma equivocada, que a psoríase é contagiosa, o que acaba gerando exclusão e preconceito. É fundamental esclarecer que não há risco de transmissão por contato físico.
A causa da psoríase envolve uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Estresse emocional, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de álcool, infecções, traumas na pele e até alguns medicamentos podem funcionar como gatilhos para o surgimento ou agravamento das lesões.
Mais do que um problema de pele, a psoríase pode afetar outras partes do corpo. Um dos possíveis desdobramentos da doença é a artrite psoriásica, uma inflamação nas articulações que provoca dor, rigidez e inchaço, principalmente nos dedos das mãos, pés, joelhos e coluna. Pacientes com psoríase em áreas como couro cabeludo, unhas e região perianal têm maior predisposição a desenvolver a artrite psoriásica. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações.
O tratamento da psoríase varia conforme a gravidade do quadro, podendo incluir o uso de medicamentos tópicos, comprimidos ou injeções. Hoje contamos com os imunobiológicos, uma alternativa eficaz para casos moderados a graves. São medicamentos de alta precisão que atuam diretamente nas vias inflamatórias do organismo, promovendo o controle da doença e melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.
Além do tratamento medicamentoso, cabe destacar a importância de hábitos saudáveis. Praticar atividade física, manter uma alimentação equilibrada, evitar o cigarro e cuidar da saúde mental são atitudes que ajudam no controle da psoríase e na prevenção de crises.
*Alice Magalhães é Médica dermatologista -UFBA; Especialista em Alergia e Imunologia - USP; Membro SBD e ASBAI; e Atua na clínica Novaimuno, unidade que integra o Grupo CITA em Salvador | CRMBA 35406 / RQE 24092 / RQE 28307 | CRMSP 243837 / RQE 111591
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Médico do trabalho: A importância do profissional que cuida da saúde de quem move as empresas
Por Ana Paula Teixeira
Na Bahia, onde atividades como construção civil, indústria petroquímica e agronegócio têm forte presença, a atuação do médico do trabalho é fundamental para evitar altos índices de acidentes e doenças ocupacionais. Segundo dados da Delegacia Sindical dos Auditores-Fiscais do Trabalho da Bahia (SINAIT DS/BA), até o dia 16 de maio deste ano, o número de acidentes de trabalho e adoecimentos notificados no estado ultrapassou seis mil casos, além de 38 mortes registradas no ambiente laboral.
Por isso, a importância desse profissional, uma especialidade médica ainda pouco conhecida fora do ambiente corporativo, mas fundamental para garantir a saúde física, mental e social dos trabalhadores. Muita gente não sabe, mas o médico do trabalho pode atuar em diversas frentes: empresas privadas, órgãos públicos, consultorias, perícias judiciais, auditorias e até em programas de reabilitação. Sua formação exige não apenas a graduação em Medicina, mas também uma especialização com foco em legislação trabalhista e saúde ocupacional. É uma profissão que requer sensibilidade, técnica e visão sistêmica. No fim das contas, cuidar do trabalhador é cuidar da base que sustenta qualquer negócio.
O médico do trabalho é o elo entre a saúde do colaborador e a produtividade das empresas. Quando atua de forma estratégica, consegue prevenir doenças, reduzir afastamentos e melhorar o clima organizacional. Muito além dos tradicionais exames admissionais e demissionais, esse profissional acompanha o dia a dia dos trabalhadores, identifica riscos no ambiente laboral e propõe melhorias para garantir um ambiente mais seguro e saudável.
A missão do médico do trabalho é promover saúde no sentido mais amplo. Ele precisa entender de ergonomia, psicologia, legislação e até comportamento humano para fazer seu trabalho de forma completa. Na prática, esse profissional também atua junto aos gestores e Recursos Humanos na construção de políticas internas de saúde e bem-estar, além de contribuir com treinamentos e campanhas educativas.
*Ana Paula Teixeira é Médica do Trabalho e especialista em Saúde e Bem-estar | CRM-BA 12797 - RQE 7237
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Reconstrução mamária: avanços no tratamento fazem pacientes recorrerem à Oncoplastia para o combate ao câncer de mama
Por Sérgio Calmon
Nos últimos anos, a legislação brasileira tem dado passos importantes no reconhecimento da reconstrução mamária como um direito das mulheres em tratamento contra o câncer de mama. Essa conquista, válida tanto para pacientes da saúde suplementar quanto do Sistema Único de Saúde (SUS), reforça que a reconstrução mamária vai muito além da estética — ela é parte essencial do processo terapêutico, impactando diretamente o bem-estar emocional e a qualidade de vida das pacientes.
O avanço das técnicas cirúrgicas e dos protocolos oncológicos tem permitido abordagens cada vez mais conservadoras. A mastectomia, que consiste na retirada total da mama, deixou de ser a primeira opção e passou a ser indicada apenas quando estritamente necessária. “Hoje, a mastectomia é considerada o último recurso. Sempre que possível, damos preferência à cirurgia conservadora, que preserva parte da mama e oferece resultados funcionais e estéticos mais satisfatórios.
Nesse contexto, ganha destaque a oncoplastia, especialidade que une os princípios da cirurgia plástica às técnicas da cirurgia oncológica da mama. Embora a oncoplastia e a reconstrução mamária estejam intimamente relacionadas, há diferenças importantes entre elas. A oncoplastia é realizada no mesmo momento da retirada do tumor, permitindo reconstruir a mama na própria cirurgia oncológica, utilizando técnicas que preservam o máximo de tecido sadio possível. Já a reconstrução mamária, por sua vez, é o procedimento voltado à restauração da forma da mama após a mastectomia, podendo ser feita imediatamente ou em um segundo momento.
A decisão sobre qual técnica adotar depende de uma série de fatores clínicos e pessoais, como o estágio do tumor, a saúde geral da paciente, o tipo de tratamento complementar indicado e as expectativas individuais em relação ao resultado estético e funcional.
Ainda que, mesmo quando a mastectomia é necessária, as pacientes têm direito — garantido por lei — à reconstrução imediata. Essa possibilidade representa um avanço significativo, pois favorece uma recuperação mais positiva, tanto física quanto emocional. A reconstrução mamária ou a oncoplastia não são um luxo estético, mas uma etapa fundamental do tratamento oncológico. Quando devolvemos a forma da mama, estamos devolvendo à paciente sua imagem corporal, sua confiança e, consequentemente, sua autoestima.
A integração entre oncologia e cirurgia plástica tem transformado o modo como o câncer de mama é tratado no Brasil, permitindo que o cuidado vá além da cura da doença, alcançando também a restauração da integridade e da identidade feminina.
*Sérgio Calmon é Mastologista Oncoplástico | RQE: 11901
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Doação de órgãos: rim é um dos mais solicitados no Brasil
Por Manuela Lordelo
O Setembro Verde é um mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de órgãos no Brasil. O foco da campanha é lembrar que esse gesto pode salvar vidas, especialmente em um país onde milhares de pessoas aguardam por um transplante. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 78 mil pessoas estão na fila de espera, sendo o rim um dos órgãos mais solicitados, com cerca de 40 mil pacientes aguardando pelo procedimento em todo o país. Na Bahia, somente no primeiro semestre de 2025, o número de pessoas na fila chegou a 2.123. No Hospital Ana Nery (HAN), em Salvador, até agosto deste ano foram contabilizados 155 transplantes de rim em adultos e 7 em crianças.
No Brasil, o transplante de rim representa cerca de 70% do total de transplantes de órgãos, sendo que 90% são financiados integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Ainda assim, a fila cresce impulsionada por doenças como diabetes e hipertensão, principais causas da doença renal crônica. Para muitos desses pacientes, a hemodiálise é a única alternativa de sobrevivência enquanto esperam por um órgão compatível - atualmente, mais de 155 mil brasileiros fazem este tratamento regularmente, segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Porém, nem todo paciente com o diagnóstico consegue realizar a diálise por falta de vaga.
Na Bahia, a fila de espera por vagas de diálise revela uma realidade preocupante, existente em todo o país. Faltam vagas em clínicas conveniadas ao SUS para a realização da diálise – procedimento alternativo e essencial que faz o papel dos rins, filtrando o sangue. Essa demora compromete a qualidade de vida, sobrecarrega o sistema de saúde e coloca vidas em risco diariamente.
Seja doador
Apesar do avanço na estrutura dos transplantes, um dos principais entraves continua sendo a recusa familiar de doação familiar. Isso significa que, mesmo diante de potenciais doadores, muitas famílias não autorizam a doação e, muitas vezes, por falta de diálogo prévio sobre o tema. Por isso, o Setembro Verde é um convite à conversa. Informar-se, declarar-se doador e compartilhar esse desejo com a família pode transformar o fim da vida de uma pessoa em recomeço para outras. Em um sistema de saúde que depende da solidariedade para funcionar, a doação de órgãos é um dos atos mais generosos e impactantes que alguém pode deixar como legado.
*Manuela Lordelo é médica formada pela Faculdade de Medicina de Campos - RJ em 2017; Especialista em Clínica Médica pela Universidade Federal de Viçosa (2018-2020); Especialista em Nefrologia pelo Hospital Ana Nery (2020-2022); Membro do corpo clínico do Hospital Ana Nery, Hospital Alayde Costa e Clínica Senhor do Bonfim; e atua como preceptora na residência de nefrologia Hospital Ana Nery. | CRM: 35482 - BA | RQE: 21849
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Câncer de mama: entre cicatrizes e recomeços
Por Patrícia Lopes
O câncer de mama ainda é, infelizmente, a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil e no mundo. Os números são alarmantes: 2,3 milhões de novos casos por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde, e mais de 15 mil brasileiras que perdem a vida anualmente.
Mas, ao mesmo tempo em que esses dados assustam, não podemos ignorar algo transformador: a evolução da cirurgia.
Por décadas, o diagnóstico de câncer de mama vinha acompanhado de um medo quase tão grande quanto a própria doença — o medo da mutilação. Era comum retirar não apenas a mama, mas também músculos e até parte das costelas. Sim, as mulheres sobreviviam, mas carregavam marcas profundas, físicas e emocionais.
Esse modelo começou a ruir, quando a ciência provou que uma cirurgia menos agressiva, associada à radioterapia e/ou quimioterapia oferecia os mesmos resultados em termos de sobrevida. Foi um divisor de águas: nasceu a cirurgia conservadora. Pela primeira vez, falava-se em preservar, não apenas em retirar.
Desde então a medicina deu outros passos importantes. A possibilidade de reconstrução mamária, por exemplo, trouxe uma mudança radical na vida das pacientes. Hoje, muitas já saem do centro cirúrgico com a mama reconstruída, algumas vezes com cicatrizes quase imperceptíveis. Não é apenas estética. É identidade, dignidade e feminilidade devolvidas.
Falar em cirurgia do câncer de mama, hoje, é falar em cuidado integral. É entender que o tratamento não precisa ser apenas sobre retirar um tumor, mas também sobre escutar, acolher e preservar a auto-estima da mulher.
Se antes a palavra que definia esse processo era mutilação, agora falamos em reconstrução. E isso muda tudo.
O câncer de mama ainda assusta e ainda mata, mas já não é mais sinônimo de perda irreparável. Pode ser também um recomeço — com cicatrizes, sim, mas cicatrizes que contam histórias de vida e superação.
*Patrícia Lopes é Mastologista. CRM 24977 BA / RQE 15645
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Trombose: conheça os sinais de alerta e saiba como prevenir a doença
Por Maria Clara Sanjuan
No Dia Nacional de Prevenção da Trombose, celebrado em 16 de setembro, especialistas reforçam a importância de identificar precocemente os sinais da doença. A trombose é uma condição potencialmente grave, causada pela formação de coágulos sanguíneos que impedem a circulação normal, principalmente nas veias profundas das pernas. Segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), com base em dados do Ministério da Saúde, a média de internações diárias por trombose no Brasil ultrapassou 165 pessoas por dia em 2023, evidenciando a gravidade e a frequência da doença.
O alerta para o diagnóstico precoce e a atenção aos sinais do corpo são fundamentais para evitar complicações.
Os principais sintomas da trombose incluem dor localizada, inchaço, vermelhidão, sensação de calor e alteração na coloração da pele da região afetada. Se não tratada, a doença pode evoluir para uma embolia pulmonar — complicação grave e potencialmente fatal, causada pelo deslocamento do coágulo até os pulmões.
O diagnóstico é feito por meio de avaliação clínica e exames de imagem, como o ultrassom com doppler, que permite visualizar a presença de coágulos nas veias. Após a confirmação do quadro, o tratamento geralmente é iniciado com o uso de anticoagulantes, que ajudam a impedir o crescimento do trombo e reduzem o risco de novas formações. Em situações mais graves, pode ser necessária a internação e o uso de terapias complementares.
A prevenção passa por hábitos saudáveis, como manter-se ativo, evitar longos períodos sentado ou deitado, beber bastante água e, quando necessário, usar meias de compressão. É importante que pessoas com fatores de risco – como histórico familiar, uso de anticoncepcionais, obesidade, tabagismo e pós-cirurgias – estejam atentas e façam acompanhamento com um especialista.
*Maria Clara Sanjuan é Médica angiologista e Cirurgiã Vascular - CRM-BA 24787 / RQE 14441
*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias
Estamos vivendo uma epidemia de autismo no Brasil e no mundo?
Por Daniel Silva de Azevedo
Nos últimos 20 anos, o número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) cresceu de forma impressionante. Nos Estados Unidos, dados oficiais mostram que em 2000 uma em cada 150 crianças recebia esse diagnóstico; em 2023, a estimativa passou para uma em cada 36. No Brasil, o Censo 2022 revelou que 2,4 milhões de pessoas relataram diagnóstico de autismo, o que corresponde a 1,2% da população nacional. O aumento assusta e gera a pergunta: estaríamos diante de uma verdadeira epidemia?
Especialistas apontam que a resposta não é tão simples. Parte do crescimento decorre de mudanças nos critérios diagnósticos: desde os anos 1980, os manuais de psiquiatria tornaram o espectro autista mais amplo, incluindo perfis antes considerados apenas como variações do comportamento humano. Para o psiquiatra Allen Frances, que coordenou a elaboração do DSM-IV, esse processo abriu espaço para confusões: crianças tímidas ou excêntricas passaram a ser vistas como autistas, ampliando estatísticas sem que houvesse uma explosão biológica real.
Outro fator é a maior conscientização social. Pais e escolas estão mais atentos, médicos mais preparados, e instrumentos de avaliação como o ADOS-2 e o ADI-R permitem identificar sinais de forma precoce. Isso trouxe benefícios, garantindo acesso a direitos e terapias para quem antes ficava invisível. Por outro lado, também favoreceu superdiagnósticos, especialmente em casos limítrofes ou com comorbidades, como transtornos de linguagem, TDAH e ansiedade.
O pediatra e sanitarista Daniel Becker chama atenção para outro fenômeno: a formação de uma “indústria do autismo”. Segundo ele, clínicas, cursos rápidos e terapias sem comprovação científica se multiplicam, explorando a angústia de famílias que buscam respostas imediatas. Soma-se a isso a judicialização, com escolas e planos de saúde sobrecarregados por demandas crescentes. “No fim, quem paga essa conta são as crianças”, alerta Becker.
Pesquisas internacionais mostram ainda que as curvas de prevalência apresentam dinâmicas próprias. Três conceitos ajudam a entender:
Steepening (inclinação): diagnósticos feitos cada vez mais cedo, em crianças muito pequenas.
No Plateau (sem platô): ausência de estabilização; até adultos continuam sendo diagnosticados.
Resurgence (ressurgimento): saltos súbitos nas taxas após mudanças em políticas públicas ou diretrizes clínicas.
Esses movimentos revelam que a chamada epidemia reflete muito mais transformações nos sistemas de saúde, na sociedade e na forma de definir o autismo, do que um aumento real da condição. Isso não significa negar o autismo. Trata-se de encontrar equilíbrio: evitar tanto o subdiagnóstico, que priva pessoas de apoio essencial, quanto o superdiagnóstico, que rotula indevidamente e desvia recursos de quem mais precisa. O desafio é diagnosticar melhor, e não apenas mais.
*Daniel Silva de Azevedo é médico neurologista especialista em neurodesenvolvimento e doutor em neurologia pela Universidade de São Paulo (USP) - CRM-SP 161294 / NEUROLOGIA - RQE Nº: 43273
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Movimento “Anti-Sunscreen” nas redes sociais preocupa especialistas e acende alerta sobre risco de câncer de pele
Por Laryssa Faiçal
Um movimento crescente nas redes sociais, conhecido como “Anti-Sunscreen”, tem despertado preocupação entre médicos e pesquisadores da área da saúde. A tendência, impulsionada por alguns influenciadores digitais, questiona a segurança dos filtros solares e defende o abandono do produto. Especialistas alertam, no entanto, que a desinformação em torno do tema pode comprometer décadas de avanços na prevenção do câncer de pele e no combate ao envelhecimento precoce.
Os perfis que aderem ao discurso “anti-protetor solar” alegam que alguns componentes químicos presentes nos produtos causariam irritações ou danos à saúde. Em decorrência disso, muitos usuários têm recorrido a alternativas sem comprovação científica, como receitas caseiras, filtros minerais de eficácia duvidosa ou até mesmo a completa suspensão do uso.
Essas práticas colocam em risco a saúde da população, já que não garantem a proteção necessária contra os raios ultravioleta (UV). A exposição desprotegida pode provocar desde queimaduras até mutações no DNA das células, desencadeando o desenvolvimento de diferentes tipos de câncer de pele.
Toda substância química tem potencial de causar alergias. Algumas já foram banidas e outras serão substituídas ao longo do tempo, mas isso não elimina a importância do protetor solar. A maior causa do câncer de pele é a exposição solar sem proteção, seja em episódios de queimaduras, seja por dano cumulativo ao longo dos anos.
Ainda que há ampla evidência científica sobre os benefícios do protetor solar. Um exemplo vem da Austrália, país com os maiores índices de melanoma no mundo, onde campanhas nacionais exigem o uso diário do produto em escolas e ambientes externos. Essa política já mostra resultados concretos, com redução progressiva na incidência de câncer de pele.
Um estudo do Orlando Health Cancer Institute mostrou que um em cada sete adultos com menos de 35 anos acredita que usar protetor solar diariamente faz mais mal do que se expor ao sol sem proteção. O dado evidencia a vulnerabilidade da chamada Geração Z, altamente impactada pelo conteúdo viralizado nas redes sociais.
O melanoma é um câncer altamente letal, e os carcinomas geram grande morbidade. A fotoproteção é a principal medida preventiva, e os filtros solares são peça fundamental nesse processo.
A orientação médica segue firme: o uso regular e correto do protetor solar, aliado a chapéus, roupas adequadas, óculos escuros e à evitação da exposição solar nos horários de maior intensidade (10h às 16h), continua sendo a forma mais eficaz de preservar a saúde da pele.
*Laryssa Faiçal é dermatologista do Grupo de Oncologia Cutânea
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