Justificativa de bolsonarista sobre ausência em votação da prisão de Binho Galinha gera climão na oposição: “Problema do PT”
Por Leonardo Almeida
O clima de apreensão na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) em razão da votação da legalidade da prisão preventiva do deputado estadual Binho Galinha (PRD) se estendeu também em conversas particulares entre os deputados. Uma das tensões ocorreu antes da votação, dentro do grupo da oposição da Casa, após Leandro de Jesus (PL), um dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na AL-BA, justificar sua ausência na votação, pois Binho Galinha se trataria de um “problema do PT”.
A justificativa ocorreu na semana em que a Assembleia iniciou a apreciação da legalidade do parlamentar do PRD. A mensagem, conforme fontes do Bahia Notícias, foi enviada por Leandro de Jesus em um grupo da oposição no WhatsApp e gerou uma repercussão negativa entre os pares.
Uma captura de tela obtida pela reportagem mostra que o deputado bolsonarista iria cumprir agenda no extremo do estado. Ainda conforme a mensagem, Leandro diz que, caso não estivesse com o compromisso, iria comparecer à votação. Contudo, ele também reforça que Binho Galinha "fez campanha" para o governador Jerônimo Rodrigues (PT) em 2022, e indicou que a sua base deveria resolver a questão de sua prisão.
“Amigos, estou no extremo-sul em uma agenda organizada há meses. Só retorno na segunda-feira. Não estarei na AL-BA, estaria presente se não fosse a agenda. Entretanto, o caso Binho Galinha é problema do PT e de sua base, eles aprovam o que querem e travam o que querem na Casa. Binho Galinha é da base deles e fez campanha com e para Jerônimo. Eles que resolvam”, diz a mensagem.
Em conversa reservada com a reportagem, um parlamentar do bloco da oposição revelou que a justificativa gerou um desconforto entre a bancada. Segundo o deputado, a situação era “delicada” e deveria ser tratada em conjunto.
“Em uma situação como essa, o problema é do Parlamento. É um caso desconfortável e delicado, seria melhor resolver enquanto um grupo”, disse a fonte do BN.
Além de Leandro de Jesus, outros nove deputados se ausentaram na votação que reconheceu a legalidade da prisão preventiva de Binho Galinha. Entre eles, estavam outros dois parlamentares do PL, Diego Castro, que informou que cumpria agendas previamente marcadas em cidades do interior, e Raimundinho da JR, o qual ainda não se pronunciou. Veja a lista completa:
- Binho Galinha (PRD)
- Diego Castro (PL)
- Eduardo Salles (PP)
- Fátima Nunes (PT)
- Leandro de Jesus (PL)
- Ludmilla Fiscina (PV)
- Marquinho Viana (PV)
- Penalva (PDT)
- Raimundinho da JR (PL)
- Roberto Carlos (PV)
A VOTAÇÃO
Na última sexta-feira (10), o plenário da AL-BA decidiu pela manutenção da prisão preventiva de Binho Galinha, preso preventivamente em meio a investigações que o apontam como líder de uma milícia em Feira de Santana. A decisão em votação secreta e impressa, com 34 votos favoráveis a manutenção, 18 contrários e uma abstenção.
Conforme o Regimento Interno, a AL-BA deve comunicar à Justiça em um prazo de três sessões para determinar a permanência de detenção de Binho Galinha. O deputado está preso desde o dia 3 de outubro, após passar dois dias foragido. Ele foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) em sua residência no dia 1º de outubro, que culminou na prisão de sua esposa, Mayana Cerqueira da Silva, e de seu filho João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano.
Destaca-se que a votação apreciou apenas a constitucionalidade da prisão de Binho Galinha, não entrando no mérito nas acusações das investigações. Na sessão desta sexta, não foi um escolhido um relator.
Vale lembrar que Binho Galinha é acusado de liderar organização criminosa, com atuação principalmente na região de Feira de Santana. Conforme as informações da Operação Estado Anômico, o grupo criminoso é responsável por delitos como lavagem de dinheiro, obstrução da justiça, jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada, comércio ilegal de armas, usurpação de função pública, embaraço a investigações e tráfico de drogas.