Com mais de 80 mil postos, Bahia tem o 3° maior índice de crescimento da enfermagem no Brasil
Por Victor Hernandes / Eduarda Pinto
A Bahia é o terceiro estado com maior crescimento de empregos para a Enfermagem na Atenção Básica no país. É o que diz a Demografia da Enfermagem do Brasil, estudo divulgado nesta terça-feira (11), pelo Ministério da Saúde. Com recorte entre 2017 e 2022, a pesquisa realiza uma "radiografia" do setor, destacando a criação de postos de trabalho e o registro de vínculos dos profissionais da Enfermagem, considerando enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem.
A Demografia revela que a Bahia foi o terceiro estado com maior índice de criação de vagas de trabalho para enfermagem, considerando apenas a Atenção Básica. A pesquisa, com base nos dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) dividiu o crescimento da categoria em quatro áreas: a Atenção Primária, Atenção Secundária, Atenção Terciária e "outros".
Na Atenção Básica, em números absolutos, foram 19.720 postos criados no estado em 2022, que corresponderam a 6,9% dos postos criados no Brasil. Em todo o país foram 285.145 novas vagas registradas na Atenção Básica, no ano em questão. Com esses números, a Bahia fica atrás apenas de São Paulo, com 53.692 vagas (18,8%) e Minas Gerais, com 33.623 postos (11,8%).
Já na Atenção Secundária, a Bahia cai para 4ª posição nacional, com 6,3% das vagas criadas pelo Brasil em 2022. Em números absolutos, forma 14.932 vagas ativas nesta área do atendimento no ano em questão. O estado fica atrás de Rio de Janeiro (9,9%), com 23.735 vagas; Minas Gerais (10%), que registrou 23.797 postos; e São Paulo (24,9%), com 59.357 registros. A Atenção Secundária brasileira gerou, em 2022, 238.578 postos de trabalho.
Na Atenção Terciária, o país gerou 899.597 postos de trabalho, sendo que 5,8% na Bahia. Em números absolutos, 51.927 vagas criadas nesta categoria, colocando o estado 5ª posição entre os entes federativos. Neste cenário, o estado fica atrás apenas do Rio Grande do Sul (6,4%), com 57.802; Minas Gerais (9,8%) com 87.958 registros; Rio de Janeiro (11,2%), com 101.041 vagas criadas; e São Paulo, com 231.463 vagas representando 25,7% do total nacional.
Nas "outras" categorias de Atenção à Saúde, o aumento foi mínimo em todo o país. Ao todo foram registradas 51.139 vagas para profissionais da enfermagem nessa seção e apenas 4.646 (1,91%) estavam na Bahia. O estado ficou atrás apenas de São Paulo, com 7.553 vagas (3%).
Somando essas vagas, em 2022, haviam 80.118 vagas ativas de trabalho para a Enfermagem na Bahia, um aumento de 33,48%, com relação a 2017, quando o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) registrou 60.022 postos de trabalho no estado.
Para além das vagas criadas até 2022, o estudo ainda destacou, por meio de dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que a Bahia tinha 100.908 postos de trabalho disponíveis para profissionais da enfermagem, até fevereiro de 2024. Frente a outros estados, a Bahia ficaria atrás apenas de Pernambuco (153.260), Maranhão (163.440) e Santa Catarina (375.223).

Bruno Cecim/Agência Pará
Por outro lado, o número de profissionais ativos ainda é maior que a oferta. O levantamento considera que os profissionais ativos podem estar registrados em dois diferentes sistemas: o registro único e os registros múltiplos. Os registros múltiplos podem indicar que um profissional possui múltiplos vínculos trabalhistas ou registros profissionais.
"No Brasil não há regulações que indiquem que um profissional deve atuar apenas em uma categoria de enfermagem, o que culmina na possibilidade de um mesmo trabalhador possuir registro de classe e vínculos de trabalho de diferentes naturezas", explica o documento.
Na Bahia, a Demografia, por meio dos dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) e o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), considerou que existem 182.599 registros únicos de profissionais e 15.629 registros múltiplos. Para a descrição do estudo, esses múltiplos vínculos indicam o crescimento da mobilidade social ascendente dentro da profissão, ou seja, um profissional pode ser registrado como Técnico de Enfermagem e avançar para o ensino superior e criar um novo registro como Enfermeiro.
PERFIL DA ENFERMAGEM NA BAHIA
Os dados sobre o perfil dos profissionais da enfermagem na Bahia consideram apenas os registros múltiplos de profissionais. Assim, entre estes profissionais (15.629), a maioria são mulheres de até 45 anos.
No que diz respeito às faixas etárias, cerca de 60,41%, 9.442 profissionais, possui entre 25 e 45 anos. Um grupo de 5.829 possuem entre 46 e 65 anos, o equivalente a 37,3% dos trabalhadores do total analisado pela pesquisa. Os outros 358 profissionais do grupo estão divididos em três faixas etárias: 229 tem menos de 25 anos, 128 tem mais de 65 anos e apenas um não tem registro.
No recorte de gênero, os dados reforçam uma percepção social bastante comum: cerca de 88,5% dos profissionais da enfermagem são mulheres, o equivalente a 13.840 trabalhadoras. Desta forma, apenas 1.789 profissionais desta parte da categoria são homens.
Os registros de raça ou etnia não possuem segmentação por estado. No entanto, os dados nacionais da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) apontam que em 2021, ao menos 35,3% dos enfermeiros no Brasil eram pessoas brancas, enquanto que a de pessoas negras -considerando pretos e pardos somados- chegou a 43,7%.