Após estaduais, ACM Neto tenta se aproximar de Ricardo Maia, e deputado seria "nome ideal" para vice em 2026
Por Mauricio Leiro / Leonardo Almeida
As movimentações para o fortalecimento da candidatura do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União), ao governo do estado seguem intensas e podem ganhar novos capítulos nas próximas semanas. Após anunciar a chegada dos deputados estaduais Nelson Leal (PP) e Cafu Barreto (PSD), o grupo de Neto agora foca em um nome de “peso” que poderia compor a chapa majoritária: o deputado federal Ricardo Maia (MDB), que poderia ocupar a vaga de vice do ex-prefeito da capital baiana.
De acordo com informações obtidas pelo Bahia Notícias, sondagens já foram feitas, dando início às tratativas de uma possível migração para a base de ACM Neto. O emedebista possui forte influência na região do Semiárido, onde foi prefeito de Ribeira do Pombal (2013-2021) e elegeu seu sucessor no pleito de 2020, e no Sisal, com seu filho, Ricardo Maia Filho (MDB), comandando a prefeitura de Tucano.
As regiões são consideradas estratégicas para a campanha de ACM Neto, que visa diminuir a considerável distância de votos que teve nos pequenos municípios quando enfrentou o então candidato a governador, Jerônimo Rodrigues (PT), em 2022. Maia é visto como um forte nome para vice por ser um dos principais municipalistas baianos no Congresso Nacional, transitando com facilidade entre as prefeituras do estado. Além disso, o parlamentar teria forte aporte eleitoral, visto que foi eleito com mais de 136 mil votos em sua primeira disputa para a Câmara dos Deputados.
Fontes ouvidas pela reportagem informaram que a oposição prepara um “forte anúncio” de desembarque do governo até o fim do mês de novembro. Segundo informações do Bahia Notícias, a coordenação de campanha de Neto projeta anunciar, em breve, a migração de três parlamentares que estariam “insatisfeitos” na base de Jerônimo, fortalecendo o palanque do ex-prefeito em pontos estratégicos do estado.
Maia é visto como um dos nomes insatisfeitos com a gestão, além de, segundo pessoas ligadas a Neto, ser considerado um parlamentar que sempre foi distante dos “ideais defendidos pelo governo do estado”. Em diferentes oportunidades, durante declarações públicas, o deputado federal realizou cobranças ou “alfinetou” a alta cúpula da gestão petista.
No mês de março, em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, Maia criticou a falta de pavimentação asfáltica nas estradas vicinais dos municípios e fez cobranças de promessas realizadas por Jerônimo durante a campanha eleitoral.
“Aqui, uma cobrança ao meu governador Jerônimo, que ele prometeu. Prometeu ao povo da minha terra, Ribeira do Pombal. Prometeu em Tucano, cidade do meu filho, pavimentação em asfalto nas estradas vicinais. E, infelizmente, cobro eu, cobra o prefeito, cobra a população, mas, meu governador, o senhor não deve ao deputado federal Ricardo Maia. O senhor deve ao povo de Ribeira do Pombal. O senhor deve ao povo de Tucano”, declarou o deputado.
Falando sobre as estratégias de 2026, o coordenador da campanha de Neto, Nelson Leal, afirmou que traçou como objetivo a montagem de palanques para o ex-prefeito em todos os 417 municípios da Bahia até o final deste ano. Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (18), ele também avaliou que a campanha atual será “completamente diferente de 2022”.
“Não vai ficar um município sem Neto no palanque. Eu já cheguei com esse trabalho sendo realizado. Hoje, poucas são as cidades em que Neto não tem palanque. Eu acho que a gente não finda o ano sem estar com palanque em cada cidade. A realidade desta campanha é completamente diferente da de 2022”, afirmou Leal.
ATRITO DO MDB
Os diálogos com Ricardo Maia ocorrem em meio a um estremecimento na relação entre Jerônimo Rodrigues e o MDB. Recentemente, um dos caciques do partido, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, veio a público afirmar que Neto será “extremamente competitivo” em 2026.
A declaração, segundo uma fonte do BN, teria motivado uma reunião entre Geddel e o secretário de Relações Institucionais (Serin), Adolpho Loyola, para colocar “panos quentes”. Há uma tensão interna no MDB de que o atual vice-governador, Geraldo Júnior (MDB), seja sacado da chapa majoritária, diminuindo o espaço da legenda em postos de peso na base governista.
