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Grupo baiano era "preposto" de esquema do PCC descoberto em megaoperação em SP, aponta diretor do Draco

Por Francis Juliano / Ana Clara Pires

Foto: Francis Juliano / Bahia Notícias

O diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Fábio Lordello, detalhou nesta quinta-feira (17) o andamento da investigação que desarticulou um braço da organização criminosa investigada na Operação Carbono Oculto, com atuação na Bahia. Segundo ele, a facção utilizava uma rede de mais de 200 postos de combustíveis, além de empresas de fachada, para movimentar recursos provenientes de adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro.

 

De acordo com Lordello, a operação identificou que o grupo mantinha relação direta com investigados em São Paulo, conhecidos entre si como “Primos”. Na Bahia, o esquema era liderado por Jailton Ribeiro, conhecido como Jailson Ribeiro, apontado como o principal articulador das atividades ilícitas no estado, subordinado ao empresário Mohamed, que continua foragido.

 

“O que acontece em uma investigação dessa é que a organização tem muito capital e precisa distribuí-lo. No estado da Bahia, ela encontrou, infelizmente, essa rede de postos capitaneada por Jau, que possibilitou o fluxo financeiro e a aquisição de nafta para adulteração de combustíveis, multiplicando os ganhos”, explicou o delegado.

 

Durante as ações de busca e apreensão, a Polícia Civil localizou galpões usados para armazenar e misturar nafta, substância empregada na adulteração dos combustíveis, nas cidades de Feira de Santana, Alagoinhas e outras da região. O produto era transportado por empresas ligadas a Mohamad Hussein Mourad, conhecido também como "O Primo".

 

A operação contou com a autorização judicial para bloqueio de R$ 6,5 bilhões, montante que revela, segundo o delegado, a dimensão da estrutura criminosa e seus impactos econômicos e sociais.

 

“Uma organização desse porte afeta todo o tecido social, desde o consumidor que abastece com combustível adulterado até a aquisição de armas e drogas, o que gera mais violência. O foco do Draco é descapitalizar e atingir o topo dessas organizações”, afirmou.

 

Lordello destacou ainda que o trabalho de investigação continua, visando identificar empresas e pessoas ligadas ao grupo. Segundo ele, o levantamento continua em andamento, e seria “prematuro falar em valores” de prejuízo fiscal causado pela evasão de impostos.

 

“Acreditamos que o montante perdido em arrecadação seja alto, mas ainda estamos aprofundando essa parte da apuração. Haverá desdobramentos fiscais de médio e longo prazo”, disse.

 

O delegado informou que os postos envolvidos operavam com e sem bandeira, sem distinção para a atuação do grupo. “Para a organização, o importante era realizar a adulteração e distribuir o combustível, independentemente da bandeira. O objetivo era dissimular e ocultar os recursos ilícitos”, explicou.

 

Na Bahia, os principais alvos da operação já foram presos, e os demais continuam sendo monitorados. Lordello reforçou que o Draco seguirá com novas etapas da investigação, que deve se expandir para identificar outros integrantes do esquema, incluindo os elos intermediários e de base.

 

Durante a apuração, a Polícia Civil apreendeu veículos de luxo em nome de Jailton Ribeiro. Segundo o delegado, somente dois automóveis ultrapassam o valor de R$ 600 mil, enquanto o investigado havia declarado apenas R$ 275 mil em bens à Justiça Eleitoral quando foi candidato em Iaçu, em 2024.

 

“A sociedade pode ter certeza de que todos os envolvidos sofrerão a ação repressiva da Polícia Civil. Nosso foco é desarticular o topo, o meio e a base dessa estrutura criminosa”, concluiu Lordello. (Atualizado às 13h29)