Vereador Hamilton Assis critica veto ao projeto “Catraquinha Livre” e defende debate sobre tarifa zero em Salvador
Por Ana Clara Pires
O vereador Hamilton Assis (PSOL) voltou a criticar, nesta semana, o veto ao projeto “Catraquinha Livre”, que garantiria a gratuidade para crianças no transporte coletivo de Salvador. Em entrevista, o parlamentar rebateu os argumentos de vereadores da base governista, que alegaram que a proposta abriria precedente para aprovação de uma futura “catraca livre” para toda a população.
Segundo Assis, houve falta de sensibilidade por parte dos colegas. “O projeto visa humanizar a vida dessas crianças, assegurando um direito previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente. Quem sofre com a situação de ter que passar por baixo ou pular a catraca são justamente as crianças pobres e negras da periferia”, afirmou.
O vereador destacou que a medida não significaria a liberação total do transporte coletivo, mas um passo na garantia de direitos. “Embora defendamos a tarifa zero, esse projeto não tinha essa abrangência. Inclusive já aprovamos aqui, e o prefeito não sancionou, a gratuidade para idosos a partir de 62 anos. Então não há contradição alguma”, disse.
Para Assis, a discussão central precisa avançar para um novo modelo de financiamento do sistema. “O transporte público é um direito que garante acesso a outros direitos. A tarifa zero acabaria com essas segregações e permitiria a livre circulação da população. Hoje, o governo injeta milhões em subsídios, mas não cobra contrapartidas das empresas, como melhoria da qualidade do serviço e ampliação de linhas. Esse modelo está falido”, avaliou.
Ao relembrar a própria experiência de infância, o vereador reforçou a importância da proposta. “Eu mesmo tive que passar por baixo da catraca para ir e voltar da escola. O Catraquinha Livre buscava exatamente evitar essa humilhação e garantir dignidade às nossas crianças. Por isso considero o veto lamentável e absurdo”, concluiu.