Em Salvador, Padre Júlio Lancellotti defende taxação dos super-ricos e prega combate à desigualdade social
Por Victor Hernandes
Participando da programação festiva em honra a Santa Dulce, o padre Júlio Lancelotti celebrou uma Santa Missa, em Salvador, na manhã desta quinta-feira(7). Antes do início da celebração no Santuário de Santa Dulce, localizado na Cidade Baixa, o sacerdote concedeu entrevista à reportagem do Bahia Notícias e comemorou acerca da devoção à santa baiana.
“Eu acredito que o ‘dulcismo’ na sua essência é um segmento de Jesus, que é conflitivo, que é desafiador e que é, vou usar uma palavra meio complicada, mas é que é dissonante com o que esse mundo propõe. A meritocracia, não a misericórdia. Santa Dulce, o Dulcismo, é a misericórdia em ação, a compaixão, que são os sentimentos muito próprios da divindade de Deus, Pai de Jesus de Nazaré. Então, o nosso mundo meritocrático, individualista, competitivo, não é de Dulce, não tem Dulcismo."
O líder católico comentou também sobre a mensagem que traz a população baiana durante sua passagem na capital.
“A palavra sempre é essa: amar e servir os mais pobres. Não buscar força, nem glória, nem sucesso, mas serviço. A jarra e a bacia, o curativo, o afeto, o olhar, a palavra de partilho, o pão para todos”, observou.
O religioso comentou ainda sobre a associação a ideologias e bandeiras politicas e partidárias. Questionado pelo BN sobre os desafios enfrentados para lidar com críticas de seu trabalho voluntário, como é reconhecido em todo o país, Lancelotti pregou a luta e combate pelas desigualdades sociais. Ele defendeu ainda que a taxação dos super-ricos seja votada e aprovada no Congresso Nacional.
“Não estamos procurando vencer, nem procurando êxito, mas procurando a fidelidade até o fim. Eu sei, eu digo isso, que vou perder, mas não luto para ganhar. Luto para ser fiel até o fim. E até o fim nós vamos lutar e denunciar a desigualdade, como agora a dificuldade que o Congresso Nacional tem de aprovar a taxação das grandes fortunas”, manifestou o padre.
“Não querem, e isso é necessário, porque senão a desigualdade não acaba. Com uma mão, nós partilhamos o pão e com a outra, lutamos”, complementou.