VÍDEO: Juíza afirma que pessoas brancas com “nível escolar elevado” devem “dar exemplo para a sociedade”
Durante o julgamento de três réus acusados de tráfico de drogas em Goiânia, uma juíza afirmou que “pessoas brancas com nível escolar elevado” devem “dar exemplo para a sociedade”. A fala é da juíza titular da Vara de Custódia do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), Ana Cláudia Veloso Magalhães.
O episódio aconteceu na sessão realizada em 21 de novembro, por videochamada. Os acusados foram dois homens e uma mulher, pegos em flagrante com porções de maconha. Eles moram no Setor Marista e Setor Oeste, considerados bairros nobres de Goiânia, e no Setor Crimeia Leste.
“É com o olhar de muita tristeza que temos, nesse caso, pessoas que moram nos mais caros endereços da cidade, pessoas brancas com nível escolar elevado, que deveriam dar exemplo para a sociedade, trabalhando para edificar a sociedade. E não [trabalhar] por dinheiro, traficando drogas, objetivando matar nossos jovens, nossas crianças, nossos adolescentes, querendo destruir deliberadamente, dolosamente, nossas famílias”, disse. A gravação foi obtida pelo site Metrópoles.
Ana Cláudia Magalhães já protagonizou outros comentários sobre a cor dos réus ao proferir sentenças. Também no mês de novembro, em sessão realizada no dia 8, a magistrada converteu em preventiva a prisão de um homem suspeito de estuprar e obrigar mulheres a se prostituírem.
“Um homem que tem coragem de estuprar uma mulher não é homem. Um homem de verdade não estupra, não maltrata. Esse senhor mora num dos endereços mais caros de Goiânia, é branco, não vai nem falar que é racismo estrutural. Tem cultura, dinheiro e poder. Deveria estar dando exemplo para a sociedade”, disse a juíza.
Ela, que tem 57 anos, atua desde 2020 na vara de custódia da comarca de Goiânia. Também é integrante do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás; coordenadora estadual da Audiência de Custódia no Estado de Goiás e coordenadora do Comitê de Combate à Tortura desde 2021. Além de ser professora e palestrante na Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (Enfam), na Escola Judicial de Goiás (EJUG) e na Escola Superior da Magistratura de Goiás (Esmeg).