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O diretor do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), Marcelo Lemos relatou, nesta quinta-feira (11), um episódio de racismo sofrido por ele nas redes sociais. Em vídeo publicado em seu perfil, o gestor cultural conta que sofreu um ataque aos seus fenótipos negros após uma entrevista à Rádio Metrópole.
O comentário destacado do ataque dizia: “O cara não cuida nem do próprio cabelo que dirá de algo tão complexo quanto este instituto e suas demandas… Ah, antes me chamem de racista, sou pardo como ele… a realidade é que visível que esse cara não tem estoufo para gerir algo tão complexo”.
Na publicação, o diretor ressalta que compareceu ao Centro Policial de Cidadania e Diversidade (CPCD), unidade especializada da Polícia Civil que abriga a Delegacia Especializada de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa (DECRIN), para a formalização da denúncia de injúria racial.
“Tentaram questionar minha competência a partir do meu cabelo, da minha estética, da minha identidade. Não deixarei passar. Racismo é crime e o ambiente digital não é terra sem lei.”, escreveu Lemos na legenda.
E completou: “Para construirmos uma sociedade verdadeiramente antirracista, precisamos enfrentar cada violência com firmeza, responsabilidade e coragem. Seguimos?????”
Yaya Touré voltou a comentar publicamente a relação conturbada que teve com Pep Guardiola nos períodos em que trabalharam juntos no Barcelona e no Manchester City. Em entrevista ao canal espanhol Zack, repercutida pelo jornal Marca nesta semana, o ex-jogador afirmou que se sentiu afastado pelo treinador nas duas passagens e retomou suspeitas de discriminação.
Touré declarou que, na visão dele, Guardiola mantinha uma postura hostil desde os tempos de Barcelona. O marfinense contou que sua esposa também via o técnico de maneira negativa.
"Minha esposa sempre me dizia sobre Guardiola: 'Ele é o diabo, não é um homem, é maligno'", afirmou. Ele descreveu a convivência como marcada por tensão: “Não vejo um homem, vejo uma cobra… Ele me tratou como se eu fosse pó."
Segundo o Marca, Touré relatou que a ruptura começou a ganhar forma quando perdeu espaço para Sergio Busquets no Barça. Na última temporada pelo clube catalão, disputou apenas nove partidas como titular. Ele disse ter acreditado que sua boa participação na Copa do Mundo de 2010 poderia mudar o cenário, mas declarou que permaneceu fora dos planos do treinador, o que culminou na transferência para o Manchester City.
A chegada de Guardiola ao clube inglês, em 2016, trouxe novas frustrações, de acordo com o ex-meio-campista. Touré afirmou que, mesmo após anos de protagonismo no time, voltou a ser deixado no banco. Ele disse ter analisado seus números físicos na tentativa de entender os motivos.
"Quando percebi que eram tão bons quanto, ou até melhores que, os dos jogadores mais jovens, entendi que não era um problema físico."
O marfinense também mencionou ter cogitado questões raciais: "Cheguei a me perguntar se era por causa da cor da minha pele. Não sou o único. Alguns jogadores do Barcelona também já se questionaram sobre isso."
Em outras ocasiões, seu então empresário, Dimitri Seluk, já havia feito críticas semelhantes ao treinador.
Touré encerrou a entrevista dizendo que pretende contestar a imagem pública construída ao redor de Guardiola e afirmou ter a sensação de que o técnico tentou limitar seu espaço no período final de sua passagem pelo City: "Tenho a sensação de que ele fez tudo o que pôde para arruinar minha última temporada."
A La Liga encaminhou ao Comitê de Competição da RFEF e à Comissão Antiviolência uma denúncia por ofensas dirigidas a Vinícius Júnior e Raúl Asencio durante a partida entre Athletic Bilbao e Real Madrid, disputada no estádio San Mamés. O relatório aponta que parte da torcida local proferiu insultos ao longo do jogo, com ataques reiterados a Vini Jr. e até ameaças direcionadas a Asencio.
A ocorrência integra o documento semanal produzido pela entidade, que reúne registros de cânticos ofensivos, intolerantes ou que estimulem violência nas arquibancadas. Segundo o texto, Vini Jr. chegou a reagir às provocações após repetidas hostilidades, situação também mencionada pelo goleiro Courtois. A La Liga afirma que os insultos partiram de um setor específico do estádio e ocorreram em mais de um momento da partida.
O relatório descreve da seguinte forma os episódios registrados:
"O grosso das denúncias se concentra no Athletic x Madrid, disputado ontem em San Mamés. Asensio e Vinicius, que terminou se defendendo diante da insistência, como denunciado por Courtois, foram o foco dos insultos por parte de uma parcela da torcida."
"Aos 19 minutos, um grupo de torcedores situados entre os setores 105 e 110 da Tribuna Norte Baixa, na nova Grada Popular de Animação e logo abaixo das faixas 'Íñigo Cabacas' e 'Herri Harmaila', entoou de forma coral e coordenada, por cerca de 10 segundos, o cântico: 'Tonto, tonto', dirigido ao jogador visitante Vini Jr."
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu continuidade, nesta quinta-feira (27), ao julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 973, que discute uma eventual omissão do Estado no enfrentamento às violações de direitos da população negra. Até o momento, todos os oito ministros que votaram reconheceram a existência de racismo estrutural e de violações graves, embora haja divergências sobre a configuração de um "estado de coisas inconstitucional". O julgamento será retomado em data a ser definida.
Três votos já proferidos, os do relator, ministro Luiz Fux, e dos ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, adotaram a tese do "estado de coisas inconstitucional". De acordo com essa doutrina, a situação se caracteriza por uma violação massiva, contínua e estrutural de direitos fundamentais que atinge um grande número de pessoas, exigindo atuações coordenadas dos Poderes do Estado para ser superada. Para essa corrente, há uma omissão estatal sistêmica, que demanda a adoção de um plano nacional de enfrentamento ao racismo com participação do Judiciário.
A ministra Cármen Lúcia defendeu que a comprovação do estado inconstitucional se dá pela "insuficiência de providências tomadas pelo poder público, que não ofereceu resposta adequada ao racismo histórico e estrutural". Ela afirmou que a Constituição Federal "precisa ser plena para negros e brancos, e para isso é preciso haver providências do poder público e da sociedade em geral".
Outros cinco ministros, Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, embora tenham reconhecido o racismo estrutural e as graves violações, não acolheram a tese do "estado de coisas inconstitucional". O entendimento comum entre eles é que existe um conjunto de medidas já adotadas ou em andamento para sanar as omissões históricas.
Para o ministro Cristiano Zanin, "se há políticas públicas sendo implementadas, não é o caso de se reconhecer um estado inconstitucional, mas uma situação de insuficiência de providências". Ele citou julgamentos anteriores do Tribunal, como a ADPF das Favelas e a ADPF sobre a Amazônia, onde o STF também não reconheceu a figura da omissão total.
O ministro André Mendonça concordou com a existência de racismo estrutural no país, mas ponderou que, a seu ver, "não está caracterizado o chamado racismo institucional". Em sua avaliação, o racismo está presente na sociedade, "mas não de forma institucionalizada".
Alexandre de Moraes acrescentou que, desde a Constituição de 1988, "houve avanços no combate ao racismo estrutural no âmbito dos três Poderes, com leis mais protetivas, a criação de estruturas e órgãos de promoção da igualdade racial e ações afirmativas". O ministro argumentou que "não se pode dizer que, ao longo desses 37 anos, tenha havido, por parte do Estado brasileiro, uma política voltada para a manutenção do racismo estrutural".
Apesar da divergência sobre o enquadramento jurídico, a totalidade dos votos proferidos até agora converge para o reconhecimento de violações sistêmicas e para a necessidade de o poder público adotar providências efetivas de reparação.
Um levantamento do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (Ispe) realizou um apanhado dos casos de injúria racial registrados na Bahia entre 2022 e 2024. Conforme o estudo, as denúncias têm crescido, em média, 15% ao ano, chegando a 4.304 casos no somatório do período analisado. Salvador é a cidade com o maior número de registros, chegando a 1.301 vítimas, representando, aproximadamente, 30% do total.
Chamando de “racismo territorializado, conforme o Ispe, há um certo “padrão” nas acusações, geralmente, com sua maioria sendo concentrado em bairros de “alta renda” da capital baiana. O estudo aponta que Caminho das Árvores (129), Pituba (101), Itapuã (101) e Barra (96), juntos, chegam a 32,3% de todas as denúncias de racismo em Salvador entre 2022 e 2024.
“Esse crescimento pode indicar tanto maior conscientização e confiança nas denúncias quanto a continuidade das práticas discriminatórias naturalizadas. Em Salvador, bairros como Caminho das Árvores, Pituba, Brotas e Itapuã, registram mais vítimas. É urgente fortalecer políticas de educação antirracista, ampliar o acesso à informação e fortalecer os protocolos de atendimento e acolhimento às vítimas”, diz o estudo.
Os outros bairros destacados com uma maior quantidade de denúncias foram: Brotas (91), Rio Vermelho (66), Liberdade (54), Cabula (50), Centro (49) e Dois de Julho (47). Confira o mapa elaborado pelo estudo:

Casos de raciscmo por bairro em Salvador | Imagem: Reprodução / Ispe
O Ispe afirma que os casos ocorrem em situações de “zonas de convivência interclassista” e com “contrastes de poder, status e pertencimento racial”. Além disso, foi constatado que as denúncias ocorrem mais em residências, ambientes de trabalho e nas escolas. Sábado e domingo são os dias com maior concentração de casos, assim como a faixa de horário entre às 9h e 11h.
OS PERFIS
Sobre as profissões das vítimas, a maioria se tratava de estudantes (128), trabalhadores autônomos (52), aposentados (35) e professores (24). 52,73% dos denunciantes são mulheres, sendo a maior parte delas, cerca de 18%, tendo entre 24 e 35 anos. Ainda conforme o Ispe, cerca de 77% das vítimas são heterossexuais, aproximadamente 18% são homossexuais e 4,7% se identificam como bissexuais.
No estudo, foram identificados 1.255 supostos agressores. Destes, 31 são estudantes, 19 são aposentados e 14 são empresários e trabalhadores autônomos. Também há casos de comerciantes, advogados, seguranças e policiais militares denunciados. 252 supostos autores se identificaram como pardos, 236 como brancos, 119 como pretos e 7 como indígenas ou amarelos. 96,14% são heterossexuais, 2,8% homossexual e 1,05% bissexual.
METODOLOGIA
A fonte utilizada pelo Ispe foi o Sistema de Procedimentos Policiais Eletrônicos (PPE) da Polícia Civil da Bahia, integrado ao Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública (Sinesp), consolidando os Boletins de Ocorrência (BOs).
Indicadores populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2022) para contextualização territorial e cálculo de taxas.
A tipificação legal considerada foram os BOs tipificados como "Racismo/Injúria Racial", conforme a Lei nº 7.716/1989 e o artigo 140, §3º do Código Penal, atualizado pela Lei nº 14.532/2023 (que equiparou a injúria racial ao crime de racismo a partir de janeiro de 2023).
Para a consolidação dos dados, foram excluídos os BOs que sugeriam exclusivamente homofobia, transfobia, intolerância religiosa e xenofobia.
O influenciador digital Vinícius Oliveira Santos, conhecido como Boca de 09, foi vítima de racismo durante uma live nas redes sociais.
No registro que ficou salvo pela plataforma, a cena acontece quando o baiano entra em uma conversa com uma mulher estrangeira. Durante a transmissão, a moça, que não teve o nome revelado, exibe imagens de macacos e aponta para o influenciador.
????ABSURDO | Influenciador mirim conhecido nas redes sociais como “Boca de 09” foi vítima de racismo ao abrir live com mulher estrangeira.
— Politiquei Br (@Politiquei_Br) November 22, 2025
No decorrer da live, a mulher mostrou diversas imagens de macacos, insinuando que o jovem seria semelhante ao animal. pic.twitter.com/qUzWwa0xky
Surpreso com o comportamento da mulher, Boca de 09 grita durante o vídeo: "Me chamou de macaco, em live, em rede nacional, não acredito nisso".
A mulher ainda aponta para o nariz do jovem, que Boca de 09 interpretou como se ela tivesse chamado ele de "nariz de porco".
No Brasil, racismo é crime inafiançável e imprescritível, previsto na Lei nº 7.716/1989 e, mais recentemente, com a Lei nº 14.532/2023, a injúria racial foi equiparada ao crime de racismo.
As penas para o racismo e a injúria racial podem variar, mas agora são mais rigorosas, com a possibilidade de reclusão de 2 a 5 anos para ofensas relacionadas à raça, cor, etnia ou procedência nacional.
A Polícia Civil da Bahia lançou, nesta quarta-feira (19), o estudo "Quando a cor da pele define o alvo – Racismo, território e desafios para a sociedade baiana (2022–2024)". O documento, elaborado pelo Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (ISPE), reúne e analisa aproximadamente 4,5 mil ocorrências relacionadas a crimes de racismo e injúria racial registradas nas delegacias do estado. O lançamento ocorreu durante um evento no Museu Eugênio Teixeira Leal, em Salvador, em alusão ao Dia Nacional da Consciência Negra.
O relatório, apresentado pelo responsável estatístico do ISPE, Evaldo Simões, examina a evolução desses crimes com base nos boletins de ocorrência. Conforme o estudo, o objetivo é oferecer informações para a tomada de decisões estratégicas pelos órgãos gestores e contribuir para o debate sobre os impactos do racismo na sociedade.
O diretor do ISPE, Omar Andrade Leal, destacou a finalidade do levantamento. "Iniciamos este estudo com base em dados criminais e estatísticos para compreender, de forma precisa, o cenário do racismo na Bahia. Ao analisar esses indicadores, conseguimos revelar onde e como esses crimes ocorrem, fornecendo à sociedade elementos que reforçam a necessidade de ações estruturadas, dignidade humana e políticas públicas mais efetivas", afirmou.
O delegado titular da Delegacia de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa (Decrin), Ricardo Amorim, enfatizou a utilidade do relatório para as investigações. "Este é um momento de reflexão sobre desigualdades, sobre os crimes de racismo e sobre como podemos enfrentá-los de maneira eficaz. Com o estudo apresentado, a Decrin poderá aprimorar sua atuação, identificando territórios mais afetados, orientando a população e fortalecendo o combate a essas práticas no estado", disse.
A diretora do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Vítimas de Violência (DPMCV), Juliana Fontes, reafirmou o compromisso institucional. "A atividade apresenta dados importantes para refletirmos sobre a luta constante pela Consciência Negra e conta com ações firmes do DPMCV, que não permitirá qualquer forma de preconceito, racismo ou intolerância. A dignidade humana é um direito universal, e a Polícia Civil não admitirá práticas discriminatórias", declarou.
O evento contou com a presença de representantes de diversas secretarias estaduais, como a da Igualdade Racial (Sepromi) e da Segurança Pública (SSP), além de entidades do movimento negro, lideranças religiosas e instituições como a Defensoria Pública e a Polícia Militar. O estudo completo está disponível para acesso público.
Um vídeo que passou a circular nas redes sociais na última segunda-feira (18) registra torcedores do Avaí protagonizando cenas de racismo e xenofobia, registradas no último sábado (15), durante o confronto com o Remo pela 37ª rodada da Série B, na Ressacada. As ofensas partiram de um grupo nas arquibancadas, liderado por uma mulher, e foram direcionadas aos torcedores paraenses que acompanhavam o time visitante. Assista:
VÍDEO: Torcedores do Avaí proferem insultos racistas e xenofóbicos contra torcida do Remo
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) November 18, 2025
Confira ?? pic.twitter.com/2OhDpIfETs
No vídeo, ela grita frases depreciativas sobre a cor da pele e a condição socioeconômica de torcedores do Remo, além de insultos com conotação regionalista. Mesmo diante da tentativa de um rapaz ao lado dela de interromper os ataques, a mulher segue com as ofensas.
A repercussão levou o Ministério Público de Santa Catarina a agir rapidamente: um procedimento administrativo foi instaurado, e ofícios foram enviados à Polícia Militar para localizar um eventual boletim de ocorrência e ao Avaí, que deverá auxiliar na apuração dos fatos. A súmula da partida, porém, não registra acionamento do protocolo antirracista da Fifa.
O Avaí se manifestou oficialmente, classificando o episódio como inaceitável, afirmando que já iniciou o processo para identificar a torcedora que aparece nas imagens e informou que ela será impedida de frequentar eventos do clube por tempo indeterminado. O Leão da Ilha também declarou que colaborará integralmente com as autoridades.
O Remo, por sua vez, lamentou publicamente o caso, descrevendo a cena como “repugnante” e cobrando que a situação não fique impune.
Leia abaixo abaixo as notas oficiais de Avaí e Remo na íntegra:
Avaí:
"O Avaí Futebol Clube reitera seu posicionamento de repúdio inequívoco e total à conduta racista e xenófoba manifestada por uma torcedora durante a partida entre Avaí x Remo.
O racismo é um crime grave que não pode ser tolerado dentro ou fora dos estádios.
Por isso, queremos esclarecer à nossa torcida e à sociedade as ações que estão sendo tomadas e que reforçam nossa postura:
Identificação e Acompanhamento:
Tão logo tivemos ciência do ocorrido, iniciamos o processo de identificação da pessoa responsável. Estamos em total colaboração com as autoridades competentes para que as investigações sejam concluídas e as sanções legais, aplicadas.
Medidas Internas:
Após a identificação, a torcedora terá seu acesso aos eventos do clube, como jogos e atividades, imediatamente suspenso por tempo indeterminado.
Compromisso Social:
O Avaí não se exime de sua responsabilidade social. Reafirmamos nosso compromisso de promover ações e campanhas educativas para combater o racismo e todas as formas de discriminação. É nosso dever usar o alcance do futebol para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
O Avaí Futebol Clube é um espaço de paixão e união. Atos racistas de indivíduos não representam a grandeza e os valores da nossa torcida. Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista."
Remo:
"O Clube do Remo vem a público repudiar o episódio de xenofobia e injúria racial sofrido por torcedores azulinos na partida de sábado (15), diante do Avaí, no estádio da Ressacada, em Florianópolis, pelo Campeonato Brasileiro da Série B.
Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Clube do Remo não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição dos envolvidos.
O racismo e a xenofobia são crimes e precisam de uma resposta à altura da gravidade dos fatos ocorridos. É preciso, ainda, reiterar o compromisso do Clube na luta contra qualquer tipo de discriminação, sendo tais condutas incompatíveis com os valores e história do clube que se orgulha de representar a região norte e, principalmente, o estado do Pará.
A intolerância e o preconceito precisam ser combatidos, seja no esporte ou em qualquer lugar na sociedade."
O JOGO
Enquanto o caso repercutia fora das quatro linhas, o Avaí colocou fim à série invicta de oito jogos do Remo. O time de Florianópolis venceu por 3 a 1 e embolou a briga pelo acesso. Agora em quinto lugar, o Leão Azul — treinado por Guto Ferreira, velho conhecido da torcida do Bahia — terá um confronto direto com o Goiás, quarto colocado. Uma vitória coloca o Remo à frente do Esmeraldino, mas o clube ainda dependerá de um tropeço da Chapecoense para manter vivo o sonho de chegar à Série A.
A Bahia é o estado brasileiro com maior proporção de pessoas pretas (24,4%) e o segundo com mais pessoas pretas ou pardas (80,7%). No entanto, apenas 136 dos 417 municípios do estado contam com alguma estrutura administrativa de promoção à igualdade racial. As informações são da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2024 divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (31).
A proporção, embora superior à média nacional (23,9%), coloca a Bahia apenas na 9ª posição entre os estados brasileiros. Acre (81,8%), Amapá (75%) e Rio de Janeiro (46,7%) lideram o ranking. Santa Catarina (8,1%) e Tocantins (8,6%) amargam entre os últimos colocados.
Conforme o estudo, dos 136 municípios baianos com órgãos voltados à igualdade racial, apenas cinco contam com secretarias exclusivas para o tema. São os casos de Cachoeira, Campo Formoso, Itaguaçu da Bahia, Salvador e Saubara.
Em 89,7% dos casos, essas estruturas estão subordinadas a outras secretarias, principalmente à de Assistência Social. Em três em cada quatro cidades com órgãos dedicados ao tema (75,7%), existem programas ou ações voltados à população negra, índice acima da média nacional (67,2%).
A Bahia também se destaca pelo número de municípios com ações para quilombolas (63,2%) e povos de terreiro (61%). Por outro lado, apenas 20,6% dos municípios com estrutura de igualdade racial desenvolvem políticas para a população indígena, proporção abaixo da média nacional (28,5%).
O dado contrasta com o Censo 2022, que aponta a Bahia como o segundo estado com maior população indígena do país, com cerca de 230 mil pessoas distribuídas em 411 municípios.
FALTA DE ORÇAMENTO
Mesmo com 136 prefeituras atuando na área, somente 13 municípios baianos (3,1%) previram recursos orçamentários para políticas de igualdade racial em 2023. Apesar de pequena, a proporção foi superior à média nacional (1,8%).
Entre as cidades que destinaram verbas, apenas Alagoinhas, Camaçari, Feira de Santana e Salvador conseguiram executar mais de 90% do orçamento previsto. Outras, como Pojuca e Santa Bárbara, não aplicaram os recursos.
PROGRAMAS MAIS COMUNS
O tipo de ação mais adotado pelas gestões municipais foi o de promoção da igualdade racial e combate ao racismo, presente em 146 cidades (35%). Em seguida, vêm políticas de liberdade religiosa (22,8%) e educação para relações étnico-raciais (22,5%).
Mesmo assim, quase metade das prefeituras baianas (48,9%) não desenvolvem nenhuma política ou programa voltado à igualdade racial. Ainda assim, o estado apresenta um desempenho melhor que a média nacional (64,5%).
DENÚNCIAS DE RACISMO
Em 134 dos 417 municípios (32,1%), há órgãos responsáveis por receber e acompanhar denúncias de discriminação racial, número próximo à média nacional (31,9%). O ranking é liderado por Rio de Janeiro (52,2%), Pernambuco (49,2%) e Alagoas (45,1%).
O Jacobina Esporte Clube denunciou um caso de racismo ocorrido durante a partida contra o Estrela de Março, no último sábado (25), pelo Campeonato Baiano Sub-17. De acordo com o clube, um jogador adversário teria ofendido um atleta do Jacobina com insultos racistas, chamando-o de “macaco”.
O árbitro da partida interrompeu o jogo após ser informado do ocorrido, seguindo o protocolo da Federação Bahiana de Futebol (FBF) para situações de discriminação. O Jacobina comunicou que o caso já foi levado às autoridades e que tomará todas as medidas cabíveis para responsabilizar o agressor.
O Jacobina Esporte Clube denunciou um caso de racismo ocorrido durante a partida contra o Estrela de Março, neste sábado (25), pelo Campeonato Baiano Sub-17. De acordo com o clube, um jogador adversário teria ofendido um atleta do Jacobina com insultos racistas, chamando-o de “macaco”.
O árbitro da partida interrompeu o jogo após ser informado do ocorrido, seguindo o protocolo da Federação Bahiana de Futebol (FBF) para situações de discriminação. O Jacobina comunicou que o caso já foi levado às autoridades e que tomará todas as medidas cabíveis para responsabilizar o agressor.
Em comunicado publicado nas redes sociais, o clube destacou que repudia veementemente qualquer forma de preconceito. “O Jacobina mantém seu compromisso com o respeito, a igualdade e o combate ao racismo. Não aceitaremos atitudes discriminatórias em hipótese alguma”, afirmou a nota.
Um episódio de racismo marcou a partida entre Batel Guarapuava e Nacional-PR, disputada no último sábado (4), em Guarapuava, pela Taça FPF. Durante o jogo, o volante Diego, do Batel, chamou o zagueiro Paulo Vitor (PV), do Nacional, de “macaco” durante uma discussão em campo.
A ofensa gerou imediata reação de PV, que desferiu um soco no adversário. Diego caiu no gramado e precisou ser atendido por uma ambulância. O árbitro Diego Ruan Pacondes da Silva aplicou o protocolo antirracismo da FIFA, cruzando os braços em “X”, e registrou o ocorrido na súmula da partida.
Apenas PV foi expulso, enquanto Diego permaneceu até o fim do jogo. O Batel venceu por 1 a 0, garantindo a classificação e eliminando o Nacional da competição. Após o confronto, PV desabafou nas redes sociais.
“Quero deixar minha indignação com o ocorrido do último jogo em que fui vítima de racismo. Não sou a favor da violência, mas parece que só assim eles sentem na pele. Quem é da cor vai entender minha reação. Espero que a justiça seja feita e que casos como esse — não só no futebol — sejam resolvidos e não julgados como vitimismo. Fogo nos racistas”, publicou.
Horas depois, o Batel Guarapuava anunciou a demissão imediata do volante Diego. Em nota oficial, o clube afirmou que o jogador “foi desligado de suas atividades e não integra mais o elenco profissional”. A diretoria declarou ainda “repudiar veementemente qualquer forma de preconceito, racismo ou discriminação” e reforçou o compromisso com “o respeito, a igualdade e os direitos humanos”.
Duas mulheres negras relataram ter sido vítimas de racismo na porta do bar Pirambeira, localizado no bairro da Pituba, em Salvador, na noite do sábado (22). Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eisa e a amiga, Aline, detalharam a sequência de eventos que as impediu de entrar no local, mesmo com clientes brancos tendo acesso liberado, segundo relato das duas.
De acordo com o vídeo, elas chegaram ao bar por volta das 18h e permaneceram na porta até as 21h sem conseguir entrar. "Nesse período houve várias pessoas que entraram no ambiente. Com várias justificativas e a gente não conseguir entender porque a gente não estava conseguindo entrar, sendo que várias pessoas que tinham chegado antes da gente ou depois da gente estavam entrando, estava tendo livre acesso ao local", afirmou Eisa.
A justificativa dada pela recepcionista era a de que não havia mesas disponíveis. As mulheres contestaram a informação. "A gente vendo que as pessoas estavam entrando mesmo sem mesa e ficando em pé", disse.
Eisa descreveu ter sido mal atendida ao questionar o motivo. "Fui muito mal recebida, muito mal atendida por um perfil de uma mulher branca, loira, que se recusou a ouvir a minha queixa ali naquele momento", afirmou. A mesma recepcionista, segundo o relato, teria então as convidado a entrar para verificar que o ambiente estava lotado.
De acordo com Eisa, ao entrar no local conseguiram encontrar um espaço. "Conseguimos uma mesa que gente poderia ficar, onde as pessoas também estavam em pé. Nesse momento o garçom se aproximou e a gente questionou, a gente disse: "Não, mas a gente pode ficar aqui, fomos convidadas, a gente pode ficar aqui. E o garçom falou: "Olha, só se ela permitir". Sendo que ela já tinha permitido que duas pessoas fizessem a mesma coisa antes", explicou Eisa.
Ainda em relato, as mulheres falaram que ao retornarem para a porta do estabelecimento, outras pessoas teriam comentado com elas. "Olha, quando vocês entraram, a outra recepcionista falou que a gente ainda tinha sorte de estar naquele local".
"O que para mim era só uma dúvida do que estava acontecendo ali, dos meus receios, já de não frequentar a Pituba, não frequentar outros bares, se confirmou. Não é por causa do dinheiro, porque o dinheiro elas não sabiam nem quanto a gente recebia. É por causa da cor", disse.
Na legenda da postagem Eisa reforçou: "Racismo não é mal-entendido, não é opinião: é crime". Ela ainda fez um apelo para que amigos e frequentadores do local reflitam sobre o ocorrido. "Hoje eu saí para me divertir e voltei chorando".
Veja relato:
A rede de farmácias Raia Drogasil foi condenada a pagar R$ 56 mil em indenização a uma ex-funcionária, Noemi Ferrari, que foi vítima de ofensas racistas em seu primeiro dia de trabalho em 2018.
O vídeo do incidente viralizou recentemente nas redes sociais, após Noemi decidir divulgá-lo.
???? GATILHO DE RACISM0 ????
— Claudio Sem Acento (@claudiopedrosa8) September 11, 2025
Será que DROGASIL @DrogasilOficial vai tomar providências.
Cara isso tem que viralizar, isso é crime e olha o constrangimento que a coitada passou.
Tadinha gente, vamos ajudar a punir os responsáveis. pic.twitter.com/8y0cvqfcFt
Na gravação, feita em uma unidade de São Caetano do Sul (SP), uma farmacêutica da empresa dá as boas-vindas a Noemi, e em tom de deboche, diz que a nova funcionária estava "escurecendo a nossa loja" e que a "cota" para pessoas negras tinha acabado.
Noemi, que tinha 18 anos na época do ocorrido, relatou ter ficado em choque e chorou no banheiro.
Segundo a jovem, a perseguição continuou, e quando ela foi promovida, a gerente da primeira loja divulgou o vídeo novamente no grupo de trabalho de seus novos colegas. A profissional permaneceu na empresa até 2022, quando foi demitida.
Para a Justiça do Trabalho, o caso se enquadrou como racismo estrutural e recreativo. A juíza responsável pela decisão afirmou que o "racismo recreativo é tão ofensivo quanto qualquer outra prática discriminatória" e que a empresa falhou em proteger a funcionária.
Por meio de nota, a RD Saúde (novo nome da Raia Drogasil) lamentou o ocorrido e destacou seus investimentos em diversidade e inclusão, afirmando que 50% de seus cargos de liderança são ocupados por pessoas negras.
O Conselho Federal de Farmácia também repudiou o caso, reforçando que racismo é crime.
O atacante Igor Bolt, do Náutico, denunciou ter sido vítima de racismo durante a vitória do time pernambucano sobre o Brusque por 1 a 0, na noite do último domingo (7), pela Série C do Campeonato Brasileiro. O jogador relatou às autoridades que foi chamado de "macaco", no estádio Augusto Bauer, por um torcedor do clube catarinense no segundo tempo da partida.
Bolt registrou um Boletim de Ocorrência na delegacia instalada no local. Em nota, o Náutico afirmou que o agressor foi identificado e entregue às autoridades ainda no estádio. O clube também prestou solidariedade ao atleta e prometeu dar todo suporte necessário.
"É inaceitável tamanho ato de racismo. Nenhum esforço será poupado para que o racista seja responsabilizado e responda pelos seus atos", destacou o comunicado. Leia na íntegra abaixo:
O Clube Náutico Capibaribe vem a público se solidarizar com o atleta Igor Bolt, que sofreu um ataque racista durante a partida contra o Brusque, no estádio Augusto Bauer, em Santa Catarina.
— Náutico (@nauticope) September 8, 2025
O clube informa que o agressor foi identificado e entregue às autoridades. Bolt se… pic.twitter.com/eawg2iHVHD
A Polícia Civil de Santa Catarina ainda não se pronunciou sobre o caso. O Brusque, time adversário, também não se posicionou até a última atualização desta matéria.
Dentro de campo, o Timbu assumiu a liderança do grupo no quadrangular de acesso à Série B, ao lado da Ponte Preta, que também venceu o Guarani por 1 a 0, no sábado (6). Na próxima rodada, o Alvirrubro enfrenta o Guarani, nos Aflitos.
Revelado no Resende, do Rio de Janeiro, o Igor Bolt, de 24 anos, soma passagens por São Bento, Grêmio Prudente, Volta Redonda, Amazonas, Vila Nova, XV de Piracicaba e Vila Nova. Com cinco jogos somados no Náutico, tem apenas um gol marcado nesta temporada.
O atacante Raphinha, do Barcelona e da Seleção Brasileira, usou as redes sociais nesta sexta-feira (5) para relatar um episódio que envolveu seu filho Gael, de apenas 2 anos, durante visita ao parque da Disney em Paris. O jogador contou que a criança teria sido ignorada por um dos funcionários caracterizados como o personagem Tico e Teco, enquanto outras crianças recebiam abraços e atenção.
“Seus funcionários são uma desgraça. Vocês não deveriam tratar as pessoas assim, especialmente uma CRIANÇA. Vocês deveriam fazer as crianças felizes, não desprezar uma criança [...] Eu entendo o cansaço de quem trabalha com isso, mas por que todas as crianças brancas foram abraçadas e meu filho não foi?”, questionou o brasileiro.
Nos registros compartilhados por Raphinha, é possível ver Gael estendendo os braços para o personagem em busca de carinho. O funcionário, entretanto, interage com outras crianças ao redor, sem dar atenção ao menino.
O jogador evitou usar explicitamente o termo “racismo”, mas classificou o gesto como uma forma de discriminação. “Prefiro chamar de desprezo, para não dizer outra coisa. Ele só queria um oi e um abraço. Sorte a de vocês que ele ainda não entende”, escreveu.
Os registros que Raphinha divulgou em suas redes sociais foram feitos pela mãe de Gael, que acompanhava o momento no parque. O jogador segue em ritmo intenso de compromissos: na última quinta-feira (4), esteve em campo pelo Brasil nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Titular no duelo realizado no Maracanã, o meia do Barcelona participou da vitória por 3 a 0 sobre o Chile. O próximo desafio da equipe comandada por Carlo Ancelotti será contra a Bolívia, nesta terça-feira (9) fora de casa.
???? Gael, filho de Raphinha, foi ignorado por um personagem na Disneylândia em Paris e o jogador soltou o verbo através do seu Instagram:
— Barça News Brasil (@FcbnewsBR) September 5, 2025
pic.twitter.com/hjUMt4g5dS
A ex-BBB Sol Veiga, que participou da 4ª edição do reality show da Globo, desabafou nas redes sociais pelo apagamento em uma peça teatral da qual ela seria protagonista.
No Instagram, Sol afirmou que a imagem dela foi excluída da peça de divulgação do espetáculo, sendo trocada por uma foto de uma menina branca.
"Eu fui ver o flyer da peça e estava de uma menina branca. Sendo que eu sou a protagonista e sou negra, e o menino que é protagonista também é negro", afirmou.
Sol conta que procurou o diretor para se queixar e recebeu dele uma resposta inesperada. "Ele disse que eu estava com racismo de gente branca' e disse que não ia mudar".
Após a queixa, a ex-BBB foi retirada do grupo da peça no WhatsApp. "É falta de consideração, sendo eu, uma mulher preta, fazendo a peça, no mínimo a arte tem que ser de uma menina preta. Por que colocar um branco lá se não é um branco que está fazendo? Que mundo que ele vive? De não aceitar que está errado", afirmou.
A atriz lamentou o fato de sempre estar escondida, mesmo com a qualificação que tem. "Eu me formei como atriz, fiz vários workshops, estudei em vários lugares. Estes dias, eu peguei um texto num dia, decorei e no outro dia estava apresentando lá no Teatro Miguel Falabella. Aí você é protagonista de uma peça que a peça não te divulga. Pelo amor de Deus. A gente sempre é escondido".
A atriz Gabz, que interpretou a protagonista Viola na novela 'Mania de Você', fez um desabafo nas redes sociais após ser alvo de ataques racistas na internet.
Em uma postagem feita no X, antigo Twitter, a artista disse que está entrando com processo após reunir todas as mensagens de ódio, mas decidiu falar sobre o caso.
“Eu não trouxe isso a público porque estou em processo de lidar com isso judicialmente. As coisas não são simples nem rápidas para processar criminalmente racistas. Eu não quero dinheiro, eu quero cadeia para essas pessoas!”, afirmou.

Uma das mensagens expostas por Gabz foi a de um perfil com uma foto de casal que comentava a novela no Instagram e a chamou de "macaca".
“Essa mensagem é só um exemplo do que rola. Essa, por acaso, ficou de fora do levantamento que fiz com advogados para tentar que a lei antirracista que temos seja mais firme e realmente gere punições! Por isso ela está aqui, me sinto na obrigação de mostrar e reforçar que isso não vai passar batido. Eu não aceito e jamais vou aceitar, e muito menos retroceder. Continuarei com minha carinha preta existindo, sonhando e não sendo invisível!", disse.
A pena para o crime de racismo no Brasil, conforme a Lei nº 7.716/89, é de reclusão de dois a cinco anos, além de multa.
O Real Betis anunciou, na manhã desta quarta-feira (20), que parte da arquibancada do Estádio de La Cartuja, em Sevilha, será interditada na próxima partida do clube. A medida atende a uma punição imposta pelo Comitê de Disciplina da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) após gritos racistas e xenófobos registrados na temporada passada.
"A medida chega após a conclusão do processo aberto contra o clube em virtude dos gritos xenófobos e racistas que dois torcedores dirigiram a jogadores do Athletic Club no último mês de fevereiro, durante a partida da 22ª rodada disputada no Benito Villamarín", explicou o Betis em comunicado oficial.
Segundo o clube, a sanção será aplicada já nesta sexta-feira (22), no duelo contra o Alavés, e afetará cerca de 200 assentos. Os sócios impactados pela interdição receberão uma notificação oficial.
"O Comitê de Disciplina da RFEF sancionou o Real Betis Balompié com o fechamento parcial de um setor da arquibancada do estádio", informou a entidade.
Atualmente, o Betis está mandando seus jogos em La Cartuja por conta da remodelação do Estádio Benito Villamarín, onde o episódio de racismo ocorreu. O clube também reforçou seu posicionamento contra qualquer ato discriminatório em nota oficial.
???? Comunicado oficial del Real Betis Balompié.
— Real Betis Balompié ???????? (@RealBetis) August 20, 2025
? https://t.co/C0h0baaTMt pic.twitter.com/4VCmMdNE2S
"O Betis reitera sua condenação a qualquer comportamento racista ou xenófobo, que em nenhum caso representa sua torcida”, cita trecho da nota.
As inscrições para o seminário “Racismo no Futebol – O Combate à Discriminação nos Estádios” estão abertas. A conferência ocorre nesta sexta-feira (22), das 8h às 18h, no auditório do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), em Salvador. O evento gratuito é promovido em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e tem o objetivo de ampliar o debate institucional sobre o tema. O ex-goleiro Aranha, vítima de um caso de racismo que ganhou repercussão, é um dos painelistas.
Em 2014, quando defendia o Santos, foi insultado por torcedores do Grêmio durante partida da Copa do Brasil em Porto Alegre, o que levou à eliminação do clube gaúcho da competição.
Também participarão do encontro o presidente do STJD, Luís Otávio Teixeira; o ministro do TST e conselheiro do CNJ, Caputo Bastos; o presidente do Bahia, Emerson Ferretti; o ex-presidente do clube e atual mandatário do Ypiranga, Guilherme Bellintani; o presidente do Conselho Deliberativo do Vitória, Nilton Almeida; além da ex-zagueira Viola e da árbitra assistente FIFA Daniella Coutinho Pinto.
A programação inclui quatro painéis temáticos: Sistema Judicial no Enfrentamento ao Racismo; A Justiça Desportiva no Combate à Discriminação; Sociedade Civil, Clubes de Futebol e Árbitros no Enfrentamento ao Racismo; e Vítimas de Discriminação, Combate à Homofobia e Justiça Restaurativa.

Programação do seminário | Foto: Divulgação/TJBA
O presidente da Comissão Permanente de Igualdade, Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos Humanos (CIDIS/TJBA), desembargador Lidivaldo Reaiche, destacou a relevância do seminário.
“Nós preparamos um evento significativo, com a participação de dirigentes esportivos, de integrantes dos tribunais de justiça esportiva, jogadores de futebol que foram discriminados, integrantes do corpo de arbitragem e profissionais do direito. O evento se propõe a colher propostas, sugestões e projetos inovadores. Virão palestrantes e participantes de todo o Brasil, e nós vamos discutir tudo que se refere à discriminação nas praças esportivas”, afirmou.
Segundo dados do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, entre 2014 e 2023 foram registrados 364 incidentes no país. As regiões Sul (36%) e Sudeste (32%) concentraram 68% dos casos, enquanto o Nordeste registrou 16%, o Centro-Oeste 9% e o Norte 6%.
As influenciadoras Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Kerollen Vitória Cunha, foram condenadas pela Justiça do Rio de Janeiro a 12 anos de prisão em regime fechado por injúria racial.
Mãe e filha, donas de um perfil com mais de 12 milhões de seguidores na época do inquérito, foram responsabilizadas por oferecer uma banana e um macaco de pelúcia a crianças negras em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Na época em que os vídeos viralizaram, em 2023, Nancy e Kerollen foram criticadas pelo comportamento. As influenciadoras divulgaram o momento em tom de piada nas redes sociais e expuseram as crianças.
De acordo com o g1, além da prisão, Nancy e Kerollen foram condenadas ao pagamento de R$ 20 mil de indenização para cada uma das vítimas, corrigidos monetariamente.
As influenciadoras poderão recorrer em liberdade, mas seguem proibidas de publicar conteúdos semelhantes nas redes sociais e de manter contato com as vítimas.
Na decisão, a juíza destacou que as rés “animalizaram” as crianças e “monetizaram a dor” das vítimas, que passaram a sofrer bullying e isolamento social após a divulgação dos vídeos.
Uma das vítimas do crime, chegou a abadonar o sonho de ser jogador de futebol e sofreu racismo na escola, sendo chamado de "macaco".
A defesa das influenciadoras afirmou que elas não tinham intenção de ofender e que os vídeos faziam parte de uma “trend” do TikTok. Nancy afirmou que não sabia o que era racismo e que apenas queria “alegrar as crianças”.
O atacante Antoine Semenyo, do Bournemouth, se pronunciou neste sábado (16) após ter sido alvo de insultos racistas durante a estreia da Premier League 2025/26, em Anfield, na derrota para o Liverpool. O jogador agradeceu a solidariedade recebida de companheiros, adversários, árbitros e dirigentes.
O episódio ocorreu quando o Liverpool vencia por 2 a 0. O árbitro Anthony Taylor interrompeu a partida para conversar com técnicos e capitães antes da retomada do jogo. Segundo a polícia de Merseyside, um homem de 47 anos foi expulso do estádio e, posteriormente, preso sob suspeita de ofensa racial à ordem pública. Ele segue sob custódia para interrogatório.
Semenyo publicou mensagem nas redes sociais em que destacou a união do ambiente do futebol diante do caso.
“A noite passada em Anfield ficará na minha memória para sempre, não pelas palavras de uma pessoa, mas pela união de toda a família do futebol. Aos meus companheiros de equipe do Bournemouth que me apoiaram naquele momento, aos jogadores e torcedores do Liverpool que mostraram seu verdadeiro caráter, aos dirigentes da Premier League que lidaram com isso profissionalmente, obrigado. O futebol mostrou o seu melhor lado quando mais importava", declarou o jogador.
O atacante, que marcou dois gols na partida, afirmou que o desempenho em campo foi sua resposta.
“Marcar aqueles dois gols foi como falar a única língua que realmente importa em campo. É por isso que jogo, por momentos como este, pelos meus companheiros de equipe, por todos que acreditam no que este belo jogo pode ser. As mensagens de apoio impressionantes vindas de todo o mundo do futebol me lembram por que eu amo esse esporte. Seguimos em frente, juntos", disse o camisa 24.
Após a partida, Semenyo também relatou ter sofrido ataques racistas em suas redes sociais. Ele compartilhou uma imagem de comentário com emojis de macaco e questionou: “Quando a vontade vai parar?”
A cantora norte-americana Billie Eilish, de 23 anos, está no centro de uma polêmica nas redes sociais após um comentário feito durante um show na Irlanda, que vem sendo apontado como atitude racista.
Ao conversar com o público, Billie afirma para os fãs que é "muito legal chegar a um lugar e ver que todo mundo se parece com você".
Billie Eilish celebrates return to Irish homeland. "It's really cool to come somewhere and everyone looks exactly like you". pic.twitter.com/uCXGOj5miy
— Gearóid Murphy (@gearoidmurphy_) July 28, 2025
A declaração da artista viralizou no antigo Twitter, especialmente após a notícia do cancelamento de uma possível vinda para o Brasil com a nova turnê.
"É muito estranho você cancelar um show promissor em um país miscigenado como Brasil e soltar uma dessa logo depois", diz o post.
Outros internautas apresentaram mais declarações polêmicas de Billie, na qual ela teria dito que fica feliz ao ver pessoas brancas.
"E isso não é novo. Em 2023, ela disse a mesma coisa e ainda foi além dizendo que era legal por eles serem 'muito, muito, muito brancos' como ela", mencionou um internauta.
"Ela disse que não queria fazer show em estádio e em seguida foi fazer show em estádio em lugares com gente que se parece com ela. É isso mesmo, total desprezo", indicou outra.
A vinda de Billie ao Brasil não chegou a ser anunciada publicamente. De acordo com a revista Quem, o cancelamento da turnê no país teria se dado por "desavenças sobre a organização do evento", especificamente em relação à escolha do local, que a cantora teria considerado "muito grande".
A Polícia Nacional da Colômbia prendeu um torcedor acusado de cometer injúria racial contra o lateral Caio Paulista, do Atlético-MG, durante a partida contra o Atlético Bucaramanga, válida pelos playoffs da Copa Sul-Americana. O ato de racismo ocorreu na saída para o intervalo, e o agressor já foi identificado e detido pelas autoridades locais.
O clube mineiro confirmou que registrou Boletim de Ocorrência e cobrou providências. "Essa situação é revoltante e precisa acabar de uma vez por todas! Até quando teremos que conviver com esse absurdo? Até quando?!!! Força, Caio. Estamos com você!", publicou o Atlético em nota oficial. Veja:
Lamentavelmente, mais um caso de injúria racial em competição sul-americana!
— Atlético (@Atletico) July 18, 2025
O atleta Caio foi vítima de ofensas racistas no jogo desta noite, em Bucaramanga, na Colômbia.
Foi feito o Boletim de Ocorrência, e o torcedor foi identificado e preso.
O Atlético seguirá acompanhando… pic.twitter.com/b1PxjtYfgD
Após a vitória por 1 a 0 — com gol de Hulk —, o camisa 7 também se pronunciou. "Não adianta a gente brigar, fazer campanha. É triste, é frustrante. A punição tem que ser mais severa", afirmou o atacante, cobrando medidas mais duras para combater o racismo no futebol.
Desde maio, a FIFA ampliou seu Código Disciplinar para combater o racismo de forma mais efetiva. Um novo protocolo exige que jogadores que se sintam vítimas de discriminação façam o gesto de “X” com os braços cruzados. A partir daí, o árbitro deve interromper o jogo e pode, se a conduta persistir, suspender a partida temporariamente ou até decretar W.O. contra o clube infrator.
As federações filiadas à entidade são obrigadas a adotar o sistema. Também foi estabelecida uma multa máxima de 5 milhões de francos suíços (cerca de R$ 34 milhões) para infrações racistas. Durante o Mundial de Clubes, o árbitro brasileiro Ramon Abatti Abel aplicou o protocolo após denúncia do zagueiro Antonio Rüdiger, do Real Madrid, em jogo contra o Monterrey.
Após conversa com Rüdiger, árbitro brasileiro Ramon Abatti Abel aciona protocolo de Discriminação e Racismo. Cabral, do Pachuca, e o zagueiro do Real Madrid haviam se estranham dentro da área. Jogador do Real pedia um pênalti. pic.twitter.com/sswCe6yegD
— ge (@geglobo) June 22, 2025
Até o momento, a Conmebol não emitiu comunicado oficial sobre o caso envolvendo Caio Paulista. Em episódio recente, a entidade multou o meia Damián Bobadilla, do São Paulo, em US$ 15 mil (R$ 83,3 mil) após ele ser acusado de xenofobia contra o boliviano Miguel Navarro, do Talleres, em jogo pela fase de grupos da Libertadores.
A Justiça de São Paulo condenou as Lojas Americanas a pagar uma indenização de R$ 30 mil a um garoto que foi revistado por um funcionário de uma loja na cidade de Campinas, no interior paulista. O caso ocorreu em outubro de 2020 nas Lojas Americanas do Shopping Spazio Ouro Verde. O garoto tinha 12 anos à época e passeava com os pais.
De acordo com o processo, o pai pediu ao garoto que fosse à loja comprar um desodorante. O menino entrou no estabelecimento sozinho e começou a olhar as gôndolas. Em dado momento, o seu calção desabotoou e ele parou onde estava e passou a arrumar o short. Um funcionário da empresa, então, se aproximou e afirmou: "Devolve, devolve o que você pegou, eu vi que você pegou."
Segundo com os autos, o menino ficou envergonhado e ofendido e disse que não havia pegado nada, mas o funcionário o revistou, deixando ele constrangido na frente dos demais clientes.
Mesmo não achando nada, o funcionário continuou a seguir o garoto. A família registrou um boletim de ocorrência na polícia.
O juiz Thiago Nogueira de Souza disse na sentença "que houve uma evidente discriminação na abordagem, eminentemente racista".
"O autor do processo teve sua moral ferida, ao ser acusado de um crime de furto, somente com 12 anos de idade, simplesmente por estar passeando no shopping sem vestimentas de marca, sem um tênis de marca e sem estar arrumado", declarou a advogada Lize Schneider de Jesus, que representa o garoto.
A defesa das Lojas Americanas disse à Justiça que a situação não ocorreu conforme o relatado na ação. "A empresa em nenhum momento acusou a parte autora do processo de furto", declarou, ressaltando que treina seus funcionários "para sempre agirem da forma adequada".
O juiz rejeitou a argumentação, destacando que a empresa não apresentou as gravações das câmeras de segurança, como havia sido determinado.
"A abordagem se deu apenas por se tratar de uma criança de origem humilde e vestimenta simples, com a cor de pele que chama atenção daqueles que têm um olhar discriminador e buscam antes de qualquer atitude um motivo para abordar e imputar um ato delituoso", afirmou o juiz na sentença.
As informações são da Folha de S. Paulo.
Uma mulher foi presa em flagrante por injúria racial na tarde desta sexta-feira (27), após agredir verbalmente um agente de segurança na estação Boiúna do BRT, no bairro da Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro. As ofensas ocorreram quando ela foi abordada por não pagar a tarifa de acesso à plataforma.
Segundo os agentes do programa BRT Seguro, da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), a suspeita se recusou a deixar o local e passou a insultar um funcionário com frases de cunho racista, chamando-o de “preto nojento” e “podre". Em um vídeo nas redes sociais é possível ver o momento que a mulher ofende o agente:
? VÍDEO: Mulher é presa por injúria racial após chamar agente de BRT de 'Negro nojento' e 'podre'
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) June 28, 2025
Confira ???? ? pic.twitter.com/iI8FSFQnWS
Com a resistência e a agressividade da mulher, os agentes precisaram algemá-la para conduzi-la até a 32ª Delegacia de Polícia (Taquara). Durante o trajeto, ela continuou a proferir xingamentos contra o servidor que a impediu de entrar na estação sem pagar a tarifa.
Em vídeo que circula nas redes sociais, a suspeita tenta justificar suas ofensas alegando ser também uma mulher negra, mas dispara frases ofensivas e contraditórias:
“Eu sou negra igual a você. Você é um nego nojento! Podre! Eu também sou preta. Quero ver você [dizer] que é racismo. Sou preta igual a você, mas eu não sou suja, imunda como você. Você envergonha nossa classe, você envergonha aqueles que morreram e sofreram no tronco”, grita a mulher, exaltada.
A atriz e apresentadora Luana Xavier utilizou suas redes sociais, nesta quarta-feira (11), para relatar um caso de racismo sofrido por ela e cometido por uma criança em Salvador, na última semana. A artista está na cidade para apresentar uma curta-temporada do espetáculo “Meus Cabelos de Baobá”.
“Sim, eu sofri racismo vindo de uma criança. Mas já imagino que receberei comentários dizendo que o que aconteceu não foi racismo, ou que foi uma brincadeira de criança”, escreveu a atriz na legenda da publicação.
Em um vídeo publicado no Instagram, a atriz conta que estava a caminho de uma exposição no Salvador Shopping, quando uma criança, que estava acompanhada de seus pais, teria a chamado de feia.
“Ela falou isso três vezes. De primeira, pensei em como reagir àquilo e, por alguns segundos, pensei: ‘talvez fosse bom fazer uma careta para ela’. E aí tive uma reação mais adulta, talvez, que foi a de fechar a cara para ela. Fiz uma cara muito séria, que era para ela saber que não deveria fazer aquilo, e a reação dela foi abaixar um pouco o volume e parar”, contou.
Luana contou ainda que apesar de estar com o pai e a mãe, não houve reação de nenhum dos dois sobre o ato da menina. “Sei que essa situação que estou contando aqui muita gente vai dizer que não é racismo. E aí o que preciso situar vocês é que pessoas pretas passam por situação de racismo o tempo inteiro, então a gente começa a diferenciar e a saber o que é racismo e o que não é”, explicou.
A apresentadora chamou a atenção para a importância de entender situações de violências passadas por pessoas pretas. No vídeo, Luana revelou ainda ter ficado abalada após o ocorrido. “Quando no dia seguinte fiz a minha terapia online e fui contar para a minha terapeuta, comecei a chorar. E aí entendi que o meu choro estava diretamente ligado a essa situação que eu tinha passado”, completou.
Nos comentários, diversos seguidores e internautas saíram em defesa da atriz. “Racismo sim. Lamentável o pai não se posicionar com a criança, e fazer a criança te pedir desculpas. Falta de educação”, escreveu uma internauta. “Sinto muito! Um abraço bem forte”, comentou outra.
A Fifa divulgou na manhã desta quinta-feira (28) a nova versão do seu Código Disciplinar, que passa a ter regras mais rígidas no combate ao racismo no futebol. O documento, aprovado durante a reunião do Conselho da entidade neste mês, traz mudanças significativas nas punições e amplia os poderes dos árbitros e participantes em campo.
Pela nova redação do Artigo 15, qualquer atleta, membro da comissão técnica ou participante do evento pode comunicar ao árbitro um ato de racismo. A partir da denúncia, o juiz deve aplicar o protocolo de três etapas, já adotado desde 2023: paralisar o jogo, suspender temporariamente e, em caso de reincidência, encerrar a partida.
Além de interromper as partidas, a Fifa endureceu as penalidades financeiras. Clubes e federações podem ser multados em no mínimo 20 mil francos suíços (cerca de R$ 137 mil). A punição máxima pode chegar a 5 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 34 milhões) — valor que excede o teto estabelecido para outros tipos de sanções, que é de 1 milhão de francos suíços (R$ 6,8 milhões).
O Código também prevê medidas mais severas em casos de reincidência, que podem incluir:
- Elaboração de um plano de prevenção obrigatório,
- Realização de partidas sem público,
- Dedução de pontos,
- Expulsão de competições,
- Rebaixamento de divisão.
As federações nacionais têm até o dia 31 de dezembro para incorporar as novas regras aos seus próprios regulamentos. Caso isso não aconteça, a Fifa poderá intervir diretamente nessas entidades e até recorrer ao CAS (Corte Arbitral do Esporte) caso entenda que as decisões locais não estejam alinhadas ao combate efetivo contra o racismo.
Durante o Congresso da Fifa, realizado em Assunção, no Paraguai, o presidente da entidade, Gianni Infantino, reforçou que o combate ao racismo é uma das prioridades da federação. Segundo ele, a Fifa tem atuado, inclusive, fora do campo, para garantir que a luta contra a discriminação se torne uma questão de justiça criminal.
“Racismo não é só um problema para atacar no futebol, racismo é simplesmente um crime. E por isso estamos trabalhando com diferentes governos e com a ONU para ter certeza de que a luta contra o racismo esteja inserida na legislação criminal de cada país do mundo”, afirmou Infantino.
A ex-panicat e modelo Ana Paula Minerato foi indiciada por racismo pela Delegacia de Crimes Raciais do RJ, após a denúncia feita pela cantora Ananda, do grupo Melanina Carioca, referente ao episódio vivido por ela em novembro de 2024.
O caso será analisado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Na época, um áudio atribuído a Minerato foi vazado nas redes sociais e nele, a ex-panicat usou expressões como “empregada de cabelo duro” e “neguinha” ao se referir a Ananda. A modelo foi enquadrada no artigo 2º-A da Lei 7.716/89, que prevê pena de 2 a 5 anos de prisão.
"Empregada do cabelo duro. Você gosta de cabelo duro? Não sabia que você gostava de mina com cabelo duro. Você gosta de mina com cabelo duro? Cabelo duro, você gosta? Você gosta de mina de cabelo duro, de neguinha? Você gosta de neguinha? Porque isso aí é neguinha, né. Alguém ali o pai ou a mãe veio da África", dizia a modelo no áudio.
De acordo com a delegada Rita Salim, as falas de Minerato reforçam “estereótipos negativos, ofensivos” e representam “ofensas de cunho racista”.
A modelo admitiu ser a autora do áudio, mas alegou que suas falas foram tiradas de contexto e gravadas sem consentimento. Segundo ela, a gravação foi feita por um homem com quem ela teve um relacionamento, e teria sido manipulada. Ana Paula disse ainda que não conhecia Ananda pessoalmente e que apenas repetiu palavras ditas por esse homem durante a conversa.
A defesa lembra que uma denúncia semelhante foi arquivada em São Paulo. Após o indiciamento, Ananda se pronunciou nas redes sociais.
"O que ela fez foi sério, muito sério e que não está arquivado mais. Então da última vez que eu apareci aqui falando sobre isso, a gente, né, se lamentou e ficou chateado e hoje é motivo de comemoração, porque cada passo é um passo. A gente sabe que essas coisas às vezes elas podem demorar para ter o resultado que a gente quer, mas isso não quer dizer que a gente deixou de fazer alguma coisa para que algo acontecesse", disse.
Cinco torcedores foram condenados na última segunda-feira (20) pela Justiça espanhola por proferirem insultos racistas contra o atacante brasileiro Vinícius Jr. durante uma partida entre Real Valladolid e Real Madrid, realizada no dia 30 de dezembro de 2022, no estádio José Zorrilla.
A Segunda Seção da Audiência Provincial de Valladolid reconheceu os réus como culpados pela prática de cinco delitos de ódio. Cada um foi sentenciado a um ano de prisão, além da suspensão do direito de votar e de trabalhar em áreas ligadas à educação, esportes ou lazer por um período de quatro anos. Eles também foram multados com valores entre 1.080 e 1.620 euros.
As penas de prisão foram suspensas, no entanto, sob a condição de que os acusados não frequentem estádios de futebol com competições oficiais pelos próximos três anos. Os torcedores apresentaram uma carta de desculpas a Vinícius Jr. e expressaram arrependimento durante o processo.
O Real Madrid emitiu um comunicado oficial celebrando a decisão da Justiça. Leia na íntegra:
"O Real Madrid C. F. informa que a Segunda Seção da Audiência Provincial de Valladolid emitiu hoje sentença condenatória por acordo contra as cinco pessoas que, de suas localidades na arquibancada do estádio José Zorrilla, dirigiram insultos racistas contra nosso jogador Vinicius Jr. na partida disputada entre o Real Valladolid C. F. e o Real Madrid C. F., no último dia 30 de dezembro de 2022.
Os acusados foram declarados culpados pela prática de cinco delitos de ódio.
O tribunal decretou a pena de um ano de prisão para cada acusado. Também determinou a inabilitação especial para o direito de sufrágio passivo durante esse período, a inabilitação especial para exercer profissão ou ofício educativo no âmbito docente, esportivo ou de lazer por quatro anos, e o pagamento de multas entre 1.080 e 1.620 euros.
A suspensão das penas privativas de liberdade está condicionada ao fato de que os acusados, que se desculparam e demonstraram arrependimento com uma carta dirigida a Vinicius Jr., não frequentem estádios de futebol onde se realizem competições esportivas oficiais durante três anos.
Esta condenação penal se soma a outras já proferidas nos últimos meses por insultos racistas recebidos por jogadores do Real Madrid C. F. nos estádios de Mestalla (Valência), Son Moix (Palma de Mallorca) e Vallecas (Madri). Também foram objeto de condenação penal os insultos racistas sofridos por Vinicius Jr. e outros jogadores em fóruns digitais. Nesta ocasião, as condenações por delitos de ódio representam um reconhecimento singular da gravidade dessas condutas.
O Real Madrid, que atuou junto a seu jogador como acusação particular neste processo e em muitos outros atualmente em andamento por fatos de natureza semelhante, continuará trabalhando para proteger os valores do nosso clube e erradicar qualquer comportamento racista no mundo do futebol e do esporte."
O atacante Vini Jr. prestou depoimento nesta segunda-feira (20) e revelou ter temido pela própria vida e pela segurança de sua família após o episódio de racismo envolvendo torcedores do Atlético de Madrid, em janeiro de 2023. Na ocasião, um boneco com a camisa do jogador, pendurado por uma corda, foi exibido em uma ponte de Madri, simulando um enforcamento, horas antes de um clássico contra o Real Madrid.
“Foi um dia muito triste para mim. Eu não sabia o que ele (o boneco pendurado) queria dizer, se eu e minha família estávamos em perigo”, afirmou o camisa 7, em testemunho por videoconferência divulgado pela agência EFE.
A declaração será usada como parte das provas no julgamento dos quatro acusados pelo ato racista. O processo tramita no Tribunal de Instrução nº 28 da capital espanhola e a audiência principal está marcada para o dia 16 de junho — período em que Vini Jr. estará nos Estados Unidos, disputando o Mundial de Clubes com o Real Madrid.
Segundo o Ministério Público espanhol, os réus, com idades entre 19 e 24 anos, são membros da torcida organizada Frente Atlético e já haviam sido identificados em partidas classificadas como de alto risco. O MP os acusa de cometer crimes contra os direitos fundamentais, a dignidade, a integridade moral e por ameaça incondicional. A promotoria pede quatro anos de prisão para cada envolvido, além de uma indenização solidária de seis mil euros (cerca de R$ 38,4 mil) pelos danos morais causados ao jogador.
O caso ganhou repercussão mundial e provocou reações de instituições e clubes. O Real Madrid classificou a ação como “lamentável e repugnante ato de racismo, xenofobia e ódio” e reforçou que “esses tipos de agressões não podem ter lugar numa sociedade como a nossa”.
O Atlético de Madrid, por sua vez, emitiu nota condenando o episódio e destacou que “a rivalidade entre os dois clubes é máxima, mas também o respeito”. LaLiga, a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e outras entidades também se manifestaram contra o ataque racista.
O episódio do boneco enforcado foi um entre tantos casos de racismo que Vini Jr. enfrentou desde que chegou ao futebol espanhol.
Cinco torcedores do Real Valladolid foram condenados pela Justiça da Espanha a um ano de prisão por proferirem insultos racistas contra o atacante brasileiro Vinícius Júnior, do Real Madrid, durante uma partida válida pela 15ª rodada do Campeonato Espanhol, realizada no dia 30 de dezembro de 2022, no Estádio José Zorrilla.
A sentença é fruto de um acordo judicial entre a defesa dos réus, o Ministério Público e o representante legal do jogador. De acordo com o jornal espanhol AS, o compromisso prevê, além da pena de prisão, multas que variam entre 1.080 euros (cerca de R$ 6.822) e 1.620 euros (cerca de R$ 10.233). Os torcedores também foram inabilitados por quatro anos para exercer atividades em funções educativas, esportivas ou de lazer, e perderam o direito ao sufrágio passivo durante o período da condenação.
Durante o jogo, os condenados proferiram insultos como "filho da p*", "macaco de m***" e "negro de m***"**, especialmente no momento em que Vinícius se dirigia ao banco de reservas após ser substituído. Os ataques racistas foram gravados por outros torcedores e rapidamente se espalharam pelas redes sociais, gerando grande repercussão.
“O acordo judicial foi firmado entre a defesa dos torcedores, o Ministério Público e o representante legal de Vinícius Júnior. Quatro dos cinco réus aceitaram penas de um ano de prisão, inabilitação especial para o direito ao sufrágio passivo durante o período da condenação, multa de nove meses à razão de 6 euros por dia e inabilitação especial para profissões ou ofícios educativos, no âmbito docente, esportivo e de tempo livre, por um período de quatro anos. O quinto réu recebeu uma multa de nove meses à razão de 4 euros por dia”, informou o jornal AS.
Apesar da decisão favorável à punição dos agressores, Vinícius Júnior optou por não receber nenhuma compensação financeira relacionada ao caso.
A sentença será encaminhada à Comissão Estatal contra a Violência, o Racismo, a Xenofobia e a Intolerância no Esporte, que já havia aberto um processo administrativo contra os acusados — atualmente suspenso, aguardando o desfecho judicial.
Este episódio se soma a outras iniciativas recentes na Espanha para coibir o racismo nos estádios de futebol, incluindo a condenação de torcedores do Valencia por ofensas semelhantes ao atacante brasileiro em 2023. A postura firme das autoridades espanholas reforça a pressão por tolerância zero ao racismo no esporte.
Com o objetivo de identificar e punir atos racistas e xenófobos, os agentes do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) estarão presentes nas partidas da Copa Libertadores e Sul-Americana realizadas na cidade.
Promotores do Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (GAEDEST) vão estar fazendo uma ronda nas arquibancadas e acompanhando as câmeras internas das arenas. Caso alguém seja flagrado praticando ofensas raciais vai ser conduzido ao Juizado do Torcedor e poderá responder a processo criminal, com risco de sofrer prisão em flagrante.
A campanha do MP-RJ é chamada de “Estamos Vigilantes” e reforça que denunciar é dever de todos. A ação acontece no momento em que as regras da Fifa para combater o racismo ficam mais endurecidas, podendo gerar multas pesadas e até derrota por W.O. em casos de discriminação.
O jornalista Felipe Oliveira, repórter da TV Bahia, usou suas redes sociais para relatar um episódio de racismo estrutural vivido por ele recentemente durante o exercício da profissão. Em vídeo publicado nesta semana, Felipe contou que foi abordado de maneira discriminatória ao tentar entrar em um prédio no bairro da Pituba, área nobre de Salvador, para gravar uma entrevista.
“Estava trabalhando, precisei gravar uma entrevista com uma pessoa que mora em um apartamento. Ao chegar na portaria, eu disse o meu primeiro nome e o número do apartamento. E a pergunta que eu recebi foi: ‘É serviço, é? Pra muita gente pode parecer uma pergunta normal, mas a gente sabe que não é. Isso é o racismo estrutural”, denunciou Felipe.
O repórter refletiu que a forma como foi tratado retrata um padrão de comportamento enraizado na sociedade, que associa automaticamente pessoas negras à condição de prestadores de serviço em espaços de classe média alta.
“Provavelmente, se fosse uma pessoa branca chegando ali no mesmo horário que eu cheguei, com a roupa social como eu estava, o porteiro não se sentiria à vontade para fazer essa pergunta”, disse Felipe.
Em seu relato, o jornalista ainda destacou como esse tipo de abordagem, embora aparentemente sutil, tem impacto profundo. “É uma coisa muito simples, mas isso é capaz de destruir o dia de uma pessoa negra. Não foi a primeira vez que isso aconteceu comigo, provavelmente não vai ser a última.”
Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) sobre sanções administrativas aos casos de racismo em estádio de futebol foi copiado de uma proposta de uma deputada estadual do Mato Grosso do Sul. O PL, publicado por Soane Galvão (PSB) na Casa Legislativa baiana nesta sexta-feira (9), possui exatamente o mesmo texto do projeto da deputada Lia Nogueira (PSDB-MS) que chegou à AL-MS na terça (6).
Na justificativa do “texto original”, a parlamentar sul-mato-grossense afirma que se inspirou em uma proposta da legislação de Pernambuco (Lei nº 18.576, de 2024). No entanto, a matéria de Soane Galvão não cita motivação em outros projetos.
As propostas das parlamentares afirma que o ato de racismo praticado por pessoa física em estádio de futebol, ginásio esportivo ou local equivalente, sujeitará o infrator à penalidade administrativa de proibição de acesso a eventos esportivos realizados nesses locais, pelo prazo de dez anos.
Conforme os PLs, caberá ao Poder Judiciário manter cadastro atualizado das pessoas condenadas por crime de racismo em estádios de futebol e locais assemelhado, nos termos da proposta. Os organizadores de eventos esportivos deverão requisitar o acesso ao cadastro de condenados por racismo em estádio de futebol e locais assemelhados, com antecedência de 48 horas do evento, com vias a possibilitar o cumprimento das determinações da presente proposta legislativa.
Os textos mencionam que o descumprimento da medida pelas entidades organizadoras ou administradoras dos estádios, do dever de fiscalizar ou de comunicar às autoridades competentes as ocorrências de racismo de que tenham conhecimento, sujeitará os responsáveis à multa administrativa no valor de R$ 5 mil, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Confira os projetos:
PL DE LIA NOGUEIRA (PSDB-MS)

PL DE SOANE GALVÃO (PSB)

A advogada Rita Galvão, presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil da OAB-MG, foi vítima de racismo institucional ao ser impedida de entrar no prédio do Juizado Especial Criminal de Belo Horizonte, em Minas Gerais, na terça-feira (6), por estar usando um turbante. O caso gerou indignação na seccional mineira da Ordem dos Advogados do Brasil, que repudiou publicamente a abordagem sofrida pela profissional.
Segundo vídeo publicado pela própria advogada em suas redes sociais, a abordagem ocorreu na entrada do tribunal, quando uma agente de segurança solicitou que ela retirasse o turbante para poder ingressar no prédio. Conforme o relato, a funcionária alegou estar cumprindo uma instrução repassada por um colega. Ao se recusar a remover o acessório, Rita Galvão teve sua entrada bloqueada. Apenas após acionar contatos internos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), a advogada conseguiu acesso ao prédio e pôde participar normalmente da audiência marcada.
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Na da quarta-feira (7), o TJ-MG divulgou nota oficial em que afirma que Rita Galvão participou regularmente da audiência designada, sem ser obrigada a retirar o turbante. O Tribunal também informou a instauração de um procedimento para apuração dos fatos e reafirmou seu compromisso institucional com o respeito à diversidade cultural e étnica.
A CONMEBOL realizou, na última quinta-feira (24), a primeira reunião da força-tarefa criada para enfrentar o racismo, a discriminação e a violência no futebol sul-americano. O encontro virtual marcou o início das diretrizes estratégicas do grupo, que busca promover respeito, igualdade e fair play no esporte.
O grupo, presidido pelo ex-jogador Ronaldo Nazário, conta com nomes como Fatma Samoura, ex-secretária-geral da FIFA; Sergio Marchi, representante da FIFPro; e Monserrat Jiménez, secretária-geral adjunta da CONMEBOL.

Foto: Divulgação/Conmebol
Durante a reunião, os participantes reforçaram a necessidade de atuação conjunta entre clubes, jogadores, torcedores e instituições. “Somente trabalhando juntos poderemos prevenir e combater o racismo e a violência em nosso esporte”, destacou Ronaldo.
Fatma Samoura enfatizou a importância da educação e da punição: “A verdadeira transformação começa em casa. [...] Somente agindo de forma decisiva e consistente conseguiremos erradicar esse problema do futebol e da nossa sociedade.”
Para Sergio Marchi, o futebol pode ser um agente de transformação: “Não pode resolver sozinho um problema estrutural, mas pode ser motor de mudança.”
Monserrat Jiménez concluiu destacando o papel da informação: “A CONMEBOL está desenvolvendo plataformas e conteúdos educacionais para crianças, educadores e jogadores, porque a mudança cultural começa com conscientização.”
A entidade sul-americana diz ter o objetivo de seguir trabalhando com o grupo e divulgará os próximos passos no site oficial.
A Justiça de São Paulo decidiu pela condenação de duas alunas de um colégio de elite por ofensas racistas contra a filha da atriz Samara Felippo, em abril de 2024. A decisão foi em primeira instância e as defesas recorreram da sentença.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, as adolescentes foram condenadas a prestas serviços comunitários por quatro meses, em seis horas semanais. A sentença foi confirmada na última semana, mas a decisão judicial é de 16 de dezembro de 2024. As jovens recorrem em segunda instância.
O caso corre em segredo de Justiça. O caso foi denunciado publicamente pela atriz em abril de 2024. O caso ocorreu contra a filha mais velha da atriz com o jogador Leandrinho. As duas jovens pegaram o caderno da filha da atriz, arrancaram folhas de um trabalho e escreveram ofendas de cunho racial em uma das páginas.
A jornalista Astrid Fontenelle denunciou um episódio de racismo sofrido por seu filho, Gabriel, de 16 anos, em uma praia particular de um resort na Bahia. Segundo a artista, o filho foi confundido com um funcionário quando era criança.
Em entrevista ao Chico Pinheiro Entrevista, uma hóspede do local pediu para o filho dela, fruto de seu relacionamento com Fausto Franco, pegar um colchonete para ela. Astrid explicou que o caso aconteceu há um tempo, quando o filho era mais novo.
“Uma mulher [falou]: menino, menino, pega ali um colchonete para mim? Nesse tom, né? Aí falei: ‘ô, está achando que ele é o quê? Funcionário do hotel? Não está vendo que é uma criança, para começar?’ Aí já me espalhei. Foi na praia, na frente de um resort. ‘Você não viu, né?’”, contou.
“A bonita saiu para vir para a praia e o primeiro preto que ela viu na Bahia é serviçal dela. ‘Pois ele não é, ele é uma criança, ele é meu filho. Fora daqui!’ Aí perdi um pouco a voz porque sempre quis falar as coisas, sempre projetei que a minha reação seria em um tom forte, mas sabe assim”, completou.
Segundo Astrid, ela não deixou a situação passar batido e chamou a mulher de racista antes de mandar entregar no quarto da mulher o livro “Escravidão”, do Laurentino Gomes, sua leitura no momento da situação. “Ela viu a cor da pele antes de ver que era uma criança então? Não tenho outra resposta para isso, a não ser acreditar que foi isso”.
Os registros de violações racistas na Bahia mais que dobraram entre 2023 e 2024, de acordo com levantamento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Os dados, obtidos por meio do Disque 100, mostram que o número de casos saltou de 169 para 350 no estado — um aumento de 107,1%, o quarto maior crescimento percentual entre todas as unidades da federação.
O aumento registrado na Bahia é superior à média nacional, que foi de 103,9%. No Brasil, o total de denúncias passou de 3.176 para 6.477 no mesmo período. No ano passado, 371 denúncias não tiveram seu estado especificado, enquanto em 2023, 144 relatos não informaram sua unidade federativa.
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Entre os estados com maior crescimento proporcional, o Amazonas lidera com uma alta de 485,7%, passando de 14 registros em 2023 para 82 em 2024. Também registraram aumentos expressivos o Maranhão (300%) e Rondônia (700%), embora partindo de bases mais baixas.
Em termos de números absolutos, o estado de São Paulo é disparado a unidade federativa com o maior número de casos, com 1.824 denúncias. Em seguida aparece o Rio de Janeiro (824), Minas Gerais (737) e a Bahia.
Veja os dados no mapa elaborado pelo Bahia Notícias:
A Bahia, que já figurava entre os estados com maior volume de denúncias em 2023, consolida uma tendência de crescimento nos registros. O dado não necessariamente aponta que “há mais racistas” no estado, mas pode representar uma maior conscientização da população em realizar as notificações formais.
O Disque 100 é o canal do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania destinado a receber denúncias de violações de direitos humanos, incluindo racismo, injúria racial e discriminação. Os dados apresentados se referem apenas aos casos relatados, e não abrangem a totalidade das ocorrências, já que muitos episódios seguem sem notificação formal.
As informações foram publicadas primeiramente pela Agência Tatu, portal especializado em Jornalismo de Dados.
A Conmebol divulgou nesta terça-feira (8) um vídeo institucional em defesa da igualdade e contra o racismo no futebol. A campanha conta com a participação de diversos jogadores do futebol Sul-Americano, incluindo entre eles Éverton Ribeiro, do Bahia, e Matheusinho, do Vitória. Veja abaixo:
El fútbol es pasión, unión y respeto.
— CONMEBOL.com (@CONMEBOL) April 8, 2025
Sigamos construyendo un fútbol sin racismo, violencia y discriminación.
¡Súmate!
Futebol é paixão, união e respeito.
Vamos continuar construindo um futebol sem racismo, violência e discriminação.
Junte-se a nós! pic.twitter.com/CzKLpih9VX
“É um assunto delicado, mas muito importante. Somos humanos e precisamos ter respeito por qualquer pessoa”, afirmou Éverton Ribeiro.
Matheuzinho também destacou a necessidade de ação coletiva “Acredito que a gente tenha que se unir. Combater qualquer ato de discriminação, seja lá qual for.”
A divulgação da peça vem atrelada à nova força-tarefa criada pela Conmebol no dia 27 de março, que será coordenada pelo ex-jogador Ronaldo Nazário. O grupo terá ainda Fatma Samoura, ex-secretária-geral da Fifa, e Sérgio Marchi, presidente da FIFPro. A proposta é desenvolver medidas concretas para combater atos discriminatórios dentro e fora dos estádios.
A decisão foi anunciada durante uma reunião na sede da entidade, em Luque, no Paraguai, com presença de representantes de federações, sindicatos, autoridades brasileiras e outras organizações ligadas ao futebol. O encontro foi motivado pela crescente preocupação com episódios recentes, como os insultos racistas sofridos pelo atacante Luighi, do Palmeiras, na Libertadores Sub-20.
No evento, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, reforçou o compromisso da entidade:
“Estamos agindo aqui hoje com responsabilidade e unidade para enfrentar os desafios futuros (...). Não queremos um debate sobre o passado, mas sim discutir o futuro”, disse.
Entre as ações anunciadas estão a criação de uma lista de torcedores banidos de competições por atitudes racistas e a implementação de programas educativos voltados a atletas, árbitros, clubes e torcedores.
OFÍCIO DA CBF
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também pressionou por medidas mais severas. Em ofício assinado pelo presidente Ednaldo Rodrigues, a entidade criticou a punição aplicada ao Cerro Porteño após ofensas a jogadores do Palmeiras, classificando-a como “inócua e insuficiente”. A CBF defende a adoção do Protocolo Antirracismo da Fifa e sanções esportivas, como a perda de pontos, em casos comprovados.
A atriz Taís Araújo, protagonista da novela ‘Vale Tudo’, da TV Globo, revelou que seu filho, João Vicente, sofreu uma abordagem de um segurança dentro do condomínio onde moravam.
Em entrevista à Vogue, a atriz contou que seu filho de 14 anos, fruto de seu relacionamento com o ator baiano Lázaro Ramos, estava passeando de bicicleta com um amigo no condomínio, quando foram abordados por um segurança que perguntou se eles moravam no local.
Taís contou ainda que explicou ao filho sobre a situação e as violências sofridas por jovens negros como ele. “Falei para ele que se fosse um menino branco, de olho azul, seria diferente”, contou.
Para a atriz, o “desafio de criar crianças pretas” em um “lugar de privilégio” é ter que explicar as situações difíceis ocasionadas pelo racismo no país. “Ele [João Vicente] vem com uns conceitos em que ele está certo. Não deveria significar nada mesmo. Mas falo: ‘Cara, neste país, isso vai te proteger’. Conversas dificílimas”.
Um torcedor do Talleres foi flagrado fazendo gestos racistas durante a partida contra o São Paulo, pela Copa Libertadores, na última quarta-feira (2), no Estádio Mario Alberto Kempes, na Argentina. As imagens, registradas por um torcedor são-paulino, mostram o indivíduo imitando um macaco e foram divulgadas pelo jornalista Gabriel Sá, do portal Arquibancada Tricolor. Veja abaixo:
Torcedor do Talleres fazendo gestos racistas em direção aos torcedores do São Paulo.
— Somos São Paulinos (@somosaopaulinos) April 3, 2025
???? @OGabrielSa pic.twitter.com/2t319WdONP
O episódio ocorre em meio à pressão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por punições mais severas ao racismo no futebol sul-americano. No dia 20 de março, a entidade enviou um ofício à Conmebol criticando sua postura diante desses casos e cobrando mudanças no Código Disciplinar da entidade.
No documento, assinado pelo presidente Ednaldo Rodrigues, a CBF classificou como “inócua, ineficaz e insuficiente” a punição dada ao Cerro Porteño após atos racistas contra jogadores do Palmeiras na Libertadores Sub-20. A entidade brasileira também destacou ser a primeira a prever perda de pontos e outras sanções esportivas para clubes envolvidos em episódios de racismo.
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A CBF reforçou a necessidade de a Conmebol adotar o Protocolo Antirracismo da FIFA e endurecer as penalidades em casos futuros, para coibir esse tipo de comportamento nas competições organizadas pela entidade.
Dentro de campo, o Tricolor Paulista bateu a equipe argentina no placar de 2 x 0 e terminou a primeira rodada na liderança com o Libertad. Allianza Lima e Talleres seguem em terceiro e quarto, respectivamente.
Pouco mais de 12 horas depois do caso de racismo durante Internacional x Sport, no Brasileirão Feminino, o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Luís Otávio Veríssimo Teixeira, determinou a perda de mando de campo de três partidas ao Internacional, no Brasileiro Feminino. O clube gaúcho jogará, como mandante, com portões fechados na competição até que haja o julgamento do colegiado do STJD.
No fim da partida entre Inter x Sport, logo após o gol do time pernambucano, uma banana foi arremessada contra o banco de reservas da equipe. O Colorado, nesta terça, afirmou que uma de suas atletas da base foi responsável por atirar uma banana em direção ao banco de reservas do Sport.
"Defiro o pedido liminar para determinar, cautelarmente, a perda de mando de campo pelo Sport Club Internacional, com realização das partidas com portões fechados, até o julgamento por colegiado da denúncia anunciada pela Procuradoria, a quem cabe a adoção de rito urgente para formalização do ato. Caso o julgamento por colegiado não se dê a tempo, os efeitos da presente ordem se limitam a três partidas", escreveu o presidente Luís Otávio Veríssimo Teixeira.
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— Bastidores da ilha (@bastidoresdilha) March 31, 2025
Torcida do Internacional joga banana em jogadoras do Sport no Campeonato Brasileiro Feminino.
Que absurdo! pic.twitter.com/cOUyprpCOh
O duelo aconteceu no campo do Sesc Campestre, em Porto Alegre, que terminou em 2 a 2. Ainda na segunda, a CBF havia enviado de imediato toda a documentação ao órgão referente ao episódio e pedido punição.
“O futebol brasileiro agiu rápido no combate ao racismo. Em pouco mais de 12 horas, a Justiça Desportiva já proferiu uma decisão dura, colocando o Internacional para jogar com portões fechados até o que o caso seja julgado. Em casos de racismo a CBF sempre se antecipa e vai propor punições preventivas contra os racistas. Desta vez não foi diferente”, disse o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
VÍDEO: Banana é arremessada ao banco do Sport em jogo contra o Internacional no Brasileirão Feminino
Uma banana foi arremessada em direção ao banco de reservas do Sport durante partida contra o Internacional, no campo do Sesc Campestre, em Porto Alegre, na noite da última segunda-feira (31). No confronto válido pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro Feminino, as visitantes haviam empatado a partida, finalizada em 2 a 2. Após o ocorrido, o clube pernambucano registrou um boletim de ocorrência.
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— Bastidores da ilha (@bastidoresdilha) March 31, 2025
Torcida do Internacional joga banana em jogadoras do Sport no Campeonato Brasileiro Feminino.
Que absurdo! pic.twitter.com/cOUyprpCOh
O ato foi registrado pela quarta árbitra Andressa Hartmann, que recolheu pedaços da fruta e os entregou à arbitragem principal. Ela também alegou que a fruta teria sido arremessada da torcida do Inter. O episódio foi relatado em súmula pela árbitra Cássia Franca de Souza.
"Fui informada após a finalização da partida pela quarta arbitra e pela atleta n°18, sra. Layza Alves, da equipe Sport Club do Recife, que depois do gol de empate da equipe visitante, foi arremessada uma banana e casca de banana em direção ao banco de reservas da equipe do Sport Club do Recife, alegando que as mesmas foram jogadas por parte da torcida do Sport Club Internacional, que se encontrava atrás do banco de reservas da equipe visitante. Os objetos arremessados foram entregues para a quarta árbitra (Andressa Hartmann)", relatou Cássia.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio do presidente Ednaldo Rodrigues, agiu rapidamente e encaminhou toda a documentação do caso à Procuradoria-Geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), exigindo uma apuração rigorosa.
Além disso, a entidade pediu que o Internacional cumpra três partidas com portões fechados fora de Porto Alegre até o julgamento. "Vamos cobrar uma apuração rigorosa. Não existe mais espaço para racistas no futebol", afirmou Ednaldo.
Veja nota oficial da CBF:
"A CBF condena veementemente qualquer tipo de ação discriminatória no futebol e não tolera casos de racismo no esporte. O combate ao racismo é uma das prioridades da CBF, a primeira confederação a implementar punição desportiva em seu Regulamento Geral de Competições para casos de preconceito."
O Sport também se manifestou e emitiu uma nota de repúdio, cobrando medidas severas contra os responsáveis.
"Esse ato repugnante é uma clara manifestação de racismo e intolerância, e não pode ficar impune. O Sport Club do Recife não tolera qualquer forma de discriminação ou preconceito e exige a punição exemplar do responsável", declarou o clube pernambucano em nota. Veja abaixo:
O Sport Club do Recife vem a público repudiar, veementemente, a atitude covarde e racista de um torcedor do Sport Club Internacional, que arremessou uma banana em direção ao banco de reservas rubro-negro durante a partida do Campeonato Brasileiro Feminino, nesta segunda-feira… pic.twitter.com/sVqPnxf0ab
— Sport Club do Recife (@sportrecife) March 31, 2025
Posteriormente o Internacional se manifestou nas redes sociais e revelou ter identificado a pessoa envolvida. O clube informou que segue tomando as medidas cabíveis para contribuir com a apuração do caso.
"A Instituição reitera seu repúdio veemente a qualquer ato discriminatório e reafirma seu compromisso inegociável na luta contra todas as formas de preconceito, mantendo-se firme na promoção de um ambiente de respeito e igualdade dentro e fora de campo.", afirma o clube, em trecho do comunicado oficial. Leixa abaixo:
O Sport Club Internacional informa que, diante da gravidade dos fatos ocorridos na tarde desta segunda-feira (31/03), durante o jogo contra o Sport, pelo Brasileirão Feminino, conduziu uma apuração rigorosa que levou à identificação da pessoa envolvida e está tomando todas as…
— Sport Club Internacional (@SCInternacional) April 1, 2025
A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) anunciou, nesta quinta-feira (27), a criação de uma força-tarefa dedicada ao combate ao racismo, discriminação e violência no futebol. O grupo será liderado pelo ex-jogador Ronaldo Nazário e contará com a participação de Fatma Samoura, ex-secretária-geral da Fifa, e Sérgio Marchi, presidente da Federação Internacional de Jogadores Profissionais (FIFPro).
A decisão foi tomada em reunião realizada na sede da entidade, em Luque, no Paraguai, com a presença de representantes do governo brasileiro, de associações filiadas à Conmebol, sindicatos de jogadores e outras personalidades ligadas ao futebol.
O encontro ocorreu em um momento de crescente preocupação com casos de racismo no futebol sul-americano. Um dos episódios recentes envolveu o atacante Luighi, de 18 anos, do Palmeiras, alvo de insultos racistas por parte de um torcedor do Cerro Porteño durante partida da Copa Libertadores Sub-20, no Paraguai, no início do mês.
Durante a abertura da reunião, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, destacou a importância da iniciativa.
“Estamos agindo aqui hoje com responsabilidade e unidade para enfrentar os desafios futuros, superá-los e continuar no caminho do crescimento. Não queremos um debate sobre o passado, mas sim discutir o futuro. Tudo o que for dito aqui é para somar e melhorar o nosso esporte”, afirmou o gestor.
Entre as medidas anunciadas, está a criação de uma lista de pessoas proibidas de ingressar em estádios, incluindo aquelas envolvidas em atos de racismo, aplicável a torneios na América do Sul e em outras competições internacionais. Além disso, serão desenvolvidos programas educacionais voltados a jogadores, árbitros, clubes e torcedores, visando à conscientização e prevenção do racismo no futebol.
Dois torcedores da Real Sociedad foram condenados por atos racistas contra Vinícius Júnior durante a semifinal da Copa do Rei, no dia 26 de fevereiro, partida em que o Real Madrid venceu por 1 a 0. A Comissão Antiviolência, Xenofobia e Racismo do futebol espanhol determinou que os acusados fiquem proibidos de entrar em eventos esportivos no país por um ano. Além disso, cada um recebeu uma multa de 4 mil euros (cerca de R$ 24,7 mil).
O episódio aconteceu no início do segundo tempo, quando os torcedores, ainda não identificados, aproveitaram a proximidade de Vinícius Júnior à linha de fundo para imitar macacos e proferir insultos. A comissão classificou as ações como "gestos de caráter xenófobo e racista dirigidos ao jogador".
A luta de Vinícius Júnior contra o racismo no futebol espanhol tem levado a punições tanto no âmbito esportivo quanto na esfera criminal. No ano passado, um torcedor do Mallorca foi condenado a um ano de prisão por injúrias raciais contra o atacante do Real Madrid. Além disso, quatro torcedores do Valencia receberam penas de oito meses de detenção pelo mesmo motivo.
Após a Data Fifa, Vinícius Júnior já retornou ao Real Madrid e está à disposição do técnico Carlo Ancelotti para o confronto contra o Getafe, neste domingo (30), pela 29ª rodada do Campeonato Espanhol.
O roteiro segue igual na Argentina: mais um caso de racismo registrado em estádios de futebol - desta vez diante da Seleção Brasileira. Durante a derrota por 4 a 1 do Brasil, na noite da última terça-feira (25), no Estádio Monumental de Núñez, um torcedor argentino foi flagrado imitando um macaco em direção aos brasileiros presentes no estádio. Veja:
E no jogo do Brasil, mais uma vez, um r4cista cretino deu as caras. Torcedor argentino imitou macaco em direção da torcida brasileira. Cena gravada e compartilhada comigo pelo meu amigo @tomersavoia. pic.twitter.com/uHQNxVSxyY
— GugaNoblat (@GugaNoblat) March 26, 2025
O episódio acontece em meio ao crescente cenário de cobrança da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por punições mais severas contra manifestações racistas no futebol sul-americano.
A CBF tem adotado uma postura mais firme em relação ao tema. Há 11 dias, a entidade repudiou a decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol no caso de racismo contra Luighi, jogador do Palmeiras, durante a Libertadores Sub-20. Na ocasião, a confederação brasileira criticou a punição aplicada ao Cerro Porteño, afirmando que multas não são suficientes para coibir o problema e chegou a pedir a exclusão do clube paraguaio da competição.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, também enviou um documento à FIFA exigindo medidas mais rígidas. "O que a gente espera da Conmebol é rigor. Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas", declarou.
O tema ganhou ainda mais força após a polêmica declaração do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, que comparou a saída de clubes brasileiros da Libertadores a "Tarzan sem Cheetah". A frase gerou forte repercussão negativa, levando o dirigente a pedir desculpas posteriormente.
Diante da pressão, a Conmebol marcou uma reunião para o dia 27 de março, no Paraguai, com representantes das dez federações filiadas e das embaixadas de cada país, para debater estratégias de combate ao racismo no futebol sul-americano. A CBF confirmou presença e pretende reforçar a necessidade de punições mais severas.
O JOGO
Além da polêmica fora de campo, a Seleção Brasileira sofreu um dos seus piores reveses recentes. O 4 a 1 para a Argentina representou a maior goleada sofrida pelo Brasil desde o fatídico 7 a 1 para a Alemanha, na Copa do Mundo de 2014. Com o resultado, os argentinos garantiram matematicamente a classificação para o Mundial de 2026.
21 de março, em pleno Dia Internacional contra a discriminação racial, viralizou um vídeo de uma conversa racista entre duas estudantes universitárias. A gravação foi registrada em postagem em um perfil privado no Instagram. Uma das jovens seria estudante de Direito da Universidade Católica Salvador (UCSAL) e a outra cursa Odontologia na Unime.
No vídeo, uma delas questiona a outra se teria relações e filhos com uma pessoa preta, inclusive, chamando a persona hipotética de “rato preto”, pela quantia de R$ 2 milhões. Em resposta, a estudante afirma que seria “muito preto na família” e questionou se poderia colocar as crianças para adoção.
Veja o momento:
? Conversa racista entre jovens viraliza nas redes sociais: "É muito preto na família"
— Bahia Notícias (@BahiaNoticias) March 21, 2025
Confira ? pic.twitter.com/ClxUqp7788
Nas redes sociais, a UCSAL lamentou o ocorrido e afirmou que não compactua com o racismo. A universidade afirmou que irá analisar o fato para, possivelmente, tomar as “procedências cabíveis”.
“A UCSal repudia qualquer forma de racismo e não compactua com nenhum tipo de violência, desrespeito ou prática preconceituosa em seu ambiente acadêmico. Em relação ao vídeo, a universidade lamenta a situação e informa que se compromete a fazer uma avaliação pertinente e a adotar as medidas cabíveis previstas em seu regimento", escreveu a UCSal.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues, assinou uma carta conjunta com os representantes dos outros nove países membros da Conmebol. O documento, divulgado nesta quinta-feira (20), destaca que a entidade sul-americana segue as medidas mais rígidas já adotadas por outras confederações e pela FIFA.
A carta marca uma mudança no tom da CBF em relação às punições da Conmebol. Há 11 dias, a entidade brasileira criticou duramente a decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol no caso de racismo contra Luighi, do Palmeiras, na Libertadores Sub-20. A entidade também havia pedido a exclusão do Cerro Porteño da Libertadores Sub-20. Na ocasião, a CBF declarou "inteira indignação com a decisão" e afirmou que a punição imposta foi ineficaz para coibir novas manifestações racistas.
Além disso, Ednaldo Rodrigues enviou um documento à FIFA exigindo ações mais severas: "O que a gente espera da Conmebol é rigor. Basta de racismo e de multas que não levam a nada. Queremos punições esportivas", afirmou.
A publicação da carta também acontece após uma declaração polêmica do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez. Ao ser questionado sobre a hipótese de clubes brasileiros deixarem a Libertadores, Domínguez comparou a situação a "Tarzan sem Chita". A frase gerou forte repercussão negativa, e o dirigente posteriormente pediu desculpas.
A Conmebol ainda marcou para a próxima semana uma reunião no Paraguai para discutir medidas de combate ao racismo, com a participação de representantes dos dez países filiados e das embaixadas de cada um.
Confira um trecho da carta assinada pelas federações, divulgada inicialmente pelo UOL:
Na CONMEBOL estamos comprometidos com a luta contra o racismo, a discriminação e qualquer ato de violência, dentro e fora dos estádios de futebol.
Estamos perante um problema social mundial que se manifesta através de diversas formas e costumes que afetam muitas sociedades de uma forma particular.
A atuação da CONMEBOL está em linha com as medidas mais rigorosas implementadas nas mais importantes Ligas, Confederações e FIFA.
Como parte da nossa política de combate a esse flagelo, além do que já foi exposto, trabalhamos em conjunto com o Observatório de Discriminação Racial no Futebol e o Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos do MERCOSUL (IPPDH).
O Governo Federal divulgou na última terça-feira (19) uma nota oficial condenando as declarações do presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, feitas durante o sorteio das Copas Libertadores e Sul-Americana. O comunicado foi assinado pelos Ministérios do Esporte, da Igualdade Racial e das Relações Exteriores.
"As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis", afirmou o governo.
ENTENDA A POLÊMICA
A repercussão negativa começou após Domínguez afirmar que a Libertadores sem clubes brasileiros seria como "Tarzan sem Cheeta", acrescentando que isso seria "impossível". A fala ocorreu na última segunda-feira (17), durante o evento da Conmebol no Paraguai. Veja o momento:
Alejandro Domínguez, presidente da Conmebol, sobre a Copa Libertadores sem os clubes brasileiros:
— LIBERTA DEPRE (@liberta___depre) March 18, 2025
"Isso seria como Tarzan sem Chita. Impossível"
?????: @BolavipBR pic.twitter.com/Qm6zYTPBDz
A frase gerou indignação, especialmente no contexto dos recentes casos de racismo em competições organizadas pela entidade sul-americana, como o episódio envolvendo o jogador Luighi, do Palmeiras, na Libertadores Sub-20.
O debate sobre uma possível saída dos times brasileiros da Libertadores é oriundo das declarações da presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Em entrevista à TNT Sports, ela sugeriu que os clubes do país poderiam se filiar à Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e Caribe de Futebol), caso a Conmebol não tomasse medidas mais duras contra o racismo.
"Já que a Conmebol não consegue coibir esse tipo de crime [racismo], não consegue tratar os brasileiros com o tamanho que os clubes representam à Conmebol, por que não pensar em nos filiarmos à Concacaf? Só assim vão respeitar o futebol brasileiro. É uma coisa a se pensar", afirmou Leila.
NOTA COMPLETA DO GOVERNO FEDERAL
"O governo brasileiro repudia, nos mais fortes termos, as declarações do Presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), Alejandro Dominguez, na noite de ontem, 17 de março, em entrevista à imprensa após cerimônia de sorteio da fase de grupos dos torneios promovidos por aquela entidade.
As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da Conmebol têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis.
O governo brasileiro exorta a Conmebol e as Federações Nacionais de Futebol da América do Sul a atuarem decisivamente para coibir e reprimir atos de racismo, discriminação e intolerância, promover políticas de igualdade racial e compartilhar conhecimento e boas práticas para ampliar o acesso de pessoas afrodescendentes, imigrantes e outros grupos vulneráveis ao esporte.
O governo brasileiro reitera seu compromisso com iniciativas de combate ao racismo e de promoção da igualdade racial, inclusive medidas contra qualquer tipo de discriminação nas diferentes modalidades de esportes."
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luiz Inácio Lula da Silva
"Queremos redefinir o papel da Guarda Nacional. Se aprovada a PEC, nós vamos criar o Ministério da Segurança Pública neste país".
Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que pretende criar o Ministério da Segurança Pública caso a PEC enviada pelo governo sobre o tema seja aprovada pelo Congresso. Segundo ele, a mudança faria parte de uma reestruturação do setor e da redefinição do papel da Guarda Nacional.