Mototaxistas denunciam policiais militares por cobrança de propina no Subúrbio de Salvador
Por Redação
Mototaxistas acusam policiais militares de cobrarem propina de R$ 100 por semana para cerca de 30 profissionais que trabalham em um ponto no bairro de Periperi, no Subúrbio de Salvador. A denúncia foi encaminhada para a corregedoria da corporação, que investiga o caso.
Em entrevista para a TV Bahia, o mototaxista Luís Daniel revelou ter sido agredido após ter a casa invadida por policiais. A situação teria acontecido depois que ele se negou a pagar a propina.
Luís disse que, na quarta-feira (14), ele estava no ponto de ônibus, localizado na praça conhecida como "Gavião", quando passou a ser intimidado com olhares. Ao ficar desconfortável, ele decidiu ir para casa, próxima do local.
Em seguida, conforme o trabalhador, ele foi perseguido pelos policiais, que estavam em uma viatura da 18ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Periperi). Os agentes teriam disparado três vezes na direção dele, mas ele não foi atingido.
"Eles disseram que eu cometi desacato no ponto dos mototáxis, mas eu não fiz isso. Eles foram lá e ficaram me intimidando com olhares, pararam na minha frente e eu tive que disfarçar sendo que não fiz nada", contou o mototáxi.
Ainda segundo seu relato, na porta de casa, ele foi agredido com socos, mas conseguiu se desvencilhar e entrar no imóvel. Luís Daniel informou que mais policiais chegaram ao local, quebraram o cadeado que trancava a casa e invadiram sem mandado de prisão.
"Ficaram quatro viaturas na minha porta, mais de 20 policiais. Meteram um alicate no meu cadeado, me espancaram no quarto, xingaram minha esposa, não respeitaram minha família", denunciou Luís Daniel.
Ainda durante a denúncia feita ao Bahia Meio Dia, programa da TV Bahia, o mototaxista afirmou que recebeu coronhadas e chutes na barriga. Contou também que urinou nas calças após ser enforcado.
Por telefone, o comandante da 18ª CIPM, major João Daniel, ressaltou que o caso está em investigação e citou que os agentes da unidade receberam uma denúncia de assaltos cometidos com a motocicleta de Luís Daniel.
Sobre essa versão, a família afirma que o filho do mototaxista, Luís Daniel Júnior, assaltou com a motocicleta em 2022 e um vídeo viralizou nas redes sociais. Os policiais estariam usando essas imagens feitas há dois anos, como se fosse de crimes realizados neste ano, para "justificar" a abordagem.
"Já cometi assalto, mas eles estão usando um vídeo gravado há dois anos para sujar minha imagem. Procurei minha melhora e estão usando esse vídeo por causa desse caso deles atual", afirmou o filho do mototaxista. "Quando fiz isso, não estava com arma e não fui preso. Não tenho passagem pela polícia", completou o jovem.
A família também mostra um vídeo do momento em que um policial teria abordado os mototaxistas para cobrar a propina. A perseguição a Luís Daniel teria acontecido após os policiais descobrirem que a família tinha essas imagens.
"Quem aparece no vídeo é o policial Salomão, acostumado a pegar dinheiro dos mototáxis. Eles cobram R$ 100 por semana e se não pagarmos somos retaliados, como fui", explicou.
Nas imagens, o homem sai de um carro branco. A produção da TV Bahia apurou que a placa do veículo tinha restrição de roubo.
Em nota, a Polícia Militar informou que, de acordo com informações da corregedoria, o caso será apurado por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). Disse ainda que já foram ouvidas pessoas que fizeram a denúncia e, a partir dessa formalização, serão realizadas diligências para coleta de depoimentos de todos os envolvidos na ocorrência, incluindo os próprios policiais militares.
A PM acrescentou que será feita uma busca por evidências que possam ajudar a esclarecer as circunstâncias do ocorrido.