Elenco de “Um Julgamento”, com Wagner Moura, explica ligação da peça com a política: “Convidar as pessoas a pensar”
Por Ana Clara Pires / Laiane Apresentação
Prestes a retornar aos palcos com o espetáculo “Um julgamento - depois de Um Inimigo do Povo”, o ator baiano Wagner Moura falou um pouco sobre a conexão do teatro com a política. A montagem, dirigida por Christiane Jatahy, acompanha um julgamento de um homem acusado de ser “inimigo do povo”.
Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (22), no Trapiche Barnabé, onde estreia em outubro na peça “Um julgamento - depois de Um Inimigo do Povo”, o ator baiano explicou que sempre se sente mais inteligente ao retornar ao teatro.
A peça, que acompanha o julgamento de um doutor considerado pela população de uma cidade como “inimigo do povo”, após alertá-los sobre um problema, o ator explicou que a montagem possui a participação do público como júri e que gosta de dialogar seu personagem - Danilo, o doutor - com a direita.
“A direita, ela faz perguntas. A direita que eu não vejo muito no Brasil, ela faz a pergunta certa, essa direita faz pergunta certa. A gente fica assim: ‘Ah, a gente quer bem-estar social, a gente quer cultura, a gente quer que as pessoas tenham um monte de coisa, que o estado entre e faça um monte de coisa’. A direita com a qual eu queria dialogar, pergunta assim: ‘Ok, quem vai pagar por isso tudo que você tá querendo?’”, explicou o artista.
De presença política ativa, o ator participou, no domingo (21), do ato musical contra a PEC da Blindagem, no Morro do Cristo, na Barra, em Salvador. Wagner esclareceu ainda que, a deseja para a peça, uma discussão “muito equilibrada”.
O ator Danilo Grangheia, que também faz parte do elenco do espetáculo, concordou com o soteropolitano. “Para a gente, eu acho que pouco importa nesse momento perder ou ganhar aqui. Mas eu acho que é convidar também as pessoas a pensar com a gente. Qual o papel da esquerda, da direita? Como eu articulo esse pensamento?”, acrescentou.
A atriz Júlia Bernart adicionou ainda que os trabalhos de Christiane Jahaty sempre buscam “presentificar essa essência do teatro”. “Sempre tenta trazer isso de uma forma muito concreta e acho que o Wagner é um ator que tem isso. Tem essa escuta, essa presença muito forte nele”, elogia.