Novembro Azul: Transição e ida ao urologista podem contribuir para prevenção com saúde masculina e câncer de próstata
Por Victor Hernandes
O número de internados em decorrência de câncer de próstata na Bahia registrou um aumento entre 2021 a 2024. Dados da Secretaria de Saúde do Estado disponibilizados à reportagem mostraram que internações em decorrência da doença subiu de 2739 para 3617 nos últimos quatro anos. Em 2022, por exemplo, foram 3142 casos, seguidos por 3103 em 2023. Já neste ano, até o último dia 24 de outubro foram notificados 2341. Já a quantidade de óbitos obteve uma queda entre o ano passado e 2025, indo de 1575 a 1138 respectivamente.
No entanto, entre 2021 a 2023, foi obtido um crescimento de mortes pela doença, com 1420 casos, seguido por 1500 e 1608 respectivamente. Um dos fatores que pode influenciar em hospitalizações e mortalidade é a ausência de cuidado de homens com a saúde masculina, em especial por parte de pacientes não procurarem atendimento com profissionais da área de urologia.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o urologista Roberto Rossi alertou acerca da questão e apontou que a transição e ida de homens, principalmente os jovens, para profissionais do segmento podem ajudar na prevenção e cuidado com a saúde masculina e no câncer de próstata.
“A transição atrasada não aumenta o risco para o jovem de ser vítima de algum tipo de câncer, mas vai auxiliar bastante no desenvolvimento da consciência do jovem em cuidar da saúde de forma preventiva, saber se proteger de ISTs, ter cuidado com a iniciação na vida sexual e até saber como cuidar da sua higiene íntima. Além disto, esta nova relação com o urologista ou outro profissional servirá também de referência não só para os pais, mas também para o jovem”, explicou o médico.
Segundo ele, o profissional da área de urologia é referência para a saúde do homem, da infância até a idade avançada, especialmente na prevenção e cuidado à saúde.
“Não tenho dúvida alguma que assim como a ginecologista culturalmente é a referência para as jovens, o urologista, é o profissional que cuida do homem desde sua infância até a idade avançada, principalmente do ponto de vista cirúrgico e preventivo. Ele tem a qualificação mais do que suficiente para cuidar do homem e mostrar a ele que a importância de cuidar da saúde não é uma opção, mas uma decisão inteligente, corajosa e que pode transformar sua vida”, observou.
O especialista contou ainda sobre a importância e como deve ser feita a transição do público masculino para consultas em urologia.
“Caso o urologista seja o profissional escolhido pelos pais, acredito que antes da puberdade, quando as transformações começam, ele deve visitá-lo para que a relação seja estabelecida e os cuidados com a saúde sejam iniciados. Na minha opinião, deve ser uma transição leve, com a participação dos dois profissionais, com troca de informações e em decisão compartilhada com os pais e o adolescente”, afirmou Rossi.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-BA), Humberto Ferraz, disse que o período recomendado para acompanhamento com urologista e clínico geral, seria a partir de 12 a 14 anos. De acordo com Ferraz, não existe periodicidade recomendada para acompanhamento urológico, mas após os 45 anos, é indicado acompanhamento anual. Essa mesma faixa-etária também é recomendada para o diagnóstico de câncer de próstata.
“A triagem para avaliar o risco de presença de câncer de próstata seria para todos os homens que têm fatores de risco maior como história familiar, cor negra e idade a partir dos 50 anos. Então, essas características secundárias vão se desenvolver entre os 12 e 14 anos. Acho que seria o período no qual ele começa a ter talvez o urologista como uma referência médica, e também o seguimento clínico conforme demanda. Ter um segmento com o médico clínico também, acho que é importante para a questão respiratória cardiovascular, principalmente na idade adulta acho que é importante", pontua.
Humberto apontou ainda que a prevenção secundária, com diagnóstico precoce, pode proporcionar tratamentos curativos e reduzir a mortalidade.
“Essa prevenção secundária, que é o diagnóstico precoce, pode proporcionar tratamentos curativos e reduzir a mortalidade. Não temos como intervir de uma forma direta na frequência, no surgimento, mas uma vez que surge e o diagnóstico seja feito de início certamente pode haver queda nesta mortalidade”, comentou.
Um dos pacientes que foi pela primeira vez a uma consulta com urologista foi o administrador de empresa, Alessandro Costa. Ao Bahia Notícias, ele contou que passou por um atendimento devido a idade e ao histórico familiar.
“Fui a minha médica clínica, que sempre acompanha minha saúde, e meu exame de PSA apresentou resultado normal. Mas, devido à minha idade e ao histórico de que meu pai — com quem não tive convivência, pois fui adotado legalmente — provavelmente faleceu de câncer de próstata, a médica sugeriu que eu também procurasse um urologista”, revelou.
Para Alessandro, a ida aos especialistas de urologia auxiliou para sua saúde e pode contribuir para a de outros homens.
“Sim, nós homens precisamos estar mais atento a higiene no pênis e usar preservativo nas relações sexuais. O conhecimento e autocuidado é de suma importância para o bem-estar de nós”, relatou.