Tá liberado? Especialista aponta que cerveja e vinho têm menor risco de intoxicação por metanol; entenda
Por Victor Hernandes
Chega a tão esperada sexta-feira, o famoso “sextou” e um pensamento e uma vontade se passa pela cabeça de muitos baianos: “Dia de tomar uma”. No entanto, a prática de beber e consumir uma bebida alcoólica no final de semana, pode estar ameaçada no estado.
Isso porque, um alerta se acendeu entre especialistas da área de saúde e gerou uma certa preocupação e medo entre parte da sociedade: bebidas adulteradas com metanol. Um surto de intoxicação por metanol associado ao consumo de bebidas alcoólicas foi registrado no Brasil, com a confirmação de mais de 11 casos, seis mortes e 52 suspeitas em São Paulo, além de Pernambuco e Distrito Federal.
A Bahia também notificou como suspeita uma morte, na manhã desta sexta-feira (3), na cidade de Feira de Santana. Após os registros, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em coletiva de imprensa nesta quinta (2), sugeriu que seja evitado o consumo de destilados sem a informação da procedência do produto e reforçou que as bebidas alcoólicas “não são essenciais”.
Os produtos em si teriam um risco maior de contaminação e presença da substância. Mesmo assim, uma dúvida e um medo surgiram entre pessoas que consomem bebida alcoólica. É possível ter uma intoxicação por metanol após consumo de outras bebidas, a exemplo de cervejas e vinhos?
Em entrevista ao Bahia Notícias, a infectologista Clarissa Cerqueira indicou que pode existir a possibilidade de contaminação através da cerveja. No entanto, a chance é menor do que em outras bebidas como whisky, vodka, gin e outros tipos de destilados.
“Até que pode [intoxicação por metanol na cerveja], mas não é comum. O mais frequente que a gente observa são as bebidas destiladas”, disse a médica.
A especialista apontou que o fato se deve também por conta do nível de álcool obtido na cerveja ser menor do que em destilados.
“Na cerveja tem menos nível de concentração alcoólica. Um fato que influencia a intoxicação é que não basta ter metanol, é necessário uma quantia suficiente para causar sintomas de intoxicação. Muitas vezes você pode ter uma cerveja que tem uma concentração mais baixa de álcool. Ali a pessoa poderia estar ingerindo metanol, mas não sentiria danos grandiosos”, afirmou.
A profissional elencou ainda que a dose do metanol ser encontrada na concentração de álcool em 5% de uma cerveja, seria mais difícil, diferente de outros tipos de bebidas.
“A dose oral do metanol é de 30 a 240 ml. É uma dose alta. Como a cerveja tem concentração de 5%, é muito difícil ter a intoxicação. O destilado, que a gente já tem uma concentração maior pode chegar em até 40%", ponderou.
Entretanto, a médica apontou que a quantidade de cerveja consumida pode aumentar o risco de uma contaminação por metanol.
“O risco existe, mas é baixo porque ele depende da quantidade de cervejas ingeridas. O percentual de concentração do metanol na cerveja é a quantidade de cerveja ingerida”, explicou.
E O VINHO?
Outra bebida que entrou no meio dos debates foi o vinho. Segundo a médica, assim como a cerveja, o processo de fermentação contribui para que a chance de uma doença seja menor.
“O vinho é mais difícil por conta do processo de fermentação. Mas, ainda assim é uma possibilidade. Diria que é equivalente à cerveja. Porém, tem um risco maior, é intermediário”, comentou.
“A explicação é pela concentração de álcool. Porque quanto maior a concentração de álcool, a equivalência que você poderia ter em metanol pode ser maior”, completou.