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Brasil desperdiça 6 mil piscinas de água tratada por dia, diz estudo

Por Redação

Foto: Marcello Casal JR / Agência Brasil

O Brasil desperdiça diariamente um volume chocante de água tratada antes que ela chegue às torneiras dos consumidores, o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas. O dado faz parte do Estudo de Perdas de Água 2025, divulgado recentemente pelo Instituto Trata Brasil (ITB) em parceria com a GO Associados. O levantamento, que utilizou dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento (SINISA, base 2023), lança um alerta sobre a ineficiência do sistema de distribuição do país.

 

Em um ano, o Brasil perdeu 5,8 bilhões de metros cúbicos de água tratada, volume que seria suficiente para abastecer cerca de 50 milhões de pessoas. As perdas totais representam 40,31% de toda a água produzida no país, um percentual significativamente acima da meta de 25% definida pela Portaria 490/2021, do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

 

O estudo aponta para uma grande discrepância regional, com as regiões Norte (49,78%) e Nordeste (46,25%)registrando os piores índices. Estados como Alagoas (69,86%), Roraima (62,51%) e Acre (62,25%) chegam a desperdiçar mais da metade da água distribuída. Em contraste, Goiás (25,68%), Distrito Federal (31,46%) e São Paulo (32,66%) apresentam os melhores indicadores de controle de perdas.

 

O desperdício é categorizado como a água perdida por vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Segundo o ITB, somente as perdas físicas, ocasionadas sobretudo por vazamentos na infraestrutura, ultrapassam 3 bilhões de metros cúbicos por ano. Esse volume desperdiçado seria capaz de garantir o fornecimento de água a 17,2 milhões de pessoas que vivem em comunidades vulneráveis por quase dois anos.

 

O desperdício de água acarreta custos adicionais severos para o sistema, incluindo maior gasto com químicos, energia, manutenção e o uso excessivo da infraestrutura. O custo mais alto, no entanto, é o ambiental. A necessidade de captar mais água do que a demanda real aumenta a pressão sobre rios e mananciais, reduzindo a disponibilidade hídrica e elevando os custos de mitigação.

 

"Ainda vemos um progresso tímido nos índices de redução de perdas de água, enquanto milhões de brasileiros continuam sem acesso regular e de qualidade à água potável, fundamental para uma vida digna," afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil.

 

O estudo ressalta que o impacto ambiental é direto e se torna mais crítico em um país que já enfrenta eventos extremos como secas prolongadas, calor extremo e alterações no regime de chuvas. Com cerca de 34 milhões de brasileiros ainda sem acesso à água tratada, a modernização da infraestrutura é vista como uma medida urgente.

 

Luana Pretto complementa que investir na redução de perdas é essencial: "Eventos como secas intensas, alterações nas chuvas e calor extremo têm agravado a escassez hídrica, afetando nossos rios e desafiando a capacidade do país em garantir o fornecimento de água para todos. Investir na redução de perdas e na modernização da infraestrutura não é apenas necessário, mas urgente.”

 

Os autores do estudo destacam que a redução das perdas de água é, na verdade, uma estratégica de adaptação climática, alinhada aos temas discutidos em fóruns internacionais como a 30ª Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP30). As discrepâncias regionais, com os piores índices nos locais com menor capacidade de investimento, reforçam a necessidade de apoio e políticas públicas direcionadas.

 

O estudo calcula que se o Brasil atingisse a meta regulatória de 25% no índice de perdas, o país economizaria 1,9 bilhão de m3 de água, volume equivalente ao consumo de 31 milhões de pessoas em um ano. O ganho econômico estimado com essa redução é de R$ 17 bilhões até 2033, valor que poderia aumentar a resiliência dos municípios e ampliar o acesso à água potável em todo o território nacional.

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