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Jungmann critica ausência de política estruturada de segurança após operação no Rio

Por Victor Hernandes / Gabriel Lopes

Foto: Victor Hernandes / Bahia Notícias

O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, comentou nesta quinta-feira (30) a situação da segurança no Rio de Janeiro após a megaoperação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital fluminense, na última terça-feira (28). A declaração ocorreu durante a entrega da Medalha Dois de Julho a Henrique Carballal, presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM).

 

Jungmann questionou a efetividade das ações realizadas na capital fluminense e apontou que as operações não atingem os fatores estruturais que alimentam o crime organizado.

 

"A pergunta que eu faço é o seguinte: no dia seguinte ao que aconteceu, a vida do carioca está mais segura? Ele está menos exposto a sequestro, a crime, a assassinato, a roubo, a tráfico de drogas? Eu acredito que não, ou muito pouco. Por quê? Porque esse episódio não vai no cerne das questões, que são exatamente as fontes de financiamento do crime organizado, as armas que acessam eles e a questão do recrutamento dentro das comunidades. Nada disso foi afetado", afirmou.

 

O ex-ministro também destacou que, apesar das mortes registradas, inclusive de policiais, a operação não teria alterado a realidade de violência enfrentada pela população carioca.

 

"Aconteceu, evidentemente, morte sem a menor sombra de dúvida, inclusive de policiais. Mas isso não representa, dentro da situação do Rio de Janeiro, que tenha modificado estruturalmente o quadro que os cariocas vivem e que eu conheço muito bem. Por isso é que eu acho que isso é uma repetição daquilo que já houve no passado, mas sem que isso represente de fato uma política estadual de segurança pública e, sobretudo, a redução, a diminuição do crime organizado e do fato de que aproximadamente um milhão e meio a dois milhões de cariocas vivem um Estado paralelo, o Estado determinado pelas milícias e pelo crime organizado. Isso não foi afetado e, por isso mesmo, é que eu acho que uma operação como essa […] não traz, de fato, maior segurança para a população carioca", disse.

 

Jungmann ainda comentou limitações constitucionais da União sobre o tema e defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18, que, segundo ele, permitiria uma atuação mais coordenada entre os entes federativos.

 

"Como ministro da Segurança Pública eu tive a oportunidade de estudar as Constituições brasileiras, são sete. Em nenhuma delas, o governo central, seja no Império, seja na República, teve atribuições na Segurança Pública. Ou seja, constitucionalmente, o governo federal não tem atribuições na Segurança Pública. […] É por isso que eu defendo a PEC 18, porque propicia que o governo federal atue coordenadamente com os estados e municípios", avaliou.

 

Ao comentar o alcance do crime organizado, Jungmann citou a expansão internacional do Primeiro Comando da Capital (PCC) e reforçou a necessidade de uma coordenação nacional para o enfrentamento da criminalidade.

 

“Hoje o PCC está em 28 países pelo mundo. A minha pergunta é, a polícia da Bahia dá conta disso? De Pernambuco? Do Rio de Janeiro? De São Paulo? Não dá. Nós precisamos ter exemplo do que acontece no mundo afora, nos principais países desenvolvidos. Nós precisamos ter o governo federal diretamente envolvido e coordenando as ações, como ele faz na educação, na saúde, na previdência. Por enquanto isso não acontecer, nós temos a Polícia Federal, mas eu quero lembrar que a Polícia Federal cuida de alguns tipos penais. Ela não cuida da segurança pública", finalizou.

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