Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias
Você está em:
/
Notícia
/
Política

Notícia

Estudo inédito revela como extrema direita usa anúncios na Meta para moldar opinião pública nas redes

Por Redação

Foto: Divulgação/Meta

Um levantamento inédito realizado pelo Projeto Brief mostra como a extrema direita tem utilizado anúncios pagos na Meta para moldar narrativas políticas e influenciar a opinião pública no Brasil. O relatório, que integra a iniciativa Quem Paga a Banda, foi lançado nesta terça-feira (26), e analisa os maiores investimentos feitos na categoria Sociedade durante o primeiro semestre de 2025.

 

De acordo com o estudo, a extrema direita aposta em estratégias coordenadas, narrativas simplificadas e repetição de conceitos como liberdade, família e fé. Enquanto isso, o campo progressista aparece fragmentado, sem uma linha unificada de comunicação.

 

“São investimentos milionários destinados a influenciar como as pessoas percebem o mundo, mas com uma diferença fundamental: de um lado, um campo que entende plenamente o papel da comunicação para a disputa cotidiana da opinião pública, do outro, um campo que usa anúncios de modo essencialmente tático, quase como um recurso auxiliar de campanhas”, afirmou Ricardo Borges Martins, coordenador-geral do Projeto Brief.

 

O ranking dos dez maiores investidores, construído a partir da Biblioteca de Anúncios da Meta, revela nomes de peso da mídia conservadora. A Brasil Paralelo, por exemplo, foi o segundo maior anunciante com selo político no país, investindo quatro vezes mais do que o Governo do Estado de São Paulo.

 

O relatório também expõe o peso de subcelebridades e influenciadores digitais. O destaque vai para Victor Doné, que sozinho veiculou mais de 16 mil anúncios em seis meses — 12 vezes mais do que a Brasil Paralelo. Foram R$ 469 mil em anúncios pagos, superando os R$ 398 mil aplicados pelo governo paulista. Doné aposta em narrativas conspiratórias e místicas, vendendo o chamado “Código de Deus” como segredo de prosperidade acessível apenas a poucos.

 

Outro nome que aparece entre os maiores investidores é o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, quarto colocado no ranking. Ele se apresenta como coach financeiro, utilizando cursos e comparações internacionais para reforçar a defesa de menos Estado e maior liberdade de mercado.

 

O relatório mostra que a extrema direita utiliza o conceito de liberdade em três frentes principais:

  • Liberdade de expressão: usada para reforçar a imagem de veículos “independentes” e se colocar como vítima de censura, diante da exclusão de conteúdos e suspensão de perfis.
  • Liberdade financeira: associada à independência monetária, investimentos em Bitcoin e promessas de prosperidade por meio de cursos e fórmulas de enriquecimento.
  • Liberdade política: explorada sob a narrativa de que o país vive um “estado de exceção”, estimulando a assinatura de veículos conservadores como ato de resistência contra um suposto Estado opressor.

 

O estudo ainda aponta como a extrema direita tem explorado catástrofes climáticas e outras crises sociais para difundir sua visão política. A estratégia consiste em entrevistas e reportagens de campo, que geram sensação de proximidade e credibilidade, mas transferem a responsabilidade dos problemas para o governo federal, ignorando as esferas municipal e estadual.

 

Segundo o Projeto Brief, esse tipo de conteúdo gera engajamento por parecer de interesse público, mas pode distorcer informações e confundir a população.

 

O levantamento também evidencia o contraste com a comunicação progressista. Enquanto a extrema direita age de forma coordenada, repetindo mensagens claras que despertam conexão emocional, os progressistas aparecem dispersos. “As múltiplas causas abordadas pela esquerda repercutem como convites frios para consumir relatórios ou assinar petições, sem criar aproximação prévia”, aponta o estudo.

 

Além disso, a esquerda é criticada pelo excesso de foco em denúncias e pela ausência de propostas mobilizadoras, enquanto os conservadores oferecem uma promessa de ordem, segurança e prosperidade.

Compartilhar