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Quase um terço dos brasileiros admite utilizar agressão em crianças; prática é proibida por lei

Por Redação

Foto: TV Brasil

Apesar da proibição por lei, 29% dos cuidadores de crianças de até seis anos ainda admitem o uso de castigos físicos como forma de disciplina. Os dados fazem parte do estudo Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, vive e pensa sobre os primeiros seis anos de vida, divulgado nesta segunda-feira (1º) pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

 

A pesquisa, realizada em parceria com o Instituto Datafolha, entrevistou 2.206 pessoas em todo o Brasil, sendo 822 responsáveis diretos por crianças nessa faixa etária. O levantamento integra as ações do Agosto Verde, campanha que visa conscientizar sobre a importância da primeira infância.

 

Segundo o estudo, 17% dos cuidadores consideram os castigos físicos uma forma eficaz de disciplina, enquanto 12% reconhecem que agridem mesmo sabendo da ineficácia do método.

 

A chamada Lei da Palmada (Lei nº 13.010/2014), em vigor desde 2014, proíbe qualquer forma de castigo físico ou tratamento cruel contra crianças e adolescentes. A legislação prevê medidas socioeducativas para os responsáveis, como advertências e encaminhamentos para programas de orientação. A norma foi batizada em memória de Bernardo Boldrini, morto aos 11 anos após sofrer maus-tratos do pai e da madrasta no Rio Grande do Sul.

 

Para além das agressões, 43% dos responsáveis entrevistados disseram que gritam ou brigam com as crianças e 44% afirmam dizer coisas como “espera o que vai acontecer”. Os métodos mais utilizados, no entanto, são o diálogo e a explicação sobre o erro (96%), seguidos pela tentativa de acalmar a criança e retirá-la da situação (93%).

 

Ainda segundo o levantamento, o diálogo e as tentativas de acalmar a criança são as práticas consideradas mais eficazes entre os responsáveis. Retirar brinquedos e outros utensílios (62%) ou colocar de castigo (55%) também foram citados pela maioria. Entre as menos recomendadas, gritos e brigas também foram citados por 10% dos entrevistados como eficazes; outros 11% responderam “comparações com outras crianças” e 18% disseram “não dar atenção às crianças”. 

 

No entanto, 40% dos que praticam agressões acreditam que elas resultam em maior respeito à autoridade, enquanto 33% reconhecem que geram comportamentos agressivos. Já 21% admitem que a prática pode levar a baixa autoestima e falta de confiança na criança.

 

A pesquisa também revelou um desconhecimento generalizado sobre a importância da primeira infância. Apenas 2% dos entrevistados souberam definir corretamente o período — do nascimento até os seis anos, conforme a legislação brasileira. E 84% desconhecem que esta é a fase mais importante para o desenvolvimento humano.

 

Mariana Luz destaca que é nesse período que se formam 90% das conexões cerebrais, com cerca de um milhão de sinapses ocorrendo por segundo no cérebro infantil. “Todos os picos do desenvolvimento físico, motor, cognitivo e socioemocional acontecem nos primeiros seis anos”, ressaltou.

 

Apesar das evidências científicas, 41% dos entrevistados acreditam que a fase de maior desenvolvimento ocorre na vida adulta, enquanto 25% apontam a adolescência.

 

Para a diretora, é necessário ampliar o debate público e as campanhas de conscientização. Ela citou estudos do economista e Nobel James Heckman que mostram que, para cada dólar investido na primeira infância, há um retorno social de até sete dólares. “Os ganhos são evidentes em educação, saúde, segurança pública, e geração de renda”, afirmou. (A reportagem foi atualizada às 18h20, para atualização dos dados divulgados previamente. Pedimos desculpas pelos erros nas porcentagens divulgadas no trecho de "práticas consideradas mais eficazes".)

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