Marco fundante da requalificação do Pelourinho, Coaty será revitalizado
Por Bruno Leite
Abaixo do frontispício, pouco acima das muralhas que um dia protegeram Salvador de invasões, cinco construções têm destaque na Ladeira da Misericórdia.
O conjunto, apesar de estar hoje escondido, desnivelou uma outra forma de pensar o Centro Histórico, quando, na década de 1980, a arquiteta Lina Bo Bardi deu forma para o projeto de requalificação do local.
Da cabeça pensante da arquiteta saíram o Bar dos Três Arcos, as Casas Um, Três e Sete e o Coaty. Este último, idealizado para ser um restaurante, jamais foi permanentemente ocupado.
O projeto audacioso de Lina, a mesma que foi responsável pelo projeto do Museu de Arte de São Paulo (MASP), pelo Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) e pela Casa do Benim, contou ainda com a participação de Ferraz e Suzuki e de João Filgueiras Lima (Lelé).
Agora, mais de três décadas depois, a administração municipal pretende dar uma nova destinação para a área, com a revitalização das construções e a adequação da via para que possa propiciar aos visitantes uma maior acessibilidade.
Segundo o presidente da Fundação Gregório de Mattos (FGM), Fernando Guerreiro, há, no âmbito da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), um projeto de recuperação das construções e de todo o entorno.
Uma reunião para definir o futuro do conjunto estava marcada para esta segunda-feira (18), mas teve que ser desmarcada por questões internas da equipe que está à frente da iniciativa.
"Isso está caminhando. O projeto já está pronto, vai ser feito [apenas] uma pequena mudança", revelou Guerreiro ao Bahia Notícias.
De acordo com o gestor cultural, apesar dos órgãos municipais terem ideias para o espaço, a finalidade a ser dada para o conjunto ainda não foi definida.
"Num primeiro momento a gente tem que requalificar tudo para que na sequência a gente resolva o que vai fazer. A ideia é colocar aquilo ali em condições de ser ocupado. A patir daí a gente entra no processo de discussão, se vai abrir uma licitação ou o que a gente vai fazer", destacou.
O intuito, entretanto, seria o de focalizar na relação do marco erguido na Ladeira da Misericórdia com o campo da arte, tendo em vista o legado da arquiteta ítalo-brasileira como guia.
"Acima de tudo, vai ser uma área de homenagem a Lina Bo Bardi. Vai ser um grande centro de referência de Lina, já que é um ponto visitado por arquitetos do mundo inteiro", explicou, dando conta de que o formato de ocupações cultruais deve ser bastante trabalhado ali.