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Defesa de velejadores brasileiros condenados por tráfico recorre contra Justiça de Cabo Verde

Por Ailma Teixeira

Foto: Acervo pessoal

Diante da condenação dos velejadores baianos Rodrigo Dantas e Daniel Dantas e do gaúcho Daniel Guerra, seus familiares entraram com um recurso na Justiça de Cabo Verde. O Tribunal de Justiça de São Vicente, na cidade de Mindelo, em Cabo Verde, condenou os três e o capitão francês Olivier Thomas a 10 anos de prisão por tráfico internacional de drogas no âmbito da Operação Zorro (lembre aqui). Os brasileiros foram detidos após a polícia local localizar 1.157 quilos de droga no barco, avaliados em cerca de 82 milhões de euros. Em coletiva de imprensa apresentada pelos familiares e pela equipe de defesa dos brasileiros, na manhã desta sexta-feira (13), eles ressaltaram que vão recorrer até a última instância. "Ontem foi entregue o recurso de defesa pelos advogados e agora serão analisados por um colegiado de juízes mais experientes ponderados e técnicos que vão exercer o direito de defesa, inclusive na audição de testemunhas", afirmou João Dantas, pai de Rodrigo. Ao lado do advogado do filho, Maurício Mattos, do advogado de Daniel Dantas e de Daniel Guerra, Marcelo Cunha, e da irmã de Daniel Dantas, Cláudia Dantas, João relatou todo o processo. Os representantes e familiares dos velejadores apontam que o juiz Antero Tavares cerceou o direito de defesa deles, se recusando a ouvir testemunhas e ignorando o inquérito entregue pela Polícia Federal do Brasil, que inocentou os rapazes. Outra crítica feita à atuação do magistrado está na impressão do símbolo de um “Zorro” no processo, em referência ao nome dado à operação. “Ele não se portou como juiz, ele se portou como acusador, que não é função de juiz. Ele saiu da parte de quem tem que controlar a lei, quem tem que fazer a legalidade, pra fazer ilações e subverteu totalmente o ônus da prova”, apontou João.


Foto: Ailma Teixeira/ Bahia Notícias

 

Dessa forma, os advogados pedem a nulidade do processo diante das irregularidades cometidas. Como exemplo das dificuldades enfrentadas, João também cita que, durante o julgamento, os advogados perderam duas horas para explicar ao juiz e ao Ministério Público o que são milhas náuticas, que eles achavam se tratar de dinheiro, e o delivery de barco, pois entendiam que o termo só era usado para drogas – a milha é a unidade de medida de distância usada para navegação marítima, já o delivery, como a tradução do nome já diz, se refere a entrega da embarcação. Os brasileiros se envolveram nesse caso em meados de 2017, quando Guerra e Rodrigo souberam que a empresa holandesa The Yatch Delivery Company estava contratando velejadores para acompanhar um barco até Açores. Como os dois buscavam adquirir as milhas náuticas, eles se inscreveram para o serviço, enviaram a documentação e assinaram o contrato. Com tudo acertado, no dia 29 de junho eles embarcaram e, após os preparativos finais, zarparam no dia 7 de julho. Já no primeiro trecho da viagem, de Salvador a Natal, eles passaram por diversos imprevistos: princípio de incêndio, troca de comandante porque o inglês teve um mal estar e foi substituído pelo francês Olivier Thomas e o recrutamento de um terceiro tripulante, Daniel Dantas. Também por lá, o barco foi inspecionado pela Polícia Federal. O inquérito da PF aponta que a corporação já monitorava o barco antes mesmo dele chegar ao Brasil, em 8 de julho de 2016, pois a inteligência inglesa suspeitava da atuação de uma quadrilha com ligação de pessoas na Colômbia. Porém, a inspeção não encontrou nada, o que posteriormente foi admitido pelo delegado como ineficiência da polícia. Foi só quando chegaram a Mindelo, em Cabo Verde, que uma inspeção de mais de 10 horas localizou os entorpecentes. De acordo com a defesa, um perito confirmou que nem mesmo cães farejadores seriam capazes de detectar a droga. Assim, os familiares tentam reverter o quadro de condenação dos brasileiros, que asseguram ser inocentes e vítimas da quadrilha. O homem apontado como proprietário da embarcação Georde Edward Saul, também conhecido como Fox, segue desaparecido. Ele e os companheiros Robert James Delbos, o Bob, e Matthew Stephen Bolton, o Mike, que trouxeram o barco para o Brasil, em 2016, foram indiciados pela PF.

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