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Altruísmo dos outros é refresco

Por Fernando Duarte

Assim como pimenta | Foto: Almanaque SOS

Dois episódios da última semana ainda repercutem nas redes e em diversos segmentos sociais baianos: a desistência de ACM Neto de ser candidato ao governo da Bahia e a ausência do governador Rui Costa nos atos em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em São Bernardo do Campo. Ambos os casos foram já explicados pelos dois personagens, porém aliados insistem em críticas semelhantes e adversários sugerem que “amarelou” é a única desculpa possível. Como já dito e repetido, ACM Neto fez uma escolha pessoal que acabou fragmentando o grupo político que ele liderava. A oposição ao governo Rui focou todas as expectativas em torno da candidatura do prefeito de Salvador e o recuo – tardio – dele serviu como uma rasteira para muitos daqueles que usavam a presença do gestor da capital baiana como muleta eleitoral. Entre os aliados, os impropérios mais próximos de serem publicados ficam em “moleque” e “frouxo”. Esse grupo precisava ter ACM Neto como candidato para manter a viabilidade eleitoral e ter algum tipo de sobrevida política. Queriam porque queriam que o prefeito fosse candidato e encerrasse o segundo mandato à frente do Palácio Thomé de Souza de maneira breve. Dos adversários do prefeito também foi possível ouvir e ler comentários como “arregão” ou “cagaço”. Tanto quanto dos aliados, os adjetivos eram esperados. Afinal, havia toda uma expectativa em torno do potencial eleitoral de ACM Neto para enfrentar Rui. Do lado do governador, desde a decretação da prisão de Lula pelo juiz Sérgio Moro, criou-se uma ansiedade por ver a imagem do petista junto ao líder máximo do partido. Rui gastou a quinta-feira finalizando as articulações políticas com o PR – que inclusive ajudaram na desistência de ACM Neto. A sexta foi a ressaca desse processo de tensão em que o ex-governador Jaques Wagner atuou como articulador primordial para que as negociações com o republicanos permanecessem. Era esperado que Rui e Wagner fossem no sábado para São Bernardo do Campo? Era. Mas ambos não foram e, apesar de serem próximos politicamente de Lula, mantiveram um distanciamento mínimo do processo, uma forma de não serem necessariamente contaminados com o clima de guerra civil pregado por uma parcela expressiva de atores políticos do PT nacional. Foi estratégico. Isso não os afastou em momento algum da defesa de que há perseguição a Lula, principal pregação dos aliados do ex-presidente. Nas redes sociais não foram poucas as declarações e em atos públicos também. E Rui ainda viajou para Curitiba na terça com outros oito governadores – e acabou com a cara na porta, sem visitar Lula. Todavia, o governador e Wagner foram “cobrados” por essa posição “colada” a Lula, tal qual ACM Neto por ter desistido de ser candidato. São dimensões diferentes, obviamente. Mas ainda assim são expectativas sobre pessoas públicas por decisões que também partem do âmago pessoal. É muito cômodo exigir altruísmo dos outros, não? Afinal, pimenta nos olhos alheios é quase um refresco. Este texto integra o comentário desta quinta-feira (12) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios Excelsior, Irecê Líder FM e Clube FM.

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