Bruno Reis avisa que é líder da oposição; ‘Não vejo autoridade para ele falar isso’, rebate Gaban
Por Sandro Freitas
Se não bastassem os embates recentes com a base do governo, a bancada de oposição agora trava uma guerra ainda mais complicada, uma disputa interna pelo posto de líder interino do grupo. O cargo foi ocupado pelo líder do DEM, Carlos Gaban, na última sessão da Assembleia Legislativa de 2013, mas agora Bruno Reis (PMDB) garante que o posto é dele. Segundo o peemedebista, a função nunca foi confiada a Gaban pelo líder efetivo, Elmar Nascimento (DEM). “Elmar ainda não retornou de viagem, chega dia 8. Então, amanhã [terça-feira, 7] eu ainda estarei [como líder], pois sou o primeiro vice-líder. Falo como líder depois de conversar com integrantes da bancada”, resumiu Bruno Reis, que ainda definiu a posição de Gaban como “líder do DEM, uma bancada que tem sete deputados”. Regimentalmente não há um 1º vice-líder, segundo o presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), mas a posição pode ser definida extraoficialmente no bloco. O embate interno está inserido na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autoriza o governo estadual a antecipar cerca de R$ 2 bilhões de royalties do petróleo (ver aqui), dinheiro dos próximos cinco anos. Gaban se reuniu com o secretário estadual da Fazenda, Manoel Vitório, nesta segunda-feira (6), e diz que um acordo “está bem encaminhado”, através de uma emenda redigida por ele para destinar os recursos exclusivamente para o Fundo Financeiro da Previdência Social dos Servidores Públicos do Estado da Bahia (Funprev).

Foto: David Mendes / Bahia Notícias
Durante a conversa com o BN, o democrata sequer cogitou a hipótese de não ser o chefe da bancada, subiu o tom, e partiu para o ataque contra o colega. “Não vejo autoridade em Bruno Reis para ele estar falando isso ou tratar desse assunto, até porque ele desconhece. Não estou tratando em nível de Bruno Reis. Estou tratando de uma maneira que atenda ao servidor público da Bahia. Não tenho preocupações pequenas em ajudar ou prejudicar o governo de maneira irresponsável. Pensamentos menores não fazem parte da minha forma de agir. Não ajo com radicalismo ou coração, ajo com a razão”, disparou Gaban. Enquanto Bruno Reis alega que conta com o apoio de toda a ala oposicionista – exceto o agora adversário –, Gaban afirma que tem tratado da questão com integrantes externos a AL-BA do DEM, PMDB e PSDB. Na última sessão de 2013, foi ele quem costurou acordos com o líder do governo, Zé Neto (PT), e com os próprios integrantes da minoria. Contudo, se Gaban confia no acordo, o peemedebista avisou que, com o comando do bloco de 16 parlamentares contra o governo, vai impedir qualquer acerto. “A oposição vai obstruir. Vamos impedir aprovação no primeiro turno e, em paralelo, vamos bater nas portas do Poder Judiciário. Nossa assessoria da liderança está elaborando uma peça para essa semana ainda entrar na Justiça”, relatou ao BN. Para ele, o pacto feito por Gaban com o governo, através da emenda, será aceito pela oposição apenas em último caso. A disputa interna deve agradar aos governistas, que tentam aprovar a PEC dos royalties e o Orçamento de 2014, mas podem ganhar de lambuja a desunião da oposição, no momento em que DEM, PMDB e PSDB tentam costurar uma clima de paz e amor e selar o casamento para disputar o Palácio de Ondina.