Sem salários, professores em greve fazem malabarismo para sobreviver
Por Patrícia Conceição
Com o corte de ponto anunciado pelo governo do Estado em meados de abril, os professores da rede estadual de ensino, em greve há 57 dias, têm se virado pelo avesso para pagar as contas sem abrir mão da paralisação. A receita inclui corte de gastos, um pouco de solidariedade, mais um tanto de jogo de cintura e, se tiver sorte, empréstimos bancários. Os colegas Evando de Oliveira e Betânia Carneiro, que lecionam língua portuguesa em escolas de Riachão do Jacuípe, fizeram as contas e encararam três horas de estrada para participar da assembleia da categoria, realizada nesta terça-feira (5), em frente à Secretaria Estadual de Educação, em Salvador. A dupla e outros 20 conterrâneos compartilham as dificuldades de viver sem o vencimento mensal. “Sem salário, não tem margem para empréstimo bancário. Para conseguir dinheiro no banco, só se for amigo do gerente. As famílias estão ajudando. Os amigos estão ajudando. Nós estamos sobrevivendo com a ajuda dos outros. Se não tiver ajuda nós morremos de fome”, relatou Evando, em entrevista ao Bahia Notícias. “Não temos margem nem para comprar na Cesta do Povo. O cartão está sem limite”, completou Betânia. E o que fazer quando toda a renda da casa vem do trabalho nas salas de aulas das escolas estaduais? O professor Luís Nascimento, casado há quase dez anos com uma colega, dá a dica. “A gente sempre economizou, então temos uma reserva, mas estamos fazendo contorcionismo para não ficar no vermelho. O mais importante é não deixar se abater e continuar a luta”, contou.