De volta às origens: Samba de São Lázaro anuncia edição nesta sexta-feira na Federação
Por Bianca Andrade
Após a edição paga no Pelourinho, o Samba do São Lázaro fará o grande retorno à Federação com a primeira edição da festa gratuita em frente a Igreja de São Lázaro nesta sexta-feira (10). A informação foi confirmada ao Bahia Notícias nesta quinta (9).
O evento terá início a partir das 19h, sob o comando da banda Oz Favoritos, que faz a festa na região desde o início do samba nos moldes que se tornou o queridinho do público soteropolitano nos últimos anos, e Natália Magno.
As expectativas para o retorno da festa ao espaço eram baixas devido a redução de horário determinada em 2024 pela Prefeitura de Salvador. Um dos organizadores do evento, Thiago da Silva chegou a afirmar ao BN que a festa poderia não voltar a acontecer por não ser viável para os comerciantes o alto investimento para poucas horas de samba.
“A gente tentou ver nesse horário para saber se conseguiria manter, mas o público diminuiu. A gente chegou a colocar 1.500, 2 mil pessoas aqui. Com esse novo horário a gente conseguia colocar 10. O pessoal gastou com gelo, gastou com bebida, com banda, segurança, e não teve retorno. Antigamente a barraca fixa vendia 20 caixas de cerveja. A gente não conseguiu vender meia caixa em uma noite.”
No primeiro final de semana do ano, o Samba de São Lázaro ganhou uma edição paga realizada fora da Federação. O Largo da Tieta recebeu a festa, com ingressos à R$ 20.
Denúncias de populares
O Samba de São Lázaro passou a receber denúncias de populares pela questão do barulho na região. Antes da intervenção da Prefeitura, a festa era levada até a madrugada do sábado.
Na web, os internautas chegaram a apontar racismo na decisão de proibir o evento. "Nós sabemos que não é sobre isso e que mais uma vez o sistema e a burguesia venceu as articulações pretas para tentar amenizar, alegrar a nossa sobrevivência em uma sociedade desigual, injusta e racista".
O vereador Duda Sanches mediou encontros entre os organizadores do samba e síndicos de prédios da região, e uma reunião foi feita entre os organizadores do evento e os agentes da capital baiana, além de um representante da Polícia Militar para definir a realização da festa.
Mesmo após o encontro e a apresentação de todos os documentos para provar que o evento acontecia de forma legal, ficou determinado que o samba só poderia acontecer até às 22h.
Em entrevista à Antena 1, Duda Sanches descartou a possibilidade de prolongar o horário da festa.
“Infelizmente, a gente não consegue fazer uma festa que acontece com essa regularidade, se autorizando a passar do horário das 10 horas, todas as sextas-feiras. O Guetho passou muitos anos fechado por ordem do Ministério Público, porque ele não conseguia se adequar. Hoje quem vai no show da Timbalada, de Carlinhos Brown, 22 horas acaba o som, custe o que custar e não tem mais show. Acontecer todas as sextas com autorização da prefeitura passando das 10 horas não é uma possibilidade.”