Ilê Aiyê anuncia última comemoração dos 50 anos em passeata no Curuzu
Por Laiane Apresentação / Eduarda Pinto
Em show especial na Concha Acústica em comemoração ao aniversário de 50 anos do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro da capital baiana, a direção da entidade confirmou, nesta sexta-feira (1°), o encerramento das comemorações oficiais, que tiveram início no Carnaval, ainda no mês de novembro. As festividades da Boda de Ouro do “Mais Belo dos Belos” deve ocorrer no dia 23 de novembro, sábado, em uma passeata pelo Curuzu, onde o bloco nasceu e está sediado até hoje.
A passeata fará o caminho contrário ao tradicional desfile de Carnaval e sairá do Plano Inclinado da Liberdade, em frente a entrada do Curuzu, e seguirá até a Senzala do Barro Preto, sede do Bloco. Em discurso durante a comemoração desta sexta, o fundador do bloco, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, relembrou com bom humor os propósitos da criação do Ilê.
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“Hoje nós estávamos contando, nós nunca tivemos essa expectativa [de longevidade]. Nós sabíamos das dificuldades quando criamos o Ilê Aiyê. Da perseguição, da ditadura, mas o Ilê Aiyê não é 51, mas é uma boa ideia”, disse entre risos. “Fico muito feliz de termos dado uma contribuição para uma cidade menos perversa. Ainda não está contemplado, mas vai ficar melhor, é só dar mais um pouco na cultura e na educação”, afirma.
Ao citar as dificuldades do cenário baiano, o representante do bloco destaca: “É muito triste ver que Salvador é a cidade mais negra, uma alma negra, capital da negritude, mas também é a cidade onde o racismo se instalou e se deu bem. Então, vocês não imaginam o que é para manter uma entidade porque, se nós tivéssemos criado só um bloco de Carnaval já teria dificuldade e para nós, através de minha mãe, criar um projeto social é muito complicado. É muito bonito fazer filantropia, mas tem que ter recurso”, conclui.