Na França, trens de alta velocidade viram hospitais devido ao coronavírus
O treinamento para atender vítimas de atentados é colocado em prática na França, desta vez não por terrorismo. Em meio à pandemia de coronavírus, que já contaminou 65.202 pessoas no país e causou 3.605 mortes, socorristas têm utilizado trens para levar pacientes da Covid-19 de hospitais cheios para onde há vagas.
Em 26 de março, o primeiro TGV (trem de alta velocidade, na sigla em francês) medicalizado evacuou 20 pacientes de UTI de Strasbourg para a região da Loire.
"Cada leito que liberamos é um respirador que liberamos, talvez uma vida que salvamos", disse Lionel Lamhaut, socorrista em Paris e encarregado de organizar a missão dos TGV medicalizados ao canal de televisão France 2.
Os vagões são transformados em minisserviços de UTI, com seis profissionais de saúde e um de logística. "É resultado de um trabalho de um ano, que foi idealizado para o exercício de medicina de catástrofe para deslocar pacientes após um atentado", explicou Lamhaut.
Dentro do trem, segundo o socorrista, há um nível alto de cuidados, em que se seguem todos os tratamentos de UTI durante as horas de deslocamento. A rede ferroviária, por sua vez, é quase inteiramente dedicada à missão, afirmou Lamhaut.
"O trem se desloca na mesma velocidade, mas de maneira muito estável e com um alto nível de antecipação e com uma rede que evita frenagens."
A França é o quarto país em número de mortos da Covid-19, atrás de Itália, Espanha e Estados Unidos, e o sexto em número de casos, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.
Desde o início de março, o governo do país tem apertado as medidas de isolamento. Bares, restaurantes, casas noturnas e lojas que não fossem essenciais, como farmácias e mercados, foram fechados. As aulas foram suspensas, e reuniões e passeios familiares, proibidos.