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Lula sanciona corte de incentivos fiscais e veta jabuti de R$ 2 bilhões em emendas

Por Diego Felix | Folhapress

Foto: Marcelo Camargo / EBC

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira (26) a lei que reduz em 10% parte dos incentivos fiscais do país, mas vetou um jabuti inserido pelo Congresso Nacional que permitiria o pagamento de emendas em quase R$ 2 bilhões.
 

O artigo vetado revalidava emendas parlamentares ao Orçamento que estavam inscritas como restos a pagar entre 2019 e 2023. Pela regra aprovada, esses restos poderiam ser liquidados até o final de 2026 e ressuscitar emendas enquadradas nas "emendas de relator", popularmente conhecidas como "orçamento secreto" -canceladas e declaradas inconstitucionais pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2022.
 

O presidente se ancorou em manifestações contrárias do Ministério do Planejamento e em um mandado de segurança impetrado pelo ministro Flávio Dino, do STF, na semana passada, contra o mesmo artigo da lei aprovada no Congresso. Na interpretação do presidente, o caso geraria insegurança jurídica.
 

Em decisão liminar do último dia 21, Dino afirmou que os restos a pagar regularmente cancelados já não existiam no plano jurídico. Para ele, a eventual revalidação das emendas equivaleria à "criação de nova autorização de gasto, desprovida de lastro em lei orçamentária".
 

Autorizar a manobra do Congresso tornaria, segundo ele, "imprevisível o encerramento das obrigações estatais".
 

Essas emendas com restos a pagar costumam ser recursos com cláusula suspensiva, em que o ente que vai receber (geralmente uma prefeitura) ainda não completou toda a burocracia para executar a obra ou concluí-la. A previsão de pagamento se arrasta por anos, até ser concluída ou cancelada depois de algum tempo.
 

De acordo com o portal do Tesouro, R$ 2,97 bilhões em emendas parlamentares foram cancelados em 2024 por decurso de prazo para execução. A maior parte desses recursos, R$ 2,49 bilhões, se referia a emendas de relator.
 

Uma lei de março de 2025 já tinha recuperado parte das verbas canceladas, mas tinha restrições que seriam revogadas pelo projeto aprovado agora: limitava ao período 2019 a 2022 e tratava apenas de restos a pagar não processados (cujos recursos foram reservados, mas a obra ou serviço não foi feito a tempo), desde que a licitação já tivesse sido iniciada ou o convênio estivesse com cláusula suspensiva.
 

Pelos cálculos dos deputados que acionaram o STF contra o artigo, dos R$ 1,9 bilhão em restos a pagar de emendas inscritos no orçamento desde 2019, cerca de R$ 1 bilhão seriam relativos a emendas de relator.
 

O jabuti ainda criava uma forma de viabilizar os pagamentos mesmo em caso de insuficiência de valores para a execução integral das emendas. Como o provisionamento de verbas é antigo, o valor poderia ser insuficiente para executar a obra e o Congresso estabeleceu que poderiam ser adotadas providências para aglutinar recursos e promover a execução das obras.
 

TRAVAS À CONCESSÃO DE FINANCIAMENTOS
 

Lula também vetou a criação de condições mais rígidas para a concessão, ampliação ou prorrogação de qualquer benefício de natureza financeira ou creditícia, como empréstimos subsidiados e financiamentos públicos.
 

O texto aprovado do Congresso adotava critérios mais rigorosos para essas concessões, com regras semelhantes aos benefícios tributários, como a inclusão de metas de desempenho, análise de impacto regional e implementação de mecanismos de avaliação e transparência.
 

"O dispositivo contraria o interesse público ao exigir que proposições legislativas que tratem da concessão, ampliação ou prorrogação de benefícios de natureza financeira ou creditícia deverão atender a requisitos que não são compatíveis com as especificidades de desenho e de implementação desses benefícios, o que prejudicaria a consecução de políticas públicas de relevante interesse social por eles financiadas", escreveu Lula.
 

O texto aprovado na semana passada cria um respiro para o governo buscar resultado fiscal positivo em 2026. Pelas regras, casas de apostas, fintechs e o imposto sobre distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) terão aumentos de alíquotas sobre receita que variam entre 15% e 20%.
 

A expectativa é que o governo arrecade cerca de R$ 20 bilhões no ano que vem com a implementação das regras.

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