Venezuela pede reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre cerco dos EUA
A Venezuela solicitou nesta quarta-feira (17) a convocação de uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir a "agressão persistente" dos Estados Unidos contra o país. O órgão deve se reunir para discutir a questão no próximo dia 23, mas a chance de uma decisão favorável a Caracas é zero, uma vez que Washington tem poder de veto.
"O presidente dos Estados Unidos da América viola nossa soberania nacional com impunidade, perante o mundo inteiro, bem como nossa integridade territorial e independência política", disse em carta o chanceler da Venezuela, Yván Gil. "[Washington] impõe caos e destruição, viola o direito internacional e a Carta da ONU", afirmou o ministro das Relações Exteriores.
Na terça (16), Trump declarou um bloqueio contra todos os petroleiros sob sanção dos EUA que entrem ou saiam da Venezuela -o passo mais claro em direção a uma guerra aberta entre os dois países até aqui. O regime de Nicolás Maduro é dependente da receita das exportações de petróleo, pilar crucial para a economia venezuelana.
Em resposta ao bloqueio, Maduro chamou o bloqueio de irracional e "ameaça grotesca", e as Forças Armadas da Venezuela reafirmaram seu apoio ao ditador. Também nesta quarta, a Marinha venezuelana começou a escoltar petroleiros em suas águas territoriais, segundo uma reportagem do jornal The New York Times, citando autoridades americanas que monitoram as movimentações.
Desde que os EUA capturaram o petroleiro "Skipper", de bandeira da Guiana, milhões de barris de petróleo estão parados em portos venezuelanos. A capacidade de armazenamento de petróleo da Venezuela deve chegar ao máximo em menos de dez dias, segundo a agência Bloomberg.
De acordo com o New York Times, uma série de cargueiros já deixaram os portos venezuelanos sob escolta, navegando com destino à Ásia -a China é a principal compradora do petróleo da Venezuela, país com as maiores reservas do mundo.
A operação da Marinha venezuelana é a primeira reação militar clara de Caracas à pressão do governo Trump para que Maduro saia do poder. Com a decisão, aumentam as chances de um confronto entre um navio de guerra venezuelano e as forças americanas que cercam o país -que incluem cerca de 15 mil militares, caças, navios de guerra e o maior porta-aviões do mundo.
