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Marca Bahia Notícias

Notícia

Após meses de resistência, Trump sanciona lei e libera arquivos do caso Epstein

Por Victor Lacombe | Folhapress

Foto: Divulgação

Após meses de desgaste e resistência, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cedeu à pressão da base do Partido Republicano e liberou os arquivos da investigação sobre o suposto esquema de tráfico sexual operado por Jeffrey Epstein.
 

Trump disse ter assinado nesta quarta-feira (19) a lei aprovada de forma quase unânime pelo Congresso na terça (18), ordenando que o Departamento de Justiça publique todos os documentos não sigilosos sobre a investigação. Ele tinha dez dias para sancionar ou vetar o texto.
 

O presidente anunciou a assinatura em um post na sua rede, a Truth Social, em que repetiu as acusações de que o caso tem ligação com os democratas, não com os republicanos, e que seus opositores estariam usando "a questão Epstein" para "tentar desviar" do que ele chamou de suas "INCRÍVEIS vitórias".
 

"Esta última farsa se voltará contra os democratas, assim como todas as outras!", escreveu Trump.
 

A legislação determina que o departamento tem 30 dias após a sanção para tornar público o material em formato buscável e possível de ser baixado na internet.
 

Há um parágrafo no texto que explicita que nenhuma parte do material deve ter sua divulgação impedida em razão de "constrangimento, dano à reputação ou sensibilidade política".
 

Por outro lado, no parágrafo em que a lei lista as razões pela qual parte dos documentos pode ser tarjada, há um item possibilitando a censura temporária de material que possa "comprometer uma investigação federal ativa ou processo judicial em andamento".
 

Além de Trump, outras figuras conhecidas da política americana são citadas nos papéis --como o ex-presidente Bill Clinton, contra quem Trump ordenou a abertura de uma investigação com base no caso, além de outros nomes ligados ao partido, caso do ex-reitor de Harvard e ex-secretário do Tesouro Larry Summers.
 

Na publicação do Truth, o presidente voltou a mencionar Clinton e outros democratas, associando-os ao financista.
 

"Epstein, que foi indiciado pelo Departamento de Justiça de Trump em 2019 (e não pelos democratas!), era um democrata de longa data, doou milhares de dólares para políticos democratas e tinha fortes ligações com muitas figuras conhecidas do partido, como Bill Clinton (que viajou em seu avião 26 vezes), Larry Summers (que acabou de renunciar a vários conselhos, incluindo o de Harvard), [...] e muitos outros", escreveu Trump.
 

Mais cedo nesta quarta, a secretária de Justiça americana, Pam Bondi, confirmou que liberaria os arquivos do caso em até 30 dias. Ainda não se sabe, portanto, quando os arquivos ficarão de fato disponíveis ao público ou mesmo se sua divulgação ajudará a responder perguntas ainda sem resposta no caso -como, por exemplo, se o atual presidente sabia dos abusos e até mesmo se teria participado deles, como alguns dos emails que já vieram à tona dão a entender.
 

Nas mensagens, Epstein escreveu que Trump passou "horas em sua casa" com uma das vítimas e que o atual presidente "sabia sobre as meninas" envolvidas em seu esquema, sem esclarecer o que quis dizer exatamente com a frase.
 

Câmara e Senado, controlados pelo Partido Republicano, aprovaram o texto agora sancionado por Trump em poucas horas na terça, demonstrando como o caso capturou o universo político americano nos últimos meses e se tornou uma prioridade para os dois partidos -o Democrata, que busca aumentar o desgaste de Trump, e o Republicano, que tenta enterrar o assunto com a divulgação dos documentos.
 

O líder da maioria no Senado, o republicano John Thune, permitiu que o líder da minoria, o democrata Chuck Schumer, manobrasse para aprovar a lei por consenso -isto é, Schumer propôs que a Casa enviasse a medida de maneira automática à sanção presidencial a menos que algum senador levantasse objeções. Nenhum republicano o fez.
 

O partido governista, porém, só passou a apoiar a lei depois que Trump mudou subitamente de estratégia. Após resistir à liberação por meses e ameaçar republicanos que a apoiavam no Congresso, o presidente passou a defender a medida.
 

Segundo analistas, isso poderia ser uma aposta de que as revelações mais graves já vieram à tona -isto é, as mensagens de Epstein dizendo que Trump "sabia sobre as garotas" e que ele teria passado horas com uma das vítimas.
 

Ao mesmo tempo, Trump estava sob imensa pressão da sua base, para quem o caso é obsessão há tempos, e pode ter reconhecido que era politicamente impossível continuar a se opor à divulgação dos documentos.
 

Na noite de terça, Trump publicou em sua rede social, a Truth Social, que não se importava com a aprovação da lei. "Só não quero que os republicanos esqueçam de todas as vitórias que tivemos", escreveu o presidente, citando seu pacote orçamentário, "fronteiras fechadas", cortes de impostos e "ser respeitado por todos os países no mundo", entre outros.

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