Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Um dia vou convencer Trump de que a mudança climática é séria, diz Lula na COP30

Por João Gabriel e Nicola Pamplona | Folhapress

Foto: Bruno Peres / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os resultados obtidos até agora na COP30, a conferência sobre mudanças climáticas das Nações Unidas, o deixam animado a ponto de querer convencer o negacionista Donald Trump, dos Estados Unidos, da importância deste tema.
 

"Eu estou tão feliz que um dia haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos de que a questão climática é séria e de que o desenvolvimento verde é necessário. E estou tão feliz que eu sonhei um dia até acabar com uma guerra da Rússia e da Ucrânia", afirmou.
 

Lula convidou reiteradamente Trump para comparecer a COP30, mas o presidente americano manteve o boicote imposto às negociações climáticas e não enviou uma delegação para participar da conferência.
 

Nesta quarta-feira (19), o petista viajou a Belém (PA) e, segundo interlocutores, tentou destravar as negociações para implementar o processo do chamado mapa do caminho pelo fim dos combustíveis fósseis, pauta defendida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e impulsionada por ele.
 

"As empresas petroleiras têm que pagar uma parte disso [dos custos para combater o aquecimento global], as mineradoras têm que pagar uma parte disso, as pessoas que ganham muito dinheiro têm que pagar uma parte disso, porque senão quem vai sofrer é a parte mais pobre do planeta Terra", completou.
 

E voltou a defender o plano para o fim da exploração de combustíveis fósseis.
 

"Ele [cada país] pode fazer dentro do seu tempo, dentro das suas possibilidades, mas nós estamos falando sério: é preciso que a gente diminua a emissão de gás de efeito estufa. Se o combustível fóssil é uma coisa que emite muitos gases, nós precisamos começar a pensar como viver sem combustível fóssil", disse.
 

A frase foi uma resposta indireta a alguns países que resistem em apoiar a ideia pelo receio de que sejam obrigados a cumprir metas de redução do uso de petróleo e carvão, sem que haja contrapartida por isso.
 

Ele também defendeu os protestos populares vêm acontecendo durante a conferência -que, pela primeira vez em três anos, acontece em um país amplamente democrático.
 

No início da conferência, manifestantes tentaram entrar na área reservada da COP, mas foram expulsos pela segurança da ONU, que depois criticou o governo Lula por falhas na segurança.
 

"Uma coisa que nós precisamos colocar na cabeça dos dirigentes do mundo inteiro é que esses eventos não podem ser perpetuamente litúrgicos, em que só participa pouca gente e, muitas vezes, em lugar cercado de polícia por tudo quanto é lado, cercado de arame farpado", afirmou.
 

"Os líderes que participam dessas reuniões estão protegidos é porque sabem que não estão fazendo a coisa certa, porque se estivesse fazendo a coisa certa, não precisavam ter tanto medo do povo de cada país. Eu tô muito feliz também porque a marcha do povo, a participação do povo foi extraordinariamente bonita, ordeira", completou.
 

Ele também defendeu que a COP30 avance com questões de gênero e ressaltou o papel da primeira-dama, Janja, que tem participado de eventos em Belém sobre este tema.
 

Nos encontros desta quarta, segundo relatos, Lula incentivou os países a investir no Fundo de Florestas Tropicais (TFFF, na sigla em inglês), uma de suas principais bandeiras, e que neste mesmo dia recebeu um novo aporte da Alemanha, de 1 bilhão de euros.
 

Nos encontros, ainda de acordo com os interlocutores, ele também tratou de adaptação climática e de financiamento --temas que vêm dividindo os países na conferência.
 

O petista defendeu a posição brasileira nesses temas e ouviu diplomatas de diversos países, com objetivo de tentar destravar as negociações, além de ter se reunido com a delegação brasileira para debater estratégias.
 

Lula teve uma série de encontros bilaterais com representantes da África, Egito, Arábia Saudita, China, Índia, Venezuela, União Europeia, Alemanha, Portugal, Jamaica e Ilhas Maldivas, entre outros.
 

Também houve reuniões com entidades da sociedade civil (como ambientalistas, cientistas, lideranças indígenas e do MST), do setor produtivo e de entes subnacionais, além de um encontro com o secretário-geral da ONU, António Guterres.
 

Lula foi acompanhado do presidente da COP30, André Corrêa do Lago, da ministra Marina Silva, do embaixador Maurício Lyrio e da CEO da conferência, Ana Toni.
 

A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, ponderou que, apesar do otimismo do discurso de Lula, as negociações da conferência ainda enfrentam grandes entraves.
 

"O presidente Lula falou como se a COP já tivesse terminado, mas ela não terminou", disse.
 

"Queremos mapas do caminho que sejam efetivamente planos de ação, tanto para superar os fósseis quanto para zerar o desmatamento. Precisamos mobilizar recursos para isso, e queremos que a defesa feita por Lula para que as petroleiras, mineradoras e os supericos ajudem a pagar a conta da transição energética seja de fato incorporada. Ou seja, precisamos ver tudo isso no texto final acordado por todos os países. Aí sim teremos motivos para celebrar", completou.

Compartilhar