Mega-ataque russo mata 16, e Polônia e Romênia mobilizam caças
Em mais uma noite de extrema violência na guerra aérea na Ucrânia, um mega-ataque russo deixou ao menos 16 mortos nesta quarta-feira (19) em uma importante cidade no oeste do país invadido em 2022. As vizinhas Polônia e Romênia mobilizaram caças e fecharam espaço aéreo temendo incursão de drones ou mísseis.
Desta vez, diferentemente de outras ocasiões, isso não ocorreu. Não que faltassem candidatos: Moscou lançou 524 drones e mísseis principalmente contra o oeste ucraniano. Em Ternopil, que fica a 120 km do centro regional de Lviv, um bloco residencial foi atingido diretamente.
Além dos mortos, há ao menos 64 feridos, 14 deles crianças, segundo a prefeitura. Kiev afirmou ter derrubado 442 dos 476 drones e 41 dos 48 mísseis lançados, com 14 pontos de impacto direto e 6 atin gidos por destroços.
O Ministério da Defesa russo afirmou que a ação era uma represália por "ataques terroristas" ucranianos contra seu território, mirando infraestrutura militar e energética. Toda as regiões do vizinho terão blecautes programados nesta quarta, e a distribuição de gás encanado está prejudicada —isso com as temperaturas no país chegando a zero grau Celsius.
Na via contrária, Kiev promoveu um ataque bastante simbólico contra Voronej, empregando mísseis de artilharia americanos ATACMS no limite de seu alcance de 300 km. Nunca eles haviam sido disparados tão longe.
A Rússia afirma que derrubou os quatro projéteis lançados. A Ucrânia afirmou terem sido nove, e que alguns atingiram alvos. A Ucrânia vem pedindo a aliados mais armas com alcance maior, como mísseis Tomahawk americanos, e o ataque é um lembrete das vulnerabilidades russas.
A tensão da noite levou a Romênia a colocar caças F-16 no ar, enquanto a Polônia fez o mesmo e ainda fechou os aeroportos e o espaço aéreo em Rzeszow e Lublin, no leste do país.
A tensão é especialmente grande com Varsóvia, que foi objeto de uma grande incursão de drones russos em setembro e no domingo (16) viu uma bomba explodir um pedaço da linha férrea que liga a capital à fronteira ucraniana.
O governo acusa a Rússia de ter usado na ação dois ucranianos, que fugiram para Belarus. Nesta quarta, o chanceler Radoslaw Sikorski elevou o tom em fala ao Parlamento, dizendo que o incidente foi "um ato de terrorismo de Estado" contra a Polônia.
Em retaliação, anunciou o fechamento do último dos três consulados russos ainda operação no país, em Gdansk (norte). O Kremlin, que nega a autoria e atribui a acusação a russofobia, afirmou lamentar a decisão e que haverá resposta proporcional contra a representação polonesa na Rússia.
Em outra frente de atrito com membros da aliança militar Otan, o Reino Unido disse que estuda "opções militares" se considerar que um navio de mapeamento submarino russo que está ao norte da Escócia "se tornar uma ameaça". Aeronaves foram enviadas para monitorar as ações da embarcação.
Em solo, a guerra segue pendendo para o lado russo. Batalhas encarniçadas ocorrem na região de Pokrovsk (leste), retirando forças de Kiev da frente de Zaporíjia (sul), onde Moscou tem feito avanços mais rápidos. Já Kupiansk (norte) está prestes a se tornar a primeira cidade de porte médio ucraniana a cair duas vezes em mãos russas no conflito.
Tudo isso se desenrola em meio à tentativa do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, de reanimar conversas de paz. Ele se encontra nesta quarta com o colega turco Recep Tayyip Erdogan, que tem boas relações com Vladimir Putin, e enviados americanos.
O Kremlin decidiu não mandar ninguém ao encontro. O porta-voz Dmitri Peskov também minimizou o relato do site americano Axios de que Donald Trump tem um novo plano, de 28 pontos, para acabar com a guerra. Segundo ele, não há novidades desde que o republicano cancelou uma nova cúpula com Putin, no mês passado.
