Papa Leão 14 devolve ao Canadá 62 artefatos ligados a povos indígenas
O Vaticano devolveu, neste sábado (15), 62 artefatos ligados aos povos indígenas do Canadá aos bispos católicos do país. Em comunicado, disse que a iniciativa é "um sinal concreto de diálogo, respeito e fraternidade".
O Papa Leão 14 determinou a transferência dos objetos à Conferência Canadense de Bispos Católicos após reunião com seus representantes, incluindo o presidente do grupo, o bispo Pierre Goudreault.
"A Conferência Canadense de Bispos Católicos procederá, o mais breve possível, à transferência desses artefatos para as Organizações Nacionais Indígenas (ONIs). As ONIs, por sua vez, garantirão que os artefatos sejam devolvidos às suas comunidades de origem", disseram os bispos canadenses.
Missionários católicos enviaram os artefatos a Roma por ocasião de uma exposição realizada em 1925 pelo papa Pio 11, que exibiu mais de 100 mil objetos. Quase metade deles posteriormente foi levada para o acervo do Museu Etnológico Missionário e foi transferida para os Museus Vaticanos na década de 1970.
A repatriação dos artefatos indígenas fez parte também das negociações entre a Igreja Católica e os líderes indígenas.
Em 2022, o falecido papa Francisco fez um pedido de desculpas histórico aos povos indígenas do Canadá, antes de sua visita ao país, pelo papel da Igreja Católica nos internatos nos quais muitas crianças sofreram abusos e foram enterradas em sepulturas sem identificação.
As escolas residenciais para indígenas funcionaram no país de 1831 a 1996, com financiamento do governo canadense e administração de várias denominações cristãs, principalmente a Igreja Católica.
A de Kamloops chegou a ser a maior escola residencial do Canadá, tendo em seu auge 500 alunos. Foi administrada por líderes católicos de 1890 a 1969, quando voltou ao controle do governo até ser fechada em 1978. Já a de Marieval funcionou de 1899 a 1997, antes de ser demolida dois anos depois.
Em 2015, a Comissão de Verdade e Reconciliação, grupo formado para investigar o que ocorria nessas instituições, definiu o sistema como "genocídio cultural". Os relatos são de que as crianças eram submetidas a violência, abusos, estupros e desnutrição. A estimativa oficial é de ao menos 4.100 mortes.
