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Marca Bahia Notícias

Notícia

PT disputa visibilidade na segurança pública e se contrapõe à direita com operações no Nordeste

Por João Pedro Pitombo e Marianna Holanda | Folhapress

Foto: Imagem Ilustrativa. Manu Dias/GOVBA

Uma semana após a operação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro, aliados do governo Lula (PT) nos estados iniciaram uma ofensiva em busca de visibilidade no campo da segurança pública, tema que deve ganhar centralidade no debate eleitoral para 2026.
 

Em meio a críticas da oposição e a uma união de governadores do campo conservador, petistas destacam a necessidade de fazer uma disputa de narrativa com a direita, que adota uma postura linha-dura neste campo e tem minimizado episódios de letalidade como o da ação policial no Rio.
 

A avaliação é que é possível fazer um discurso de combate implacável ao crime organizado, mas com ações baseadas em inteligência e investigação policial prévia, usando a força de forma proporcional, dentro dos limites da lei.
 

Na prática, contudo, governos petistas têm enviado sinais trocados à sociedade no debate sobre a segurança pública. Em estados como Bahia e Ceará, governadores andam se equilibram entre a defesa de ações policiais com letalidade e a preservação dos direitos humanos.
 

Nacionalmente, o governo Lula acendeu o alerta sobre o impacto da operação no Rio de Janeiro. Pesquisas qualitativas e quantitativas a que o governo teve acesso apontavam uma defesa da ação letal pela maioria da população.
 

Nesta terça-feira (24), o presidente Lula falou em matança ao se referir à ação policial no Rio de Janeiro e a classificou como desastrosa.
 

Um auxiliar do presidente criticou o uso do termo "matança", segundo ele correto, mas que deu munição à oposição. Há cerca de duas semanas, o ex-presidente disse que traficantes também eram vítimas e teve de se retratar.
 

Levantamento do Datafolha divulgado no último sábado (1º) mostrou que a megaoperação no Rio foi vista como um sucesso por 57% dos moradores da capital e da região metropolitana da cidade. Outros 39% pensam o contrário.
 

Diante desse cenário, o governo correu para entregar ao Congresso, na última sexta-feira (31) o PL Antifacção, que institui o tipo penal de "organização criminosa qualificada", com pena que pode chegar a 30 anos de prisão.
 

Secretário de Justiça e Direitos Humanos da Bahia, Felipe Freitas afirma ser possível enfrentar o crime organizado "sem deixar pilhas de corpos" em operações policiais.
 

Ele destaca que os governos progressistas não podem adotar um discurso semelhante ao da direita na segurança: "Política é disputar opinião pública, não repetir que a opinião pública diz. É preciso apresentar alternativas ao debate público até momento em que essas ideias se tornem majoritárias", defende Freitas.
 

O calendário eleitoral, contudo, joga contra e desperta preocupações na cúpula do governo federal. Um interlocutor do governo mais pessimista diz que o tema da segurança poderia apresentar, pela primeira vez, uma ameaça aos patamares da avaliação de Lula nas pesquisas, que vinha em rota de alta.
 

Um auxiliar do presidente destaca, contudo, que ele tem hoje três importantes trunfos para apresentar: o PL Antifacção; a PEC (Proposta de emenda à Constituição) da Segurança Pública; e as operações recentes da PF (Polícia Federal), mais notadamente a Carbono Oculto, além de ações nos estados.
 

Na Bahia, policiais lideraram nesta terça-feira (4) uma ofensiva contra integrantes do Comando Vermelho, com a prisão de 37 suspeitos e a morte de uma pessoa. Em outubro, uma megaoperação mirou um esquema de venda irregular de combustíveis em empresas com conexões com PCC (Primeiro Comando da Capital).
 

As ações foram celebradas pelo governo como um exemplo de ação policial baseada na inteligência. O próprio Lula foi um dos que comemoraram a ação nas redes sociais.
 

Entre aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT) o entendimento é que, pela primeira vez, a gestão conseguiu sair das cordas no campo da segurança pública.
 

A Bahia enfrenta um cenário grave na segurança com disputas entre facções criminosas. O estado lidera os indicadores de mortes violentas e de letalidade policial entre os estados em números absolutos. Entre janeiro e setembro, foram 1.252 mortes em ações policiais.
 

Ainda assim, na avaliação de petistas, as operações na Bahia podem ser vistas como um contraponto à do Rio de Janeiro. Também há expectativa de que as investigações do Ministério Público sobre o caso ainda possam demonstrar eventuais excessos e mudar a opinião pública.
 

Por outro lado, existe uma preocupação com o avanço das facções no Nordeste, território onde Lula tem eleitorado consolidado. A avaliação é que o cenário poderia criar um terreno fértil para candidaturas de direita. Além de Bahia e Ceará, citaram com preocupação o cenário no Rio Grande do Norte e partes de Pernambuco.
 

No Ceará, o governador Elmano de Freitas (PT) adotou um discurso que destoa de parte dos petistas. Na semana passada, ele exaltou uma ação policial que deixou sete suspeitos mortos em Canindé, interior do estado: "Nenhum policial morto. Nenhum inocente alvejado. A população protegida."
 

Enquanto isso, opositores dobraram a aposta no tema segurança e elevaram tom das críticas: "Infelizmente, nós não temos um governador que exerça a sua autoridade, que faça cumprir a lei e a ordem, que dê segurança ao cidadão", disse o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), potencial candidato ao governo da Bahia em 2026.
 

Na semana passada, governadores da direita prestaram solidariedade ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e anunciaram a criação de um "Consórcio da Paz". O fórum para discutir temas relacionados a segurança foi lançado com discursos em tom eleitoral e críticas aos governos petistas.

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