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Marca Bahia Notícias

Notícia

Governo Lula vê passo decisivo de Tarcísio para 2026, e bolsonaristas elogiam escalada de tom

Por Folhapress

Foto: Marco Galvão / Alesp

A fala neste domingo (7) do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi vista por bolsonaristas como um aceno à família Bolsonaro e à militância. Já integrantes do governo Lula (PT) a viram como um passo decisivo para que ele concorra à Presidência em 2026.
 

Em ato na avenida Paulista, em São Paulo, Tarcísio defendeu uma anistia "ampla e irrestrita", disse que Bolsonaro deveria ser autorizado a ser candidato em 2026 e que ele pode ser condenado sem nenhuma prova.
 

O governador também fez críticas ao STF e ao ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de "ditador" e falando em "tirania".
 

A avaliação entre aliados de Lula é a de que Tarcísio acena à militância e a integrantes da família de Jair Bolsonaro (PL) para se consolidar como herdeiro político do ex-presidente, num momento em que vinha sendo cobrado de infidelidade por esse grupo.
 

Dois integrantes do governo federal dizem que, com essas declarações, Tarcísio se afasta da imagem de que ele seria um político moderado. Seria uma sinalização que o governador faz num momento de "tudo ou nada" diante da proximidade da eventual condenação de Bolsonaro no Supremo.
 

Esses aliados de Lula também minimizaram o público nos atos bolsonaristas neste domingo, dizendo que há uma perda de mobilização. Além disso, disseram que a defesa do Governo dos Estados Unidos, num momento em que Donald Trump impôs uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros, é inadmissível.
 

No ato em São Paulo foi estendida uma grande bandeira do país americano.
 

Um interlocutor frequente do presidente da República afirma que com esses gestos, a direita bolsonarista se afasta dos interesses de grande parte da população ao abraçar o governo americano e não a melhoria na vida das pessoas.
 

Nas redes sociais, a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) disse que o governador foi "à manifestação pró-Trump defender os traidores da pátria e a impunidade de quem tramou um golpe contra a democracia".
 

"Precisa entender que 'tirania' é o que eles queriam impor ao país, não as decisões do STF no devido processo legal. E o que 'ninguém aguenta mais' são as ameaças da família Bolsonaro contra o país", escreveu a ministra em publicação nas redes sociais.
 

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), disse à Folha que o governador de SP "rasgou qualquer fantasia de moderado". "Ele assumiu o discurso da direita bolsonarista e anti-democrática. Ele vai pagar um preço altíssimo por isso."
 

Em post nas redes sociais, o deputado petista afirmou ainda que Tarcísio tentou intimidar Moraes num "ataque frontal ao STF, que pode configurar coação no curso do processo".
 

Aliados de Bolsonaro e do governador de São Paulo elogiaram a escalada de tom. Conhecido por ter um discurso mais conciliador, nas últimas vezes em que discursou, Tarcísio evitou citar nomes e buscava fazer um apelo para pacificação.
 

Agora, às vésperas de uma provável condenação de seu padrinho político no STF, o gesto à família Bolsonaro e à militância mais aguerrida do ex-presidente surpreendeu alguns aliados. Para eles, porém, essa era a hora.
 

Reservadamente, há divisão nas avaliações: uma parte diz que se trata de um estica e puxa, e o momento era de esticar; outra, de que poupar o STF não tem trazido os frutos esperados, então não seria tão grave se posicionar de forma mais incisiva neste momento.
 

A leitura é de que se o governador de São Paulo se equilibra entre o diálogo com ministros da corte e gestos para o bolsonarismo, no ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista era imprescindível que ele fizesse um gesto para a militância.
 

Um integrante do centrão minimiza o mal-estar que as declarações causaram entre integrantes do Supremo.
 

Ele diz que o governador precisa se consolidar como herdeiro político de Bolsonaro para conseguir os votos do bolsonarismo. Num segundo momento, já estabelecido candidato, ele poderá ajustar o seu discurso, sinalizando que não radicalizaria com o STF.
 

Tarcísio tem sido criticado por movimentações mais às claras do seu entorno para que ele seja sucessor de Bolsonaro, que está inelegível. Discutir isso em meio ao julgamento, porém, é encarado por parte da família e por apoiadores como deslealdade.
 

Por isso, o governador de São Paulo destacou em mais de um momento em sua fala que a direita tem um candidato em 2026: Jair Bolsonaro.
 

"Deixa Bolsonaro ir para urna, qual problema? Ele é nosso candidato", disse, sob aplausos.
 

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), apresentou uma nova versão, a mais abrangente de todas, do projeto de lei que concede anistia aos presos e condenados nos ataques golpistas de 8 de janeiro.
 

Nesse texto, estariam inclusos todos desde que foi instaurado o inquérito das fake news no STF, em 2019, e ficaria revertida a inelegibilidade de Bolsonaro. O projeto encontra resistência na Casa por ser muito amplo. Nos bastidores, a avaliação é a de que a chance de aprovação com essa amplitude é baixíssima.
 

O Palácio do Planalto trabalha para evitar a aprovação de uma anistia.
 

Um aliado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), diz que o parlamentar deve levar o tema a plenário, até como uma maneira de se livrar da pressão que vem recebendo tanto de governistas quanto de bolsonaristas. Por outro lado, reconhece que isso não deverá ocorrer agora justamente pelo tensionamento provocado pelo julgamento de Bolsonaro no Supremo.
 

Ele diz ainda que, se Motta discutir esse texto agora, após as declarações de Tarcísio, sinalizará que concorda com essa radicalização contra o Supremo --o que esse aliado diz que não compactua com a visão do presidente da Câmara.

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