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Marca Bahia Notícias

Notícia

Chanceler de Lula e ministro de Maduro discutem deslocamento de navios dos EUA para costa da Venezuela

Por Ricardo Della Coletta | Folhapress

Foto: Ricardo Stuckert / PR

O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, fizeram uma reunião nesta quinta-feira (21) em Bogotá, na Colômbia, na qual discutiram o deslocamento de navios de guerra dos Estados Unidos para áreas próximas à costa do país caribenho.
 

O encontro ocorreu no âmbito dos preparativos para a cúpula da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica), que ocorrerá na capital colombiana nesta sexta (22).
 

De acordo com pessoas a par da reunião, os dois ministros debateram principalmente assuntos comerciais entre Brasil e Venezuela, mas a segurança regional também entrou na pauta.
 

Na terça (19), em reação ao deslocamento dos três navios militares, o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que "nenhum império tocará o solo sagrado da Venezuela".
 

Já o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê o movimento americano como uma estratégia para aumentar a pressão sobre Maduro.
 

O Planalto também considera que a ação está dentro da lógica adotada pelo governo de Donald Trump de militarização do combate a organizações criminosas transnacionais e ao tráfico de drogas, algo que impacta outros países, como o México.
 

Existe forte incômodo entre aliados de Lula com a proximidade das embarcações e com declarações agressivas de autoridades de Washington, mas a avaliação, no momento, é a de que qualquer resposta sobre o caso deve ser dada com extrema cautela —entre outras razões pelo fato de o Brasil estar na mira do governo Trump com a imposição de tarifas e sanções.
 

Três destróieres americanos da classe Arleigh Burke, armados com sistemas de mísseis de ataque, devem se aproximar da costa da Venezuela como parte de um esforço para combater os cartéis de drogas da América Latina, segundo autoridades dos EUA.
 

Em paralelo à movimentação, a porta-voz do governo americano, Karoline Leavitt, afirmou na terça que o país usará "toda a força" contra o regime de Maduro.
 

No fim da última semana, a imprensa americana já havia informado que os EUA deslocariam mais de 4.000 fuzileiros navais e marinheiros para as águas da América Latina e do Caribe.
 

De acordo com um integrante do governo Lula que acompanha o tema, a avaliação no momento é a de que a movimentação americana não indica disposição para uma atitude extrema, como uma invasão.
 

Ele lembra que os EUA recentemente renovaram uma licença para que empresas americanas explorem petróleo na Venezuela. Mas o cenário é considerado delicado.
 

Na quarta-feira (20), o assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, disse em audiência na Câmara dos Deputados que a proximidade dos navios causa preocupação. Ele ainda defendeu o princípio da não intervenção.
 

O diagnóstico atual é o de que há poucas medidas que o Brasil possa tomar, a não ser manifestações de oposição à presença dos navios caso surjam fatos novos —como a hipotética incursão de embarcações em águas territoriais venezuelanas, por exemplo.
 

Em outra frente, a expectativa de aliados de Lula é que o tema seja discutido em conversas durante a cúpula da OTCA. O presidente brasileiro participará do evento.
 

A organização tem entre seus membros países que seriam diretamente afetados pelo aprofundamento da crise na Venezuela, caso de Colômbia e Peru, o que deve motivar que o assunto entre na pauta de discussão dos líderes.
 

De acordo com uma pessoa a par das tratativas, o Brasil atua para que os países da OTCA destaquem na declaração os esforços que estão sendo feitos no combate ao crime organizado na região amazônica.
 

A mensagem, de caráter simbólico, visaria fortalecer a ideia de que cabe às nações que compartilham o bioma a responsabilidade pelas ações de enfrentamento ao crime e ao tráfico na região —e não a potências extrarregionais, como os EUA.

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