Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

China deve enviar delegação reduzida à COP30 em Belém

Por NELSON DE SÁ Nelson de Sá | Folhapress

Foto: SETUR/GOV PA

Os organizadores da delegação oficial chinesa à COP30, em Belém do Pará, definiram que ela será formada por cerca de cem pessoas, de diferentes ministérios, encabeçados pelo Ministério do Meio Ambiente, apurou a Folha de S.Paulo.
 

Além dos enviados dos órgãos públicos, outros membros informais da comitiva, como empresários e patrocinadores, devem elevar o total a cerca de mil pessoas. Esse número é o mesmo que havia sido adiantado na semana passada pelo embaixador da China, Zhu Qingqiao, ao governador do Pará, Helder Barbalho.
 

Os cem integrantes da delegação oficial representam queda em relação aos 190 da COP29 em Baku, no Azerbaijão, e também em relação aos 219 da COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Não foi apresentado motivo para a redução.
 

Procurado, o diretor do Centro de Clima da China na Asia Society, Li Shuo, comentou que "ficaria muito surpreso se a China enviasse uma delegação superior a cem pessoas neste ano".
 

"Meu entendimento é que eles estão enfrentando os mesmos desafios de hotel que os outros", justificou Li, que comandou o Greenpeace em Pequim por uma década e foi o interlocutor da organização com a ONU. "Não vejo como seria possível que centenas deles pagassem centenas de dólares por noite para ficar por duas semanas."
 

Os problemas de acomodação em Belém, com preços exorbitantes, já levaram o presidente da Áustria, Alexander van der Bellen, a desistir de comparecer à conferência anual organizada pela ONU. Os custos, pelo que seu gabinete declarou ao canal estatal ORF, "não cabem no orçamento".
 

Também a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) precisou reduzir sua participação. A expectativa da entidade era reunir em Belém 6.000 indígenas de todo o país, mas o governo federal destinou uma área com capacidade para apenas 3.000.
 

Belinda Schaepe, analista de China no Centre for Research on Energy and Clean Air (Crea), instituição finlandesa sobre questões climáticas, aconselhou não exagerar no significado da redução na presença oficial chinesa. "Especialmente porque as duas últimas COPs foram as maiores da história e devido aos desafios logísticos de Belém", disse.
 

"O tamanho da delegação oficial não se relaciona necessariamente com o nível de engajamento ou influência da China na COP", acrescentou, lembrando que na COP26 a presença chinesa foi pequena, devido às restrições do país na pandemia, "e mesmo assim a China esteve muito ativa nas negociações".
 

A preocupação com Pequim se deve à esperança de que venha a liderar o esforço global, agora que os Estados Unidos do presidente Donald Trump abandonaram o Acordo de Paris —e a questão ambiental de maneira ampla.
 

"A China continua cautelosa em relação a assumir um papel de liderança", diz Schaepe. "É provável que destaque sua expansão de energia renovável e a fabricação de tecnologia limpa para os mercados internos e internacionais, o que considera uma contribuição significativa para acelerar a transição energética global."
 

Segundo ela, "a linha oficial permanece sendo que a China é um país em desenvolvimento, alinhado com o Sul Global e pressionando os países desenvolvidos em relação a finanças e responsabilidade".
 

Acrescenta, porém, que "há uma oportunidade para a China trabalhar em estreita colaboração com a União Europeia para assumir um papel de liderança conjunto, em estreita coordenação com a presidência brasileira".
 

Schaepe argumenta que "isso poderia ajudar a superar os diferentes interesses e pontos de discórdia entre países em desenvolvimento e desenvolvidos".
 

Sobre a questão de liderança, Li, da Asia Society, que é baseada em Nova York, acredita que a China "mostrará um forte apoio ao Brasil com base na relação bilateral positiva dos últimos anos".
 

Ressalta que "a maior contribuição chinesa não está restrita ao espaço da COP, mas no que está fazendo para desenvolver e implantar tecnologias limpas em casa e no exterior".

Compartilhar