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Marca Bahia Notícias

Notícia

Coordenadora do FNAC defende 'quilombismo' contra 'política de eliminação' dos negros

Por Jamile Amine

Foto: Adeloyá Magnoni / Divulgação

Criado como "Fórum Negro das Artes Cênicas”, em 2017, a partir das inquietações de estudantes negros e negras da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o evento chegou à sua terceira edição nesta segunda-feira (18), em Salvador, agora com um conceito mais ampliado (clique aqui e confira a programação completa). Alexandra Dumas, uma das coordenadoras do atual “Fórum Negro de Arte e Cultura” (FNAC), conversou com o Bahia Notícias sobre o projeto e a importância dele, não só no espaço acadêmico, mas também para desconstruir o racismo estrutural em toda sociedade. “É incontestável a presença, a força cultural negra na cidade de Salvador, no estado da Bahia e no Brasil, mas existe um desequilíbrio entre essa força cultural do cotidiano na sociedade e como ela está na universidade. Ainda são poucas pessoas, existem poucos professores e professoras negras, ainda há poucos conteúdos referenciais estéticos, então o fórum surge também como um espaço de encontro e tentativa de construir em atitudes pedagógicas e artísticas respostas para essa pergunta”, contextualiza.


“Ele é fruto de uma demanda e uma mobilização de estudantes da Escola de Teatro [da Ufba], que começam a reivindicar - principalmente estudantes negros e negras -, a presença negra, não só no corpo discente, mas também como reflexo na escola. Ou seja, nos currículos, no cotidiano das salas de aula, porque geralmente a universidade e a escola de teatro estão muito pautadas em referenciais eurocêntricos, desde a sua própria fundação”, lembra Dumas, explicando que a ampliação para outras áreas se deu pela percepção de que a invisibilização do negro não é algo restrito a apenas um campo. “Ao levantar essa questão, a gente percebe que ela não está exclusivamente nas artes cênicas, ela está em um contexto muito maior. Por isso essa ampliação, pela necessidade da gente também discutir essas questões nessas outras universidades, nesses outros espaços”, diz Dumas, sobre a nova formatação do fórum, que inclui também as escolas de Música, Belas Artes, o Instituto de Artes e Humanidades, além de parcerias com outras universidades, com atividades artísticas e debates de diversas áreas.


Diante do atual momento no país, no qual políticas afirmativas estão ameaçadas, Alexandra Dumas destaca a importância do encontro e de se discutir estratégias para a existência e resistência. “Eu acho que, principalmente nesse momento, a gente precisa se aquilombar. Ou seja, o combate precisa ser coletivo, a gente precisa se estruturar, se organizar coletivamente. Talvez o fórum tenha também essa pretensão, de ser um espaço de encontro e de reflexão, mas também de elaboração de estratégias.  Nós precisamos até nos voltar para os nossos ancestrais. Entender como, por exemplo, as Comunidades Quilombolas resistiram com toda política de eliminação dessas pessoas e dessas culturas. Como o Candomblé ainda existe, com toda política ainda hoje presente de eliminação, como os povos indígenas ainda conseguem existir diante de toda uma política de eliminação desses grupos, dessas práticas culturais”, defende. Confira a entrevista completa na coluna Cultura.

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