Com personagens LGBTQ, Serrado defende que ‘Crô’ não precisa levantar bandeiras
Apesar de abusar de personagens, expressões típicas e piadas com estereótipos de gays, lésbicas e transsexuais, o filme “Crô em Família” estreia nesta quinta-feira (6) sem pretensão nenhuma de levantar qualquer bandeira em defesa de LGBTQ’s. Em conversa com o Bahia Notícias, Marcelo Serrado, ator que interpreta o personagem central da sequência do filme de 2013, afastou a possibilidade do longa defender qualquer causa.
“O Crô ser gay não é uma questão no filme. Essa é a história de um personagem que, por acaso, é gay”, comentou Serrado ao responder se o filme também incluiria LGBTQS na produção, direção e elenco. Em “Crô em Família”, o estilista, que ficou conhecido após a sua participação na novela global “Fina Estampa”, fica à mercê das intenções duvidosas de supostos parentes depois um término turbulento.
“A gente não levanta a bandeira LGBTQ no filme, apesar dela estar lá levantada. As crianças amam Crô e ele é um filme que está acima de qualquer suspeita”, completou Serrado sobre questões de diversidade ligadas à sequência.
PINK MONEY
Para o cientista social e pesquisador em cultura e sociedade Danilo Cardoso, apesar de ainda não existirem dados concretos sobre o poder de consumo da população LGBTQ no Brasil, o interesse pelo dinheiro que vem do abuso da imagem de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e outros participantes da sigla deve ser questionado na produção. “O problema é que as empresas e atores pensam apenas no faturamento e esquecem as consequências. As máscaras caem”, comentou o pesquisador.
O potencial monetário que advém da representação de questões ligadas a gênero e sexualidade ficou conhecida, recentemente, como Pink Money - dinheiro rosa, em tradução livre. “A fala de Serrado deixa claro que mesmo no fazer artístico não é possível se colocar no lugar do outro e sentir suas dores como se fossem as dele. É necessário ter consciência do privilégio para saber usá-lo em favor dos que não o tem”, comentou Cardoso sobre a possível exploração do Pink Money em “Crô”, sem aproveitar o espaço para ajudar quem sofre preconceitos. “‘Levantar a bandeira’ não é uma questão de escolha, e sim de responsabilidade”, completou o pesquisador.