Nação Zumbi celebra 20 anos de Afrociberdelia: 'Ainda somos a banda que começamos ali'
Para comemorar os 20 anos de lançamento de "Afrociberdelia", segundo álbum de Chico Science e Nação Zumbi, a banda sai em turnê pelo país e, para ter mais tempo de organizar o show na cidade natal, Salvador foi escolhida para a estreia. "Bom estar começando por aí, cidade vizinha, chão vizinho. A Baía de Todos os Santos é um bom começo, bom chão para começar, para nos abrir os caminhos da sorte", afirma Jorge du Peixe, vocalista do grupo pernambucano, em entrevista ao Bahia Notícias. A banda se apresenta neste sábado (12), às 21h, no Largo Pedro Archanjo, no Pelourinho.
Considerado o 18º entre os 100 melhores álbuns brasileiros pela revista Rolling Stone, "Afrociberdelia" consagrou Chico Science e o movimento do manguebeat. "É o nosso segundo disco. São dois discos importantes, tanto "Da Lama ao Caos", que foi nosso primeiro, mas ele é um pouco mais gruvado", explica o músico. Lançado em 1994, o álbum de estreia da banda está ainda melhor posicionado no ranking: é o 13º melhor disco, embora seja o segundo trabalho do grupo que traga os maiores hits, como "Maracatu Atômico" e "Manguetown". "A gente usou mais tecnologias, mas também não perdemos toda a ideia que a gente tinha de descobrir as tradições de Pernambuco e da ideia da diáspora africana também. Tem muita africanidade, tudo isso aliado a elementos eletrônicos, uso de samples, de colagens e tal. Por isso, a gente usou o termo 'Afrociberdelia'", complementa.
Os dois álbuns foram os únicos na discografia de nove discos e dois DVDs lançados pela banda que contam com a participação do líder Chico. Com uma passagem curta, mas marcante, Francisco de Assis França Caldas Brandão é até hoje a maior referência para público e críticos quando se fala em Nação Zumbi. "Chico era um cara muito dinâmico, ele tinha essa coisa de aglomerar as pessoas e em 97 com o falecimento, a banda ficou ali, foi um baque muito grande. Passamos 97 inteiro sem fazer nada", lembra du Peixe. Os amigos se conheceram ainda na adolescência, antes de seguirem carreira na música. "Conheci o Chico bem antes dele conseguir fazer o que ele queria fazer, que era música, e ele conseguiu chegar onde tinha que chegar. O voo seria bem mais alto, mas infelizmente o acidente de 97 impediu. Mas a gente não poderia parar. Se tem uma pessoa que ficaria muito incomodada com isso, seria ele. É o que a gente saber fazer e gosta de fazer. Louvando sempre a memória e a cada subida no palco impondo reverência", enfatiza, descartando qualquer possibilidade de uma separação.
Nesta turnê, além de du Peixe, a banda se apresenta com Lúcio Maia, Dengue, Pupilo, Toca Ogan, Gustavo da Lua e Tom Rocha. Desde dezembro de 2015, o percussionista Gilmar Bola 8 deixou o grupo. Através de uma publicação no Facebook, o músico afirmou ter sido expulso pela empresária da banda (leia mais aqui), já a versão do grupo é de que a iniciativa de sair partiu do próprio Bola 8. "Ele quis sair e saiu. A gente se limita a falar até aqui porque são problemas mais internos mesmo. Quando as coisas não se afinam, desafinam. Quando desafinam, tem que se dar um parecer final. Ninguém é inimigo de ninguém", conclui o vocalista.
Afinados, os sete músicos não se deixam afetar pelas críticas e comparações em relação ao trabalho atual. "São épocas distintas, mas eu costumo dizer que ainda é a banda, ainda somos a banda que começamos ali. No que diz respeito a cultura, a perspectiva musical", defende du Peixe. O músico explica que as mudanças de estilo nos álbuns são intencionais, já que desde o início eles buscavam experimentações musicais. "A diferença é importantíssima, a gente jamais vai querer fazer um álbum parecido com o outro. Eu acho que a diferença mostra evolução e maturidade musical. As pessoas acham que Chico estaria fazendo aquilo eternamente, mas muito pelo contrário", ressalta.
Mas a turnê não é a única comemoração prevista para o aniversário de Science. Sua vida e obra serão revistas no documentário "Chico Science, um Caranguejo Elétrico", exibido pelas filiais da Rede Globo no Nordeste, também no sábado (12). Salvador, no entanto, fica de fora. "Foi oferecido a Globo aí de salvador e alguém daí disse que não tinha muito a ver. Engraçado que o que a gente tem de público em Salvador contraria esse ponto de vista", lamenta du Peixe. Dirigido por José Eduardo Moglioli, o filme narra a trajetória de vida do músico dentro da cena do Movimento Mangue, de Recife.
Show Nação Zumbi - Afrociberdelia 20 anos
Considerado o 18º entre os 100 melhores álbuns brasileiros pela revista Rolling Stone, "Afrociberdelia" consagrou Chico Science e o movimento do manguebeat. "É o nosso segundo disco. São dois discos importantes, tanto "Da Lama ao Caos", que foi nosso primeiro, mas ele é um pouco mais gruvado", explica o músico. Lançado em 1994, o álbum de estreia da banda está ainda melhor posicionado no ranking: é o 13º melhor disco, embora seja o segundo trabalho do grupo que traga os maiores hits, como "Maracatu Atômico" e "Manguetown". "A gente usou mais tecnologias, mas também não perdemos toda a ideia que a gente tinha de descobrir as tradições de Pernambuco e da ideia da diáspora africana também. Tem muita africanidade, tudo isso aliado a elementos eletrônicos, uso de samples, de colagens e tal. Por isso, a gente usou o termo 'Afrociberdelia'", complementa.
Os dois álbuns foram os únicos na discografia de nove discos e dois DVDs lançados pela banda que contam com a participação do líder Chico. Com uma passagem curta, mas marcante, Francisco de Assis França Caldas Brandão é até hoje a maior referência para público e críticos quando se fala em Nação Zumbi. "Chico era um cara muito dinâmico, ele tinha essa coisa de aglomerar as pessoas e em 97 com o falecimento, a banda ficou ali, foi um baque muito grande. Passamos 97 inteiro sem fazer nada", lembra du Peixe. Os amigos se conheceram ainda na adolescência, antes de seguirem carreira na música. "Conheci o Chico bem antes dele conseguir fazer o que ele queria fazer, que era música, e ele conseguiu chegar onde tinha que chegar. O voo seria bem mais alto, mas infelizmente o acidente de 97 impediu. Mas a gente não poderia parar. Se tem uma pessoa que ficaria muito incomodada com isso, seria ele. É o que a gente saber fazer e gosta de fazer. Louvando sempre a memória e a cada subida no palco impondo reverência", enfatiza, descartando qualquer possibilidade de uma separação.
Nesta turnê, além de du Peixe, a banda se apresenta com Lúcio Maia, Dengue, Pupilo, Toca Ogan, Gustavo da Lua e Tom Rocha. Desde dezembro de 2015, o percussionista Gilmar Bola 8 deixou o grupo. Através de uma publicação no Facebook, o músico afirmou ter sido expulso pela empresária da banda (leia mais aqui), já a versão do grupo é de que a iniciativa de sair partiu do próprio Bola 8. "Ele quis sair e saiu. A gente se limita a falar até aqui porque são problemas mais internos mesmo. Quando as coisas não se afinam, desafinam. Quando desafinam, tem que se dar um parecer final. Ninguém é inimigo de ninguém", conclui o vocalista.
Afinados, os sete músicos não se deixam afetar pelas críticas e comparações em relação ao trabalho atual. "São épocas distintas, mas eu costumo dizer que ainda é a banda, ainda somos a banda que começamos ali. No que diz respeito a cultura, a perspectiva musical", defende du Peixe. O músico explica que as mudanças de estilo nos álbuns são intencionais, já que desde o início eles buscavam experimentações musicais. "A diferença é importantíssima, a gente jamais vai querer fazer um álbum parecido com o outro. Eu acho que a diferença mostra evolução e maturidade musical. As pessoas acham que Chico estaria fazendo aquilo eternamente, mas muito pelo contrário", ressalta.
Capa do disco | Imagem: Divulgação
Mas a turnê não é a única comemoração prevista para o aniversário de Science. Sua vida e obra serão revistas no documentário "Chico Science, um Caranguejo Elétrico", exibido pelas filiais da Rede Globo no Nordeste, também no sábado (12). Salvador, no entanto, fica de fora. "Foi oferecido a Globo aí de salvador e alguém daí disse que não tinha muito a ver. Engraçado que o que a gente tem de público em Salvador contraria esse ponto de vista", lamenta du Peixe. Dirigido por José Eduardo Moglioli, o filme narra a trajetória de vida do músico dentro da cena do Movimento Mangue, de Recife.
Show Nação Zumbi - Afrociberdelia 20 anos
Data: Sábado (12)
Local: Largo Pedro Archanjo, Pelourinho
Horário: 21 horas
Ingressos: R$30 (meia-entrada) e R$60 (inteira)