Panorama: Coordenador comenta filme 'Brasil S/A' exibido nesta terça na Mostra Nacional
Emblemático que Marcelo Pedroso comece tudo pelo mar. Passados 500 anos, continuamos em uma espécie de “marcha civilizatória” empreendida pelo homem branco. Séculos se passaram e tudo mudou... mas, tudo continua do mesmo jeito.
O capital é glamouroso, sedutor e performático. As escavadeiras são um show em si. Desfilam, levantam seus braços, dançam e são conduzidas por uma bela mulher de biquíni. Mas, enquanto sonhamos em voar e alcançar a lua, a bem da verdade não deixamos, ainda, a lavoura arcaica de ranços escravocratas.
Os rostos sofridos da população, que apela aos deuses em busca de alento, atestam o fracasso. A economia desenvolvimentista repete em voz baixa a máxima “Esse é um pais que vai para frente. E o carro zero km mal sai da garagem do prédio e já enfrenta engarrafamento.
Brasil S/A é uma obra política, consciente e aberta. Pedroso dá continuidade a algo que começou no curta “Em Trânsito”, mas vai além. Em termos políticos e cinematográticos. De imagem e som poderosos, é um filme para ser visto no cinema. Coitado de quem está doido para baixar e ver “Brasil S/A” na tela pequena do computador.
O filme será exibido às 20h40 desta terça-feira (4), junto com os curtas "E", de Alexandre Wahrhaftig, Helena Ungaretti e Miguel Antunes Ramos; e "Com Fome no Fim do Mundo", de Marcus Curvelo. Os diretores dos curtas conversarão com o público após a sessão.