Apresentado como o mais novo produto turístico de Salvador, o Festival Artes do Sagrado pretende movimentar a capital baiana, entre os dias 10 e 21 de abril, ao promover uma programação diversificada, integrada por visitação a museus e igrejas, roteiros gastronômicos, concertos de música erudita e popular, corais e, claro, a encenação do espetáculo “A Paixão de Cristo”. O evento não está em sua primeira edição, mas foi apresentado na manhã desta quinta-feira (3) pela Prefeitura de Salvador como um “novo projeto”. “O Festival Artes do Sagrado já foi desenvolvido, não é inédito, mas é um novo projeto. Não porque criamos coisas novas, mas porque o potencializamos”, afirmou o secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani.
Grande aposta do evento, o espetáculo da “Paixão de Cristo” será encenado, pela primeira vez, em um espaço aberto: o Farol da Barra. Assim como nas edições anteriores, cada espectador deverá levar dois quilos de alimentos não perecíveis e trocar por um ingresso. Todo o material arrecadado será encaminhado às Obras Sociais Irmã Dulce (Osid) – nesta edição, o evento homenageará o “anjo bom da Bahia”, que completaria 100 anos em maio. Segundo o diretor Paulo Dourado, cerca de cinco mil cadeiras serão instaladas no local. “O palco será montado em frente à Cabana da Barra. As cadeiras serão colocadas em toda a área do Farol. Tem gente que acha que cinco mil não serão suficientes. Eu não acredito que a gente vá lotar desse jeito, mas se lotar haverá telões e espaços laterais disponíveis para as pessoas ficarem em pé”, detalhou. Mais uma vez, o ator baiano Jackson Costa dará vida a Jesus Cristo. “Assim como a história de Jesus é desconhecida, o Festival Artes do Sagrado também era desconhecido, porque estava confinado a espaços fechados. Este ano, as pessoas não precisarão ser convidadas, elas vão se sentir dentro do próprio evento; passarão de espectadores a participantes e essa é a tônica da política cultural do município”, completou Bellintani.
Além da mudança de local da apresentação, a incorporação de um roteiro gastronômico também é uma novidade deste ano. “Insisto em um quê de heresia nesse roteiro, já que a Semana Santa deveria ser um momento de jejum. Aqui, temos muito isso de almoços fartos em família. No ‘Santos Sabores’, grandes restaurantes ofertam um cardápio especial a preços diferenciados neste período”, explicou Paulo Dourado que, além de dirigir “A Paixão de Cristo”, é diretor geral do festival.
O prefeito ACM Neto, que marcou presença na apresentação do festival à imprensa, destacou a necessidade de consolidação do turismo religioso na cidade. “A arte sacra é um dos principais apelos para a visitação das cidades européias. Quando a gente olha para o Brasil, poucas cidades têm a riqueza de Salvador neste quesito. Temos de repensar o turismo religioso aqui. Nossas igrejas devem ser lugar de visitação, não podem ficar fechadas. Tenho conversado com Dom Murilo Krieger, que também se mostra receptivo a essas questões, sobre isso”. Para Neto, não há exemplo no Brasil próximo ao que a prefeitura pretende fazer em Salvador. “Nosso paradigma não é o Brasil, e sim as cidades européias, que têm igrejas mais bonitas, museus mais bem equipados e estruturados. Estamos preparando o Santuário de Irmã Dulce, que será integrado à praça recém-inaugurada e posteriormente anexado ao que chamados de Corredor Religioso, que vai de Roma ao Bonfim”, adiantou. Dentro do calendário de eventos de Salvador, a Semana Santa é terceira maior em movimento de turistas; perde somente para o Réveillon e o Carnaval.
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