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Artigo

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Eu não acredito em Salvador

Por Camilo Telles

Em um momento que estamos vendo um renascimento da nossa cidade, seria importante revelar um fato: eu não acredito em Salvador. Eu não acredito em Salvador como mercado.

Acreditar em Salvador como mercado é se contentar com menos de 1% do PIB brasileiro. Eu não gostaria que nossos líderes empresariais e políticos se satisfizessem com 1% do PIB brasileiro.

Vemos muita discussão sobre balança comercial nacional ou estadual. A diferença do que exportamos e importamos.  Eu nunca vejo a mesma discussão para a esfera municipal.

E podemos, para o planejamento da nossa cidade, fazer uma analogia com o que aconteceu entre China e Brasil. Em 1978 a China tinha 1 bilhão de habitantes e o Brasil tinha 100 milhões de habitantes. Teoricamente o mercado interno da China era 10 vezes maior que o brasileiro.

De lá para cá a economia brasileira cresceu 12 vezes e a chinesa 45 vezes. Alguns vão dizer que a diferença é resultado do regime autoritário existente naquele país, o que não é verdade, pois o regime autoritário existe desde a
Revolução de 1949. E de 49 até 78 a China não foi reconhecida pelo seu crescimento econômico.

A diferença essencial é que a China, a partir de 1978, foi orientada a competir globalmente para conquistar mercados externos. É a mesma lógica que foi utilizada pela Coréia do Sul. Os chineses e os sul coreanos não confiaram no mercado interno. E é a mesma lógica que devemos aplicar na nossa cidade.

Temos que pensar que o Brasil é um mercado externo a ser alcançado, que devemos exportar para o Brasil tendo Salvador como base de produção.
Caso não tenhamos este racional, da mesma forma que algumas indústrias brasileiras foram dizimadas com a entrada de concorrentes chineses, empresas maiores, com ganhos de escala vindo do resto do país, irão pressionar o nosso mercado local.

Neste sentido, eu não desejo uma reserva de mercado de uma prefeitura de Salvador ou de um governo de Estado. Eu desejo que sejam incentivadas e atraídas empresas que tenham receita fora da cidade e injetem este dinheiro na nossa economia, contratando gente aqui e demandando serviço local. Que torne a nossa economia mais forte e sofisticada. Não faz sentido dar desconto de ISS para empresas que tem um mercado eminentemente local ou já competitivas. É um incentivo tributário sem lógica.

A atitude da prefeitura em incentivar a cultura e criar um calendário de festas é um excelente primeiro passo. Amplia a permanência do turista na cidade e aumenta a demanda por novas visitas. Cultura e turismo em Salvador é um produto internacionalmente competitivo e que está mal explorado. É a primeira etapa de uma possível reinvenção da estrutura econômica da cidade.


Camilo Telles é CEO da Agilize Contabilidade Online e sócio na MTM Tecnologia

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