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Artigo

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O Brasil não pode ser forte lá fora se continua fraco dentro de casa

Por Carlos Brasileiro

Foto: Divulgação

Ver o Brasil reagindo com firmeza às ameaças de Donald Trump, que tomou a iniciativa de taxar nossa economia por motivações que não lhe dizem respeito, reacende em muitos brasileiros um sentimento quase esquecido: o orgulho nacional. A resposta do governo foi correta. O país precisa, sim, ser respeitado no mundo. Mas a pergunta que fica é: e aqui dentro? Quem vai defender o povo brasileiro das ameaças diárias que enfrenta no próprio quintal?

 

Nos últimos meses, vimos algo importante nascer: um movimento pela taxação dos super-ricos – bilionários, bancos, casas de apostas. Ganhou força nas ruas, nas redes e até no Palácio do Planalto. É uma conquista. Mas, se o dinheiro arrecadado continuar indo para onde sempre foi, para remunerar a dívida pública, os juros abusivos e os privilégios de poucos, de que adiantou tudo isso?

 

A conta continua chegando no mesmo lugar: no bolso de quem trabalha, de quem empreende, de quem vive da própria força. A maioria da população sente isso no dia a dia. Gente que abre a geladeira e a vê vazia, que tenta um crédito e é recusada, que paga imposto em tudo, mas não tem escola boa, posto de saúde decente nem segurança no bairro.

 

Enquanto a maior parte do orçamento do Brasil for engolida por juros altos e dívidas impagáveis, o Estado continuará servindo aos de cima. E as promessas de mudança ficarão só no discurso.

 

Sabe por quê? Porque a economia do Brasil foi montada para funcionar como um grande tubo de sucção: o dinheiro que entra com esforço do povo sai limpo e gordo para o andar de cima. É uma máquina que transfere riqueza de baixo para cima. Quem tem muito, ganha ainda mais. Quem tem pouco, paga mais caro por tudo.

 

Tem algo errado quando o Brasil, com toda sua riqueza, ainda é um país onde milhões vivem sem dignidade. Quando o crédito para comprar um carro ou investir num pequeno negócio é mais caro aqui do que na maioria dos países do mundo. Quando o orçamento da saúde e da educação cresce menos que o pagamento da dívida.

 

O Brasil precisa ser forte lá fora, sim. Mas precisa ser justo aqui dentro. Soberania não é só enfrentar os Estados Unidos. É enfrentar os interesses que mandam por trás do balcão dentro do Brasil. É não aceitar que a gente continue trabalhando tanto para ver tão pouco em troca.

 

Esse debate não é abstrato. É sobre o preço do feijão, a conta de luz, o ônibus lotado, o filho sem creche, o jovem sem perspectiva. A política tem que voltar a falar dessas coisas. E tem gente preparada para isso.

 

*Carlos Brasileiro é advogado e presidente da Juventude Socialista do PDT da Bahia

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias

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