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Artigo

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A desintegração da base de Rui Costa

Por Rodrigo Daniel Silva

Foto: Acervo pessoal

Do ponto de vista político, o governador Rui Costa presencia neste momento a situação mais delicada desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. A possibilidade de desintegração da base política do petista é real e põe em risco o projeto político do PT na Bahia. O apoio do PDT e do PL à candidatura de Bruno Reis à prefeitura soteropolitana abre o caminho para que os partidos deixem o grupo governista e se alinhem de uma vez à ala democrata, culminando no futuro em um possível endosso ao desejo de ACM Neto de chegar ao governo em 2022. 

 

Recuando-se no tempo, sabe-se que siglas, que estavam na base de Rui Costa, decidiram apoiar a saída de Dilma do Palácio do Planalto e dar sustentação ao sucessor. A impopularidade de Temer (claro, paralelamente a boa avaliação do governador baiano), no entanto, impediu que houvesse uma migração dos deputados correligionários do petista para a banda dos adversários. Na época, o presidente emedebista tinha como aliado ACM Neto no estado, mas, sem força política, jamais exigiu que os parlamentares rompessem com Rui. 

 

Desta vez, não está fácil a vida do governador. A pandemia da Covid-19 estraçalhou as contas do governo estadual. Estima-se uma perda de mais de R$ 3 bilhões de receitas na Bahia. Sem recursos, o que oferecer aos correligionários? Nem só de palavra vive os seguidores, mas também de pão e água. E tudo que está ruim, pode piorar. Enquanto tem assistido à crise nacional do PT, Rui Costa vê a popularidade do opositor, o presidente Jair Bolsonaro, subir na região Nordeste. 

 

Se a força política de Bolsonaro ampliar na Bahia (difícil, mas não impossível), não duvide que ele obrigue os seus deputados aliados, que também estão na base de Rui, a romperem com o grupo petista. Aliás, Jonga Bacelar, que hoje serve aos dois senhores, já disse acreditar no crescimento da boa avaliação do presidente da República. “Bolsonaro é um cara popular, de centro direita. Ele fala o que o povo gosta, com espontaneidade e simplicidade”, afirmou, dando pistas de que pode ficar apenas de um lado político. Visto que ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará a um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará a outro. 

 

É bem verdade que Rui mantém a popularidade em alta, mas será suficiente para permanecer com o grupo político unido diante do crescimento da boa avaliação de Bolsonaro também? O governador não quer que o PDT e o PL apoiem Bruno Reis, mas não tem muito o que oferecer as legendas para evitar a aliança. Os cargos e os recursos federais se evaporaram desde 2016, e os estaduais estão quase todos comprometidos. 

 

As agremiações partidárias querem dar sustentação a chapa do democrata, sem romper com o chefe do Executivo baiano. Todavia, se Rui Costa pressionar as siglas para barrar o aval ao candidato de ACM Neto, pode provocar uma ruptura imediata. Ao mesmo tempo, ao permitir o apoio ao grupo do DEM, o governador irá fortalecer os adversários. Em ambos os casos, ao abrir a porteira para saídas de aliados, ele pode dar brecha para passar a boiada. Se quiser impedir que a base se desmanche no ar, o petista terá que manter os cristais entre algodão. Dizia um velho político que pior do que lutar com aliados, é lutar sem eles.

 

*Rodrigo Daniel Silva é jornalista e mestrando no PósCom/Ufba

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias

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