Carreiras FTC: A obsolescência da palavra 'sempre'
Outro dia, ao inquerir uma jovem advogada sobre o futuro da sua profissão, me dei conta da dificuldade que as pessoas enfrentam para enxergar as mudanças que ocorrem ao seu redor. Nesta oportunidade, a garota explanou com convicção que, no Direito, sempre existirão juízes, promotores e que as transformações em curso não devem alterar muito a estrutura já consolidada. Perguntei qual teria sido a sua resposta se, há alguns meses, fosse questionada sobre uma possível extinção do Ministério do Trabalho.
Agora mesmo, ao zapear pela internet enquanto escrevo essa coluna, duas reportagens me chamam a atenção. A primeira manchete diz que na Estônia robôs já podem substituir Juízes. A segunda destaca que a profissão de fotógrafo entrou para a lista das 25 piores nos EUA. Nos comentários, uma leitora declara que o olhar do fotógrafo sempre será preponderante diante do que os smartphones nos proporcionam.
Por que ainda temos dificuldade em associar mudanças relevantes no macroambiente ao desenvolvimento de novos processos, hábitos e culturas? Já não é tempo de entender o modo como as transformações impulsionadas pelas inovações tecnológicas podem abalar as estruturas dos mercados vigentes? Por que é tão difícil aceitar que, para reagir ao novo, faz-se necessário sair da zona de conforto?
Na semana passada, um vídeo produzido pela BBC sobre a Revolução Industrial 4.0 viralizou nas redes sociais. Em sua narrativa, a análise de que os carros autônomos se tornarão acessíveis já nos próximos anos desdobra-se em uma série de informações: companhias automobilísticas tradicionais (empresas gigantes no mundo inteiro) estão à beira de um colapso diante de companhias emergentes; o número de carros diminuirá fazendo com que a necessidade de termos muitas ruas e avenidas também diminua e isso resignificará as cidades; jovens não precisarão mais de carteira de habilitação; o índice de acidentes automobilísticos reduzirá drasticamente acabando, em grande medida, com o negócios das seguradoras. Você conhece algum tipo de corretor de seguro, por exemplo, que já esteja se preparando para essa realidade latente?
Hoje, o meu desafio para você é: dedique um pouco do seu tempo para analisar com calma e profundidade o contexto envolto na sua área profissional. Busque leituras de fontes confiáveis na internet sobre o futuro de sua profissão. Identifique em que posições um dispositivo tecnológico pode substituir um grupo de trabalhadores. Vá além, estabeleça conexões em sua área específica com toda a sua cadeia produtiva. Um detalhe! Durante o processo, pegue a palavra “sempre” erisque do seu dicionário. O sempre é inimigo da disrupção.
Esteja atento. Prepare-se para o novo. O preço a pagar por um pequeno descuido em nossa carreira pode ser caro demais.
* Alessandra Calheira é Líder do Setor de Carreiras da Rede FTC
* Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias