Nery fala do surgimento da Central do Carnaval e nega crise na venda de seus abadás
Se a palavra de ordem em todo o mundo é crise, então Nery deve viver em outro planeta. Se alguns empresários estão “com a mão na cabeça” por conta das vendas de seus abadás, Nery tem motivos de sobra para sorrir. E se você acha os produtos da Central do Carnaval caros, Nery vai lhe fazer mudar de opinião. Porque foi assim durante toda a entrevista que concedeu à Coluna Holofote. Com muita inteligência e perspicácia, Joaquim Nery - conhecido carinhosamente como “Quinho Nery” pelo público em geral, sócio da maior empresa de carnaval de Salvador, a Central do Carnaval, e de alguns dos maiores e melhores blocos e camarotes da cidade – respondeu a cada uma das perguntas sem fazer rodeios e sempre dando uma justificativa plausível para tudo. Uma verdadeira aula aos empresários do carnaval e a nós, meros expectadores e consumidores desse universo. Nesta entrevista, Nery conta desde o surgimento da Central do Carnaval até seus planos de expansão para esta empresa que já surpreende por ter crescido de forma tão acelerada. Sobre o “boato” de que a crise teria afetado a Central, Nery avisa categoricamente: “ Não tem nenhuma situação com crise”.
"A Central do Carnaval acabou sendo um 'bochicho' na cidade"
Coluna Holofote: Como foi que surgiu a Central do Carnaval?
Joaquim Nery: A Central do Carnaval surgiu no ano de 2000 e, na realidade, ela veio como conseqüência de algo que estava sendo construído nos anos anteriores, onde a estrutura do bloco Camaleão, que sempre foi uma estrutura premiada no carnaval de Salvador, ela, no ano de 1999, foi procurada pelo bloco Beijo, para que nós fizéssemos a venda do bloco naquela oportunidade e isso era pra gente um desafio, então, nós aceitamos fazer a venda do bloco Beijo dentro da estrutura do Camaleão. Só que aí a gente começou a ver que nós tínhamos três blocos para vender, que era o Camaleão, o Nana Banana e o bloco Beijo e nós conseguimos transformar isso num sucesso.
CH: E de que forma vocês transformaram isso num sucesso?
JN: No ano seguinte, que foi no ano 2000, nós fomos procurados por dois outros blocos com a mesma proposta, que foi o Crocodilo e o Acadêmicas, que queriam, também, que nós fizéssemos a venda deles. Então, de repente, a estrutura do Camaleão tinha para vender o Camaleão, o Nana Banana, o Beijo, o Crocodilo e o Acadêmicas. E isso fez com que a gente começasse a pensar numa forma de vender esses cinco produtos. E a forma que nós achamos mais interessante foi tornar possível combinar a venda dos produtos através de um sistema que permitisse ao folião comprar produtos quaisquer, em dias quaisquer, com atrações diferentes, também. E assim surgiu a idéia da Central do Carnaval. Aí, nós desenvolvemos o sistema para tornar isso possível, essa venda combinada, e a partir do sistema veio a idéia da marca “Central do Carnaval”. Naquela oportunidade nós convidamos um sexto bloco para compor o conjunto, que foi o Cerveja & Cia. E aí nós tínhamos seis blocos para vender dessa forma combinada.
CH: Antes, não se vendia blocos com o folião livre para escolher quais dias ele queria sair e onde sair. Como foi a receptividade do público, o resultado desse projeto inovador da Central do Carnaval?
JN: O resultado foi muito bom, porque acabou sendo um “bochicho” na cidade sobre o que foi a Central do Carnaval, teve um resultado efetivo de venda muito legal e isso fez com que ela pudesse crescer nos anos seguintes. Então, no primeiro ano, por exemplo, nós tivemos seis blocos e esse ano, nós estamos indo para o carnaval 2009, são 9 anos de Central do Carnaval, nós estamos com 27 blocos e 10 camarotes na estrutura da Central.
CH: Quando você diz “nós”, quem é que compõe esse “nós”?
JN: A Central do Carnaval é uma empresa que tem dois parceiros nossos, que é a “Camaleão Produções” e a “Mazana Produções Artísticas”. Esses são os dois sócios da Central do Carnaval.
CH: A gente sabe que, com a proximidade do carnaval, as vendas “bombam”. Mas a Central do Carnaval funciona o ano todo. Como ela se mantém?
JN: Primeiro que o carnaval hoje, ele roda o ano inteiro. Apesar de ser um evento concentrado no verão, a parte de comercialização e desenvolvimento de produtos, ela se dá o ano inteiro. Então, desde quando termina o carnaval, a gente já está começando a fazer as vendas do carnaval do ano seguinte e começando a criar as estratégias dessas vendas e, independente disto, existe uma empresa coligada à Central do Carnaval, que é a “Cara Caramba Produções Artísticas”, que é uma produtora de eventos. Então, a “Cara Caramba” demanda, também, muitos eventos para a Central do Carnaval. Eventos, muitos deles ligados ao axé music, mas também outros, de outros estilos. Então, a gente faz parcerias de shows, eventos, praticamente o ano inteiro.
CH: E no carnaval? Como são os preparativos para atender a essa demanda tão grande?
JN: Primeiro, o grupo de colaboradores cresce muito. A gente trabalha durante o ano com 120 colaboradores, em média, e esse número, nas vésperas do carnaval, ele chega a 650 colaboradores envolvendo apenas a área de pré-produção, produção e atendimento ao público. Então, o número cresce muito e surge uma série de outros setores dentro do núcleo da empresa para cuidar de cada área específica.
CH: A gente está ouvindo falar muito em crise e, em meio a isso, surgiu um “boato” de que a Central do Carnaval também estaria sentindo os efeitos dessa crise financeira, através da redução das vendas dos abadás. A crise tem afetado a Central do Carnaval, de fato?
JN: Por enquanto, não. O carnaval fica dependendo muito desses próximos 15 dias, porque, como ele tem uma venda final muito forte, então, nos próximos 15 dias, tudo pode mudar. Mas a análise comparativa que a gente faz de quantos dias ainda faltam para o carnaval, ela ainda é muito positiva. A gente está vendendo, este ano, algo em torno de 10% a mais do que no carnaval do ano passado e o que a gente observa nos entornos – porque a gente tem que fazer essas avaliações – é que, por exemplo, a rede hoteleira, ela está muito satisfeita com as reservas para o carnaval; a passagem aérea, você não encontra mais para vir nem para voltar nos entornos do carnaval. Então, são sinais muito positivos, sinais de que as pessoas virão para cá. A gente acha que pode ter havido até um fenômeno muito interessante, que é, com a alta do dólar, ter havido uma inversão de fluxo do turismo.
CH: Como assim?
JN: Com o dólar mais caro, o cidadão baiano que, no ano passado teve a chance, por exemplo, de viajar para o exterior, ele talvez não vá esse ano, fique por aqui e ficando por aqui, ele vai acabar consumindo o carnaval. Ou mesmo os turistas nacionais, de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, que também tinham opção de fazer uma viagem ao exterior, mas, de repente, este ano, possam optar por uma viagem aqui mesmo, dentro do Brasil e aí Salvador é um dos principais destinos. E isso pode ter um resultado mais positivo para o carnaval.
CH: O bloco Camaleão sempre foi o carro-chefe da casa, mas parece que este ano não deslanchou, visto que, apenas o domingo de carnaval esgotou. A que você acha que isso se deve, então? Para você isso não é um reflexo da crise?
JN: Não tem nenhuma situação com crise, até porque, no ano passado, o comportamento também foi esse. O que aconteceu com o Camaleão, na realidade, é que nós tivemos dois anos seguidos (2006 e 2007) de um fortíssimo ataque especulativo ao Camaleão. Isso, hoje, a gente avalia que tem muito a ver com o surgimento da Central do Carnaval.
CH: Explique melhor isso...
JN: A Central do Carnaval, quando ela surgiu, ela tornou possível a venda individualizada por dia. Então, antes, por exemplo, o Camaleão, ele tinha 3 mil foliões e eram 3 mil que compravam os 3 dias de Camaleão. Com a Central do Carnaval, como ele pode comprar apenas um dia de Camaleão e dois dias de outros blocos e o Camaleão é um bloco mais caro, muitos foliões fazem isso: compram um dia de Camaleão e dois de outro bloco. Então, para compor os três dias, você acaba tendo um número maior de pessoas, que degustaram o bloco. Então, o que aconteceu? Isso começou a acontecer no ano 2000, então, a partir da Central do Carnaval, começou a acontecer isso no ano 2000. Então, do ano 2000 em diante, o universo de degustadores do produto Chiclete com Banana e do Camaleão aumentou muito e isso foi uma onda crescente, que teve o seu ápice em 2006/2007. Veio junto com isso uma onda especulativa. Como havia uma forte valorização do abadá do Camaleão, houve uma onda especulativa de cambistas em cima dos produtos Camaleão. A partir de 2007, nós criamos novos sistemas de vendas, que acabou desinibindo isso. Por exemplo, um controle por CPF – a gente só vende dois abadás por CPF – e isso acabou desestimulando essa onda especulativa. Tanto que no ano passado também, o Camaleão esgotou, mas só esgotou na semana do carnaval e é o que vai acontecer este ano também. Nós já esgotamos o domingo, a segunda, possivelmente esta semana também estará esgotada e, na próxima semana, a terça-feira deve acabar, também.
CH: Então, o Camaleão continua sendo o carro-chefe da casa?
JN: Continua. Os produtos do Chiclete com Banana: o Camaleão, o Nana Banana, o Voa-Voa são os produtos mais demandados, porém, tem outros produtos fortes, como a Timbalada, que tá muito bem esse ano, o Eva também, o Balada do Jammil está muito bem esse ano, também.
CH: Agora, você não acha que essa redução nas vendas dos abadás tem relação, também, com os valores dos blocos de carnaval?
JN: A gente não está sentindo redução de vendas de abadás. E o valor dos blocos, há alguns anos não se altera. O Camaleão, por exemplo, esses preços estão aí há 3 anos. Então, não tem havido alterações significativas. Poucos blocos tiveram aumento de preço. A Timbalada esse ano teve um aumento pequeno, mas poucos blocos tiveram aumento de preço. Os camarotes até tiveram mais valorização do que os blocos, porque é um mercado que ainda é elástico e permite uma expansão, até por ser uma coisa mais recente do que os blocos.
CH: Mas, sinceramente, você acha que esses valores se adéquam ao padrão de vida das pessoas, em especial, dos baianos?
JN: Você tem numa gama de blocos, por exemplo, da Central do Carnaval, produtos que variam de R$ 85,00 o ticket/dia a um produto de R$ 840,00 o ticket/dia. Então, você tem uma elasticidade de preço muito grande e essa elasticidade está muito relacionada com a própria característica do produto, a qualidade do produto, o custo que você tem de produção efetivo, o custo de banda e assim por diante. Então, você tem preços diversos. Não dá para a gente fazer isso como se fosse uma coisa só. Então, existem produtos acessíveis: tem blocos de preços mais acessíveis e tem blocos mais caros. Curiosamente, os mais vendidos são os mais caros. Não porque sejam os mais caros, e sim porque, efetivamente, são os mais demandados.
"O camarote trouxe uma complementação ao bloco e não uma concorrência"
CH: E, na sua opinião, esse “boom” dos camarotes representam alguma ameaça aos blocos? Os blocos podem ser extintos com a entrada, cada dia mais forte, dos camarotes?
JN: Não. A avaliação que a gente faz também não é essa. A gente não acredita que o camarote concorra com o bloco. A gente acha que o camarote, ao contrário, ele possue um outro perfil de público. Ele trouxe, primeiro, o público que já estava saindo do bloco, porque o bloco acaba sendo um produto de público muito jovem. Então, a faixa etária, por exemplo, acima dos 35 anos, ela já vai tendendo a sair do bloco e, à medida que ela vai saindo do bloco hoje, ela tem a opção de ir para o camarote. É o cara que gosta da festa, gosta da folia, mas ele não quer mais ficar no chão. Então, ele tem no camarote uma opção alternativa. Então, a gente acha que o camarote trouxe um outro público: um público de faixa etária mais alta, o camarote tem também um público família e pessoas que vem de fora, turistas que não querem se aventurar no chão. A gente acha que ele trouxe uma complementação e não uma concorrência.
CH: Mas quando os camarotes surgiram com força total, vocês não sentiram uma queda, significativa ou não, de público dos blocos?
JN: Não. Na verdade, no carnaval, você tem um universo de um número “X” de blocos e em todos os anos sempre foi assim: desse número “X”, você tem uma quantidade de blocos bem sucedidos. Por exemplo: num universo de 30 blocos, você tem 10 deles que são bem sucedidos e outros que sofrem pra sair. Às vezes um bloco tem uma performance muito boa num ano, no ano seguinte ele diminui a performance e isso sempre foi assim. A chegada do camarote não mudou esse status quo, ele manteve essa estrutura, não houve grandes mudanças, não.
CH: E sobre os valores cobrados para os camarotes, Nery? O que você acha deles?
JN: O camarote do Nana, por exemplo, ele tem um serviço diferente dos outros camarotes e por isso que ele é mais demandado, também. Por exemplo, a gente está falando de esgotar. O produto que a gente tem esgotado hoje aqui é o Camaleão, depois do Camaleão a gente tem a sexta-feira, o sábado e a terça-feira do camarote Nana já estão esgotados. Então, dos seis dias do camarote do Nana, três já estão esgotados. Então, ele é um camarote que tem um serviço espetacular de alimentação, de bebida, além das atrações e atividades internas que ele possue. Isso aumenta muito. Por isso que os camarotes tem diferenças de preços tão significativas, porque aumenta muito o custo de um camarote. Então você tem camarotes, por exemplo, que não tem nenhum tipo de serviço incluso e tem camarotes all inclusive. O Nana é um camarote all inclusive. Independente de ser all inclusive, ele é um all inclusive de qualidade, então, por isso que o ticket médio dele é bem mais caro que o de outros camarotes que existem.
CH: Você tem o controle do tipo de público que consome os produtos do Chiclete com Banana?E aí eu me refiro tanto a blocos quanto a camarotes. Porque, na verdade, eu queria saber quem prevalece nesse público: baianos ou turistas?
JN: Depende muito do produto. O bloco Camaleão, ele tem, aproximadamente, hoje, 60% de baianos e 40% de turistas. Já o bloco Nana Banana, ele inverte essa relação: são 60% de turistas e 40% de baianos. O camarote do Nana também é um produto que tem mais baianos que turistas, entre 60 e 70% de baianos...
CH: Nery, eu insisto: mesmo com esses números, você não acha que os valores dos camarotes e produtos do Chiclete com Banana vão muito de encontro com o custo, o padrão de vida, em especial dos baianos, ainda mais nesse tempo de crise?
JN: É o seguinte, Fernanda: existem produtos de todos os preços. Assim como os blocos, tem camarotes de todos os preços. Aqui na Central a gente tem camarote de R$ 100,00 e o camarote do Nana está R$ 590,00. Então, tem pessoas que não podem consumir os de R$ 590,00, então, consome os de R$ 100,00. Então, existem produtos com preços variados. O preço é formatado em função de custos, em função da qualidade do produto que estamos dando, da qualidade do serviço e em função de uma perspectiva empresarial e, claro, de demanda, também. Não adianta nada você formatar um preço que você não venda, né isso? A lógica de preço e produto, ela tem um comportamento que se adéqua na relação de oferta e procura. Então, por exemplo, o camarote mais vendido que existe da nossa estrutura é o camarote do Nana. O bloco mais vendido é o Camaleão. Coincidentemente, são os produtos mais caros. Vou repetir: não que sejam mais vendidos por serem mais caros e sim, por serem os produtos de maior qualidade, que tem os melhores serviços e assim por diante.
CH: Quando eu lhe faço essa pergunta, Nery, eu quero chegar no ponto de que: existe uma tendência devido a esses preços exorbitantes, por mais qualitativo que sejam os produtos, mas você não acha perigoso que o carnaval acabe perdendo sua característica de ser uma festa popular direcionada a todos, mas principalmente ao povo baiano?
JN: Não, não. São aqueles dados que eu lhe dei: o camarote do Nana, por exemplo, tem mais baianos que turistas, só que, claro, são baianos de maior poder aquisitivo, que tem condições de consumir um produto com esse ticket, entendeu? Existem outros produtos, por exemplo, dos camarotes que a gente vende aqui, como o camarote Via Folia, que é um camarote mais barato, que também tem mais baianos que turistas, só que é um outro perfil de público baiano. É um perfil de público baiano com o poder aquisitivo um pouco menor.
CH: Desde o ano passado que Bell Marques começou a fazer um show dentro do camarote do Nana e esse ano vai repetir a dose...
JN: Vai, vai... Ele vai na sexta, no sábado e no domingo, três dias. No ano passado ele também foi três dias. Ele tinha prometido ir num dia só, mas acabou indo três. E esse ano ele vai repetir os três.
CH: De quem partiu essa idéia, Nery?
JN: Foi dele mesmo. Do próprio Bell.
CH: Mas foi algo espontâneo ou tinha algum objetivo por trás?
JN: Bell, na realidade, no ano passado, como o ano passado era 30 anos do Camaleão, ele queria fazer disso uma homenagem ao Camaleão, então, ele começou a brincadeira dizendo isso, que no dia que o Camaleão fosse desfilar na Barra, que era o domingo, ele iria ao camarote para homenagear o Camaleão de dentro do camarote. Ele queria tocar para o bloco de dentro do camarote. Só que depois, ele mesmo evoluiu isso e disse: “pô, como é que eu vou para o camarote do Nana no dia do Camaleão? Eu tenho que ir no dia do Nana, também”. Aí, ele acabou avançando e achando que ele tinha que ir todo dia. Então, todos os dias que ele desfilou na Barra, com exceção do dia do Voa-Voa, ele foi no camarote.
CH: Mas você acredita que isso também foi um diferencial frente à concorrência? Você sentiu as vendas aumentarem com isso?
JN: Claro. Sentimos, sentimos. Foi um fator diferencial. Esse é um dos fatores diferenciais. A presença do Chiclete, ela é esperada. Mas também, existem outros diferenciais. Por exemplo, a gente faz um link via rádio do trio elétrico para o camarote, que o folião do camarote do Nana, nos dias que tem o Chiclete na Barra, ele passa duas horas tocando ao som do Chiclete, como se ele estivesse dentro do bloco. Então, quando o bloco está lá no Ipiranga, o som do trio já toca dentro do camarote com a qualidade perfeita, como se fosse o trio elétrico dentro do camarote. E vai assim até o bloco terminar. Aí, o DJ dentro do camarote, ele só diminui o som quando tem uma atração na frente. Quando a atração sai, ele solta Chiclete com Banana de novo. E isso dá um nível de satisfação grande.
"Não é nossa intenção ampliar o Camaleão na Barra para os outros dias"
CH: Agora, por que houve a mudança do desfile do bloco Camaleão da avenida para a Barra, no domingo de carnaval?
JN: Nós fizemos o ano passado, pela primeira vez, como experiência e vamos repetir esse ano e existe uma tendência de que a gente continue na Barra mesmo, no domingo. E o que aconteceu com o Camaleão é que o domingo de Camaleão na avenida era um dia de muita pressão, porque, primeiro, é o dia mais forte do carnaval, é o dia que é feriado, por exemplo, para as cidades circunvizinhas, então vem muita gente do Recôncavo para cá, o volume de público no domingo aumenta muito e, além disso, a avenida tinha um dia de maior pressão... Esse era um motivo. O outro motivo era que havia, de fato, uma demanda de foliões que queriam ver o Camaleão na Barra, que eram fãs do Camaleão, mas que havia provocado isso e o ano passado, para comemorar os 30 anos a gente fez a experiência, que foi bem sucedida, a gente está repetindo esse ano... Acho que é uma situação que não tem volta. A gente continua no domingo, na Barra. Mas também, não é nossa intenção ampliar para os outros dias, porque a gente tem aquele folião que quer a avenida de qualquer maneira. Então, a idéia é de que a gente continue a segunda e a terça na avenida e o domingo na Barra.
CH: Mas o valor no domingo, já que diminui o percurso, o tempo, porque o circuito Dodô é menor que o Osmar, o preço do Camaleão no domingo de carnaval diminue também?
JN: O valor continua o mesmo da segunda e terça. Não é nem a questão do tempo é que o percurso, ele é mais estreito, sobretudo na Carlos Gomes. A descida da avenida é até tranquila, não tem problema, o Chiclete é uma banda que atrai muita multidão externa, mas a descida na avenida é super tranquila, não tem problemas até a Praça Castro Alves. O problema é que a gente tinha uma enorme pressão na subida da Carlos Gomes, sobretudo, no domingo.
CH: Vocês espalharam lojas da Central do Carnaval por todo canto da cidade e em pontos sempre muito estratégicos, como Aeroporto, Pelourinho, shoppings... Vocês pretendem expandir isso ainda mais? Montar uma loja em mais alguma localidade ou já está bom e vão parar por aí?
JN: No momento, não. Esse ano a gente abriu dois projetos, que foi o Aeroporto e uma loja nova no Iguatemi, a gente mudou de piso no Iguatemi. A gente já tinha uma loja no 2º piso e passamos para o 3º piso e esse foi o investimento previsto para este ano. Para o próximo ano, a gente ainda está estudando a possibilidade de ter uma loja na Praia do Forte, mas ainda é uma discussão interna, não está certo que ela virá, mas existe essa chance, sim.
CH: Em Salvador a gente sabe que existe Feira de moda, de automóveis, de imóveis, tudo quanto é feira, mas Feira do carnaval... Que novidade é essa?
JN: A idéia era o seguinte: o evento entrega de abadás, ele acaba sendo um evento de grande porte, porque, como a gente concentra na Central do Carnaval a maioria dos blocos e a maioria dos camarotes, pelo menos, os mais importantes, você tem uma presença de um público muito grande que, obrigatoriamente, precisa passar por lá, pelo evento entrega de abadás. No ano passado nós recebemos 90 mil pessoas lá no Centro de Convenções e esse número é o número que a gente espera receber esse ano, também. Então, no ano passado, quando nós fomos para o Centro de Convenções, como lá tem uma infra-estrutura maior, um espaço maior, nós tivemos a oportunidade de colocar alguns stands de parceiros/patrocinadores, então, houve um stand da Smirnoff, um da Ford, outro da Fábrica de Óculos e isso despertou a idéia de que a gente poderia fazer algo um pouco mais organizado e melhor, porque a gente achou que muitas empresas poderiam ter interesse naquele público. Ao mesmo tempo é um evento que ele não é auto-sustentável, é um evento que não tem receita, ele é só despesa, o evento entrega de abadás. Então, a idéia era possibilitar com a feira, também, uma captação de recursos que desse sustentabilidade ao evento. E aí, na construção da idéia veio uma idéia de fazer uma feira de exposição de empresas que tenham interesse naquele público. Então, nós criamos, o Pedrinho da Rocha fez a marca, que chama-se “Carnaval Business Show” e a gente vai estar lá esse ano com 15 parceiros expositores.
CH: Mas como isso vai funcionar, exatamente? É como uma feira mesmo e a pessoa pode adquirir um determinado produto ou o stand estará ali apenas para “aparecer”, em caráter de divulgação mesmo?
JN: Na feira, você tem um pouquinho de cada coisa: tem stands que estão ali para comercializar e já tem empresas que vão apenas demonstrar o seu produto. Então, você tem desde parceiros que tem marcas fortemente ligadas ao carnaval, como a AMBEV, através da marca Skol, até parceiros que tenham interesse comercial na feira. Por exemplo, você vai ter a Litoral Norte, que é uma fábrica de confecções e eles vão ter uma estrutura bacana lá de customização de abadás, que é uma coisa que as pessoas procuram muito e que vai gerar receita. O Forró do Bosque, também, ele vai estar com um stand lá, já vendendo, divulgando o Forró do Bosque de junho. Já o Sartre COC vai estar lá apenas demonstrando o produto que ele tem da Faculdade COC. Então, tem de tudo.
Por Fernanda Figueiredo