Estudo aponta que ibuprofeno e paracetamol podem aumentar resistência a antibióticos
Por Redação
Medicamentos populares utilizados pelos brasileiros como anti-inflamatórios e analgésicos foram associados à resistência a remédios antibióticos por uma pesquisa da Universidade do Sul da Austrália (UniSA). O ibuprofeno e o paracetamol são citados no levantamento com outros sete medicamentos, que variam entre remédios para tratamento de pressão alta, redução de colesterol, problemas de sono, diabetes e congestionamento nasal
No primeiro estudo desse tipo, pesquisadores descobriram que o ibuprofeno e o paracetamol não apenas aumentam a resistência aos antibióticos quando usados individualmente, mas também a amplificam quando usados juntos.
Os pesquisadores avaliaram a interação de medicamentos não antibióticos, o antibiótico de amplo espectro ciprofloxacino e a Escherichia coli (E. coli) — uma bactéria comum que causa infecções intestinais e do trato urinário — e descobriram que o ibuprofeno e o paracetamol aumentaram significativamente as mutações bacterianas, tornando a E. coli altamente resistente ao antibiótico.
A pesquisadora principal, professora associada da UniSA, Rietie Venter, diz que as descobertas levantam questões importantes sobre os riscos da polifarmácia (uso de múltiplos medicamentos), principalmente no atendimento a idosos, onde muitas vezes vários remédios são administrados regularmente.
“Os antibióticos são vitais há muito tempo no tratamento de doenças infecciosas, mas seu uso excessivo e incorreto generalizado levou a um aumento global de bactérias resistentes. Isso é especialmente prevalente em instalações residenciais de cuidados para idosos, onde eles têm maior probabilidade de receber prescrição de vários medicamentos, tornando-se um ambiente ideal para a proliferação de bactérias intestinais resistentes a antibióticos”, explica Venter.
De acordo com reportagem do “O Globo”, os pesquisadores revelaram que quando as bactérias foram expostas à ciprofloxacina juntamente com ibuprofeno e paracetamol, desenvolveram mais mutações genéticas do que com o antibiótico isolado, o que as ajudou a crescer mais rápido e a se tornarem altamente resistentes.
Preocupantemente, as bactérias não só se mostraram resistentes ao antibiótico ciprofloxacina, como também foi observada uma resistência aumentada a vários outros antibióticos de diferentes classes.
O estudo avaliou nove medicamentos comumente usados em cuidados residenciais para idosos: ibuprofeno (analgésico anti-inflamatório), diclofenaco (anti-inflamatório para tratar artrite), acetaminofeno (paracetamol para dor e febre), furosemida (para tratar pressão alta), metformina (para tratar altos níveis de açúcar associados ao diabetes), atorvastatina (ajuda a reduzir o colesterol e as gorduras no sangue), tramadol (analgésico mais forte após a cirurgia), temazepam (usado para tratar problemas de sono) e pseudoefedrina (descongestionante).