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Jovem trans destaca importância da família no processo de reconhecimento de identidade

Por Ailma Teixeira

Gabriel (à direita) e o irmão | Foto: Arquivo Pessoal

É notório que o processo de descoberta de identidade de gênero para pessoas transexuais atravessa muitas dificuldades. A aceitação e o convívio nos ambientes sociais, de trabalho e, principalmente, no âmbito da família podem ser fundamentais para a pessoa que vive essa transformação, como foi o caso do jovem Gabriel Giffoni, de 25 anos. Em entrevista ao Bahia Notícias, ele conta que procurou primeiro seu irmão, amigos mais próximos e em seguida seus pais. "Houve relutância no começo, mas aí minha mãe veio e começou a conversar comigo: 'Eu quero que você entenda que eu tenho meu tempo'. E eu tenho consciência de que não é fácil, ela teve uma filha por 24 anos, sei que é um processo, que ela tem que se adaptar, mas o ponto chave é a pessoa querer. A partir do momento que ela entendeu, ela começou a se abrir, eu comecei a mostrar que eu não estava sozinho. No começo, ela falou que ia sofrer muito com as mudanças, só que eu falei que era uma coisa gradativa", lembra Giffoni.

 

Foto: Reprodução / Facebook Gabriel Giffoni

 

O jovem conta que as descobertas tiveram início na adolescência, quando ele pensava ser uma garota lésbica e, desde aquela época, seu irmão e sua mãe estiveram do seu lado. "Eu sempre tive uma relação muito boa com a minha mãe. Ela tem 65 anos e desde que eu assumi pra ela que eu gostava de mulher, e que ela não aceitando estava me fazendo mal, então ela resolveu tirar o preconceito de que isso era muito errado, começou a pesquisar sobre e aí começou a me entender", comemora. A aceitação materna não veio de forma imediata, mas ao perceber como o filho se sentia mal sem o apoio, a mãe cedeu. Já o irmão, quatro anos mais novo que Giffoni, manteve a naturalidade com a qual reagiu quando o primogênito se assumiu como uma mulher lésbica. "Ele falou que nunca me viu de uma forma feminina", acrescenta. Para ajudar a mãe a compreender o processo, Gabriel apresentou vídeos e filmes que retratam o assunto, como “A Garota Dinamarquesa”. Inspirado em uma história verídica passada em 1926, o filme conquistou algumas indicações ao Oscar.

 

Gabriel compartilha manifestação de apoio da mãe na internet | Foto: Reprodução / Facebook Gabriel Giffoni

 

Com a perspectiva de que o suporte de parentes e pessoas próximas se mostra essencial para confortar o processo de mudança da pessoa trans, o psicólogo Joaquim Moura recomenda que as famílias sempre sejam integradas ao processo de acompanhamento dos pacientes. O profissional, que dirige a Clínica Fênix, em Lauro de Freitas, explica que quando o paciente enfrenta uma questão interna com os parentes, eles recorrem à terapia familiar. Já quando se trata de uma questão específica, ele prefere chamar a família para um processo de psico-orientação. "Esse é um procedimento padrão, no sentido tanto de uma pessoa que vai lá porque está com um problema com o marido, com os pais, o irmão. Até porque, se isso não ocorre, a gente faz um trabalho com o paciente, ele volta pra casa e adoece. Então a gente precisa do apoio da família", exalta Moura. Há quatro anos lidando com casos como o de Giffoni, Moura estima que a clínica já recebeu cerca de 20 pessoas trans e seus familiares.

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