Presidente do CMS sugere subnotificação dos casos de zika por falta de atendimento em UPAs
Por Estela Marques
Os casos de zika vírus podem estar subnotificados na capital baiana. A sugestão é do presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS), Marcos Sampaio, durante entrevista ao Bahia Notícias nesta segunda-feira (29), que deve se reunir com a Secretaria Municipal de Saúde e o Ministério Público para discutir a atenção básica da saúde. A possibilidade de subnotificação foi levantada após visitas a Unidades de Pronto Atendimento de Salvador, além da percepção de que a superlotação impede o atendimento à população. “A gente suspeita que há subnotificação de zika, chikungunya e dengue, porque a população, por não ser atendida, está se automedicando, se auto tratando, e não tem sequer notificação. Isso aumenta o número de crianças que poderão nascer com microcefalia”, declarou Sampaio. Segundo o presidente, foi observado que há idosos ocupando leito de uma UPA há mais de 20 dias, quando o tempo máximo de permanência, conforme legislação, deveria ser 24 horas. “Encontramos na UPA Hélio Machado uma paciente de 90 anos com doença crônica, que aguardava regulação há dois dias. Outro, na UPA do Parque São Cristóvão, com diagnóstico de tuberculose, e aguarda regulação para o Hospital Couto Maia há 30 dias, ou seja, quase o mesmo período que a UPA tem de funcionamento, haja vista que foi inaugurada em 12 de janeiro”, exemplificou. O conselheiro sugere que seja rediscutido o processo de expansão da rede de atenção básica e que seja feito concurso para agente de saúde, além da valorização das visitas domiciliares, para evitar que idosos tenham que se deslocar até as unidades de saúde. “Cerca de 70% dos óbitos, inclusive da pessoa idosa que chega na UPA, são mortes evitáveis. Tem paciente na UPA de São Cristóvão que já tem 30 dias com quadro de tuberculose em sala de isolamento. O quadro dele está evoluindo. Se ele vier a óbito, poderia ter sido evitado, caso ele fosse encaminhado para unidade no perfil que ele precisa”, continuou. As mortes evitáveis também serão pauta na reunião entre os órgãos e, segundo Sampaio, o CMS pedirá que o Ministério Público investigue os motivos dessas mortes e averiguar se não há genocídio da população idosa.